Return to search

Padrão de consumo alimentar e estado nutricional dos jovens brasileiros / Food consumption pattern and nutritional status of young Brazilians

Este estudo objetiva analisar a influência de fatores socioeconômicos sobre o padrão de consumo alimentar infanto-juvenil, sua evolução na primeira década dos anos 2000 e sua relação com o estado nutricional. Para tanto, foram estimados três modelos: um modelo que identifica a aquisição individual de calorias, por meio da aquisição agregada domiciliar, seguido por um modelo que relaciona o Índice de Massa Corpórea e o consumo calórico, e por fim, um sistema de demanda por calorias. A identificação dos efeitos da aquisição calórica sobre estado nutricional, conjuntamente com as estimativas de um sistema de demanda, contribuiu para a obtenção do grau de sensibilidade do estado nutricional (representado pelo IMC) em relação aos preços e dispêndio com alimentos. Uma vez que, para todas as categorias analisadas, a quantidade demandada é diretamente proporcional ao dispêndio total com alimentação, a elasticidade-dispêndio do IMC também é positiva. Isso ajuda a explicar como o aumento no poder aquisitivo dos brasileiros influencia na tendência de queda nas taxas de subnutrição e a incidência de sobrepeso dos jovens brasileiros. Quanto aos preços, as elasticidades em relação ao IMC podem sinalizar como taxações e/ou subsídios podem melhorar o estado nutricional da população. A estimação de um sistema mais completo, com inclusão de alimentos saudáveis e prejudiciais à saúde, permitiu visualizar os efeitos de cada medida sobre diversas categorias alimentares, dependendo da forma como se relacionam. Constatou-se que, apesar de pouco eficaz, uma política combinada de impostos e subsídios pode contribuir para uma alimentação mais equilibrada. Além disso, a inclusão de uma variável que expresse a avaliação do tipo de alimento adquirido no domicílio foi importante para mostrar a avaliação quanto aos hábitos alimentares praticados. Com essa variável, mostra-se que não há uma conscientização do tipo de alimento adquirido no domicílio em relação aos impactos sobre a saúde dos jovens, uma vez que em domicílios com avaliação alimentar satisfatória, há uma tendência de consumo de alimentos pouco saudáveis. Por exemplo, em domicílios pobres que alegaram consumir sempre os alimentos desejados, a quantidade demandada de refrigerantes é 44% maior, do que naqueles que nem sempre consomem alimentos preferidos. Nesse sentido, medidas de conscientização são necessárias para reduzir a importância dada a esse tipo de alimento. Também foram estimados a importância da participação no Programa Bolsa Família (PBF) para o estado nutricional e demanda alimentar, uma vez que esse programa tem como objetivo a promoção da segurança alimentar de seus beneficiários, O impacto direto do programa sobre o IMC infanto-juvenil é negativo e equivalente a 0,28 kg/m², sendo mais efetivo em reduzir o IMC médio de indivíduos que estão em situação de excesso de peso. Esse efeito foi obtido ao controlar pelo consumo calórico, refletindo o efeito das condicionalidades referentes aos cuidados com a saúde e à preocupação dos responsáveis pelas crianças e adolescentes com as melhorias de suas condições de vida, o que fazem participar do programa. Quanto ao impacto sobre a quantidade demandada por categorias específicas, ressalta-se sua importância para aquisição de itens com leite e hortaliças, que são importantes para essa fase da vida e, mesmo assim, a participação na dieta está que estão abaixo das recomendações para uma vida saudável. No entanto, a preferência por doces também é observada, uma vez que o benefício monetário extra dado pelo PBF também contribui positivamente para seu consumo. Assim, não se pode afirmar que o benefício contribua para uma dieta adequada, visto que este tipo de alimento ultrapassa os níveis de consumo recomendados. De fato, constata-se que políticas de transferência de renda são pouco efetivas, pois o montante recebido pode ser direcionado para itens de consumo prejudiciais à saúde. / This study aims to analyze the influence of socioeconomic factors on the pattern of young\'s food consumption trends in the first decade of the 2000s and its relation to nutritional status. Therefore, it was estimated three models: a model that identifies the individual purchase of calories through the household aggregate purchase, followed by a model that relates the Body Mass Index and calorie consumption, and finally, a food demand system. The identification of the effects of caloric purchase of nutritional status, together with estimates of a demand system, contributed to obtain the degree of sensitivity of the nutritional status (represented by BMI) in relation to prices and expenditure on food. Since, for all categories examined, the quantity demanded is directly proportional to the total expenditure on food, BMI sensitivity to this variable is also positive. This explains how the increase in the purchasing power of Brazilian influences the decreasing trend in malnutrition rates and the incidence of overweight of young. The price elasticities in relation to BMI show how taxation and / or subsidies may improve nutritional status. The estimation of a more complete system, with the inclusion of healthy and unhealthy foods, allowed see the effects of various food categories, depending on how they are related. It was found that although very effective on BMI, a combined tax policy and subsidies can contribute to a more balanced diet. Moreover, the inclusion of a variable that expresses the evaluation of the type of food purchased in the household was important to show awareness regarding eating habits practiced. This variable showed that in households with satisfactory evaluation, there is a trend of consumption of unhealthy foods. For example, in poor households who always consume the desired food, the quantity demanded of soft drinks is 44% higher than those who do not always eat favorite foods. In this sense, awareness policies are needed to reduce the importance given to this type of food. It was also estimated the importance of participation in the Bolsa Família Program (PBF) for the nutritional status and food demand, since this program aims to promote food security. The direct impact of the program on children and teenagers BMI is negative and equal to 0.28 kg / m², and more effective in reducing the average BMI of individuals who are overweight situation. This effect was obtained by controlling the calorie intake, reflecting the effect of conditionality related to health care and the concern of those responsible for children and adolescents with the improvement of their life conditions. About the impact on the quantity demanded by specific categories, it emphasizes its importance for purchasing items with milk and vegetables, which are important for this stage of life. However, the preference for sweet foods is also observed since the extra monetary benefit given by the PBF also positively contributes to their consumption. Thus, we cannot affirm that the benefit contributes to an adequate diet, as this type of food exceeds the recommended consumption levels. In fact, we find that income transfer policies are ineffective because the amount received can be directed to the unhealthy consumption items.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-25112016-144247
Date11 November 2016
CreatorsMaria Micheliana da Costa Silva
ContributorsNaercio Aquino Menezes Filho, Ana Luiza Neves de Holanda Barbosa, Ana Lucia Kassouf, Paula Carvalho Pereda, Priscilla de Albuquerque Tavares
PublisherUniversidade de São Paulo, Economia, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0027 seconds