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Nós e o que falavam de nós

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2014 / Made available in DSpace on 2015-02-05T21:14:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2014 / Estudar a história do tempo presente tem propiciado aos profissionais da área contato com temas pouco abordados, seja pela proximidade com os acontecimentos, seja pelo fato de serem temas muito próprios desses tempos, como é o caso da aids ou sida (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Uma das possibilidades que surgiu nesse horizonte foi o estudo da história de doenças que emergiram junto a problemáticas muito próprias do período. A aids, reconhecida pela primeira vez nos Estados Unidos no início da década de 1980, foi doença capaz de forjar discursos não somente sobre o estado de saúde de seus pacientes, mas também sobre suas sexualidades e sobre o uso de drogas injetáveis. Para explicar a emergente enfermidade, mobilizaram-se discursos como o médico e o religioso. Em conjunto com estes dois discursos, o jornalístico dava a conhecer ao público a doença e forjava um discurso sobre ela, o que produzia não somente informações, mas atuava também na constituição de sujeitos portadores de HIV/aids (Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Criciúma, como centro urbano que foi se constituindo ao longo do tempo, não ficou imune à doença, constituída inicialmente como mal próprio de homossexuais e usuários de drogas injetáveis com viagens frequentes ao exterior. Em 1985, antes mesmo do primeiro caso notificado na cidade, os jornais já enunciavam a aids como um perigo. Para construir a narrativa histórica sobre a aids colocada em discurso pelos jornais, optei por dois veículos de comunicação: Jornal da Manhã e Tribuna Criciumense. Dessa maneira pude identificar, analisar e narrar como a doença e o doente foram constituídos pelo discurso jornalístico, especificamente dos dois jornais. Somente analisar os discursos e construir a narrativa sobre eles não foi suficiente: quis também saber como o portador da doença se constituía enquanto sujeito, como construía a sua singularidade diante da doença e do que falavam dele. Afinal, não se falava somente da doença, mas também do corpo que aportava e, portanto, de seus sujeitos. Desta feita, a construção da narrativa baseou-se nas páginas dos jornais para identificar o que o discurso médico e o discurso religioso articulados no discurso jornalístico falavam a respeito da doença e de seu portador. Além disso, foram utilizadas fontes orais, com as entrevistas realizadas por mim junto a pacientes que receberam seus diagnósticos no período estudado, para analisar a constituição de suas subjetividade. Fontes escritas e orais foram selecionadas conforme a temporalidade e a espacialidade definidas para esta pesquisa, o que é sempre algo arbitrário, pois Criciúma, como pólo microrregional do sul de Santa Catarina, não se limitava às suas fronteiras físicas, já que pessoas de outras cidades interagiam também nesse espaço. A temporalidade foi selecionada e tem como marco inicial o ano de 1986, período da primeira notificação na cidade, e como marco final o ano de 1996, ano de início da distribuição do popular coquetel na rede pública de saúde, que atuou na configuração da aids como doença tratável e do doente não mais como alguém à espera da morte, mas com todas as condições de viver com qualidade devida.<br> / Abstract: The study of the present time has granted the professionals in History area some contact with otherwise less studied subjects, either because they were too recent or to specific of their era, which is the case of AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome). Studying the history of diseases that spread during these times has become a possibility. AIDS was recognized for the first time in the United States during 1980 and it revealed itself as a source of discourses about not only the health state of its patients but also about their sexuality and the use of injectable drugs. Scientific and religious reasoning were used to explain the growing illness. Also the journalistic speech did not give the public mere information about the disease but it created a specific discourse about it, influencing in the constitution of the carriers of HIV/AIDS (Human Immunodeficiency Virus/ Acquired Immunodeficiency Syndrome). As the city of Criciúma, in the state of Santa Catarina/Brazil, grew as an urban area it did not keep immune to this disease, which was first defined as a characteristic illness of those who were homosexual, used injectable drugs and/or traveled abroad frequently. In 1985, even before the first registered case in the city, the newspapers already proclaimed AIDS to be a danger. To understand the historical narrative created by the newspapers I have decided to study two information means: Jornal da Manhã and Tribuna Criciumense. This way I was able to identify, analyze and relate how the illness and the ill person were created by the journalistic discourse, especially those conveyed through newspapers. Analyzing discourse and rebuilding the narrative was not enough: I wanted to understand how the ill person was formed as a subject, how they built their subjectivity after the disease and what was told about them. After all, the discourse did not give mere information about the sickness but it referred to the body of its carrier, therefore it was also about their identity. Thus the rebuilding of the narrative was based on the pages of the newspaper to identify what the medical and the religious discourse were saying inside the journalistic speech about the illness and its carrier. Interviews conveyed by me with patients that received their diagnostics during the period of this study were another method of research employed to understand how their subjectivity was formed. The oral and written sources were chosen according to a period of time and a location defined to this study, both arbitrary factors, since Criciúma, as any city, is not limited by its geographic borders. The time was determined as the period starting in 1986, the year of the first notified case of AIDS in the city, and finishing in 1996, year in which the famous drug cocktail started to be distributed through the city public health system. The medicine served to change the disease status to something that was possible to be treated and the ill person as someone who was able to live a quality life.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/129561
Date January 2014
CreatorsSilveira Neto, Adilio Luiz da
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Silva, Janine Gomes da
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format306 p. | ils.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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