Cette thèse, sur la base de la théorie énonciative d’Émile Benveniste et de la dimension anthropologique du discours qu’on peut en déduire, explore le mode dont l’étudiant – à travers le passage d’une instance d’enseignement à l’autre –, à partir de l’occupation d’une nouvelle position dans la société, révèle une position de locuteur renouvelée dans le discours. Pour développer cette possibilité d’approche, on propose, d’abord, une brève incursion dans des études du champ de l’Anthropologie, afin d’élaborer une notion non théorique du passage qui considère le changement d’un lieu social à l’autre. Ensuite, on entreprend un itinéraire de lecture des textes benvenistiens, en prenant comme guide l’article Structure de la langue et structure de la société (BENVENISTE, 1968/2006), qui permet de situer, à partir de l’inclusion du parlant dans son discours, l’individu comme participant à la société, en l’enlaçant par la langue/le langage. Tenant en compte cet itinéraire, on élabore une notion théorique de passage qui considère l’indissociabilité entre l’homme et le langage et la relation mutuelle entre individu et société par la langue-discours. Des fondements théoriques qui soutiennent la proposition de cette thèse, on passe aux fondements méthodologiques, qui rendent possible l’analyse des faits linguistiques consistant à des récits issus de deux interlocutions orales avec une étudiante participant au Programme d’Appui à la Licence de l’Université Fédérale du Rio Grande do Sul et de deux textes écrits par cette étudiante, la dissertation de l’examen d’entrée à l’université et une nouvelle dissertation à partir du même sujet. L’analyse de ces faits révèle que, en raison de l’instauration de l’étudiante dans des nouvelles positions dans les instances d’enseignement où elle est insérée, sont produits des changements dans ces rapports à l’autre, à la langue qui comporte la culture, ce qui se reflète dans des nouvelles positions de locuteur dans le discours, en leur rendant possible de se constituer dans la double nature, individuelle et sociale, que le langage fonde chez l’homme. Le chemin entrepris dans ce travail permet de conclure qu’il devient possible, par le discours, de regarder avec l’Énonciation au-delà de l’énonciation. Voilà comment la dimension anthropologique du discours peut être entrevue dans la théorie du langage d’Émile Benveniste. / Esta tese, com base na teoria enunciativa de Émile Benveniste e na dimensão antropológica do discurso que dela se pode depreender, explora o modo como o aluno – pela passagem de uma instância de ensino a outra –, a partir da ocupação de uma nova posição na sociedade, revela uma renovada posição de locutor no discurso. Para desenvolver essa possibilidade de abordagem, propõe-se, primeiro, uma breve incursão em estudos do campo da Antropologia, a fim de elaborar uma noção não teórica de passagem que considera a mudança de um lugar social a outro. Em seguida, empreende-se um itinerário de leitura dos textos benvenistianos, tomando como guia o artigo Estrutura da língua e estrutura da sociedade (BENVENISTE, 1968/2006), o qual permite situar, pela inerente inclusão do falante em seu discurso, o indivíduo como participante na sociedade, enlaçando-o pela língua(gem). Levando em conta esse itinerário, elabora-se uma noção teórica de passagem que considera a indissociabilidade entre homem e linguagem e a relação mútua entre indivíduo e sociedade pela língua-discurso. Dos fundamentos teóricos que sustentam a proposta desta tese, passa-se aos fundamentos metodológicos, que viabilizam a análise dos fatos linguísticos, que consistem em relatos oriundos de duas interlocuções orais com uma aluna participante da oficina de Língua Portuguesa do Programa de Apoio à Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e de dois textos escritos por essa aluna, a redação do Concurso Vestibular (UFRGS/2014) e uma nova redação a partir da mesma proposta do Vestibular. A análise desses fatos revela que, em virtude de a aluna instaurar-se em novas posições nas instâncias de ensino em que está inserida, produzem-se mudanças em suas relações com o outro e com a língua, que comporta a cultura, o que se reflete em novas posições de locutor no discurso, possibilitandolhe constituir-se na dupla natureza, individual e social, que a linguagem fundamenta no homem. O percurso empreendido neste trabalho permite concluir que se torna possível, pelo discurso, olhar com a Enunciação para além da enunciação, ou seja, olhar para as atividades significantes do homem na sociedade e para o modo como ele nela se situa na e pela linguagem. Eis como a dimensão antropológica do discurso pode ser entrevista na teoria da linguagem de Émile Benveniste.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/150321 |
Date | January 2016 |
Creators | Knack, Carolina |
Contributors | Silva, Carmem Luci da Costa |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0043 seconds