Este trabalho se propõe a analisar sociologicamente a incorporação e transmutação pela Igreja Católica de um dos mais candentes temas da atualidade: a questão ecológica. A análise contou com o uso de um banco de dados no qual foram compilados praticamente todos os discursos pontifícios disponíveis sobre ecologia, desde o primeiro, proferido por Paulo VI, em 1970, passando por João Paulo II e Bento XVI, até chegar aos primeiros anos do pontificado de Francisco, que se colocou sob os holofotes mundiais com sua encíclica ecológica Laudato Si. Primeiramente, foi feita uma reconstrução histórica dos contextos sociais que moldaram o surgimento e desenvolvimento das preocupações ambientais, ainda sem o envolvimento da Igreja Católica. Para a condução da análise, foram construídos três tipos ideais de ambientalismo: o esotérico, o racionalista e o moralista. Esse último dividido entre os subtipos intra e extramundano. Diferentes reflexões ambientalistas foram examinadas por meio dessa tipologia. Demonstrou-se como as causas apontadas e as soluções propostas podem seguir variadas direções conforme o sentido atribuído ao meio ambiente. Por vezes, essas perspectivas não só se diferenciam, mas também se contrapõem. Incluindo-se tardiamente nessa discussão, a Igreja Católica muitas vezes procurou desqualificar os raciocínios ecológicos presentes nas demais perspectivas, que poderiam redundar em concepções pagãs ou materialistas, contrárias a fé cristã. A Igreja Católica tem efetuado uma série de novas interpretações de seus tradicionais ensinamentos, como a teologia da criação, postulando que é o abandono dessa orientação religiosa que gerou a crise ambiental. Além disso, não haveria como purificar o meio ambiente físico sem antes purificar o meio ambiente humano, pois ambos teriam sido poluídos pelo pecado. A solução da crise ecológica dependeria, desse modo, de mudanças comportamentais em consonância com a moralidade tradicionalmente pregada pela orientação católica. Por fim, explicita-se como essa forma conservadora com a qual a Igreja Católica lida com o problema ambiental está relacionada ao processo de secularização. / This work proposes to analyze sociologically the incorporation and transmutation by the Catholic Church of one of the most appealing topics of today: the ecological question. The analysis included the use of a database in which practically all the pontifical discourses available on ecology were compiled. It encompasses the first one, pronounced by Pope Paul VI in 1970, and also John Paul II and Benedict XVI and the first years of Pope Francis pontificate, who placed himself under the worldwide spotlight with his ecological encyclical Laudato Si. First, a historical reconstruction of the social contexts that shaped the emergence and development of environmental concerns was made, still without the involvement of the Catholic Church. For conducting the analysis, three ideal types of environmentalism were built: the esoteric, the rationalist and the moralist. That last one is split into the intramundane and extramundane subtypes. Different environmentalist reflections were examined using this typology. It was demonstrated how the causes identified and the solutions proposed may follow different directions according to the meaning given to the environment. Sometimes, such perspectives not only differentiate but oppose each other. Included latter in this discussion, the Catholic Church often sought to disqualify the ecological reasoning presented by other perspectives, which could result in pagan or materialistic conceptions, contrary to the Christian faith. The Catholic Church has come up with a series of new interpretations of its traditional teachings, such as the theology of creation, postulating that it is the abandonment of the religious orientation that raised the environmental crisis. In addition, there would be no way to purify the physical environment without first purifying the human environment, because both have been polluted by sin. The solution of ecological crisis would depend, therefore, of behavioral changes in consonance with the morality preached by the traditional Catholic orientation. Finally, it was explained how this conservative way with which the Catholic Church faces the environmental problem is related to the process of secularization.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-04102017-124158 |
Date | 29 June 2017 |
Creators | Renan William dos Santos |
Contributors | Jose Reginaldo Prandi, Ricardo Mariano, Maria José Fontelas Rosado Nunes, Andre Ricardo de Souza |
Publisher | Universidade de São Paulo, Sociologia, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0029 seconds