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Análise acústica de fricativas e africadas produzidas por japoneses aprendizes de português brasileiro

Resumo: No presente trabalho, temos por hipótese que aprendizes japoneses de português brasileiro (PB) apresentam desvios na produção das fricativas e africadas coronais [s z ] no ambiente / _[i], motivados por diferenças na fonologia das duas línguas, de forma que a produção desses sons por aprendizes resultaria de estratégias diferentes daquelas usadas por falantes nativos. Nosso objetivo principal é verificar essas estratégias através de sua caracterização acústica, assim como caracterizar a produção de falantes nativos do PB e do japonês – tanto com vistas a termos parâmetros de comparação, quanto de forma a contribuir com a literatura na área de análise acústica de fricativas e africadas dessas duas línguas. Realizamos um experimento em que três aprendizes japonesas de PB, duas falantes nativas de PB e duas de japonês foram gravadas produzindo os sons-alvos. Realizamos inspeções visuais dos dados, verificando a presença/ausência de barra de sonoridade, oclusão, soltura e ruído fricativo. Também tomamos uma série de medidas acústicas: valor do segundo formante (F2) de transição entre a fricativa/africada e a vogal [i] seguinte, pico espectral e os quatro momentos espectrais do ruído fricativo. Nossos resultados apontam para o pico espectral, o centróide e o desvio padrão como pistas acústicas mais robustas na caracterização dos diversos sons-alvo nos dados das brasileiras, com alveolares apresentando valores maiores que palato-alveolares. Resultados compatíveis foram encontrados no grupo controle da língua japonesa. Quanto às aprendizes, observamos que uma realizou oposição consistente entre alveolares e palato-alveolares através do pico espectral, centróide, assimetria e F2 de transição, mas não do desvio padrão. Além disso, os dados para [] e [] não apresentam oposição aparente. Quanto às outras duas aprendizes, nossos resultados apontam para o contraste alveolares vs. palatoalveolares sendo realizado através do desvio padrão e do F2 de transição, mas não através do pico espectral ou do centróide, o que sugere oposições feitas através de diferentes posturas de língua, mas com constrições em posições similares no trato vocal – um possível caso de contraste encoberto. Assim, de forma geral verificamos a hipótese de interferência da fonologia do japonês na produção dos sons-alvos pelas aprendizes, não na forma de simples substituições sonoras, mas de diferentes estratégias de articulação desses sons. rgumentamos ao fim do trabalho que a não rotulação desses desvios como meros “erros”, como faz a literatura tradicional, é de grande valor tanto na caracterização da fala como evento dinâmico quanto no auxílio ao processo ensino-aprendizagem.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/26337
Date19 December 2011
CreatorsOliveira, Flávio Ricardo Medina de
ContributorsSilva, Adelaide Hercilia Pescatori, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduaçao em Letras
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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