O presente estudo buscou compreender a dimensão política no trabalho do enfermeiro da atenção básica em um município paulista. Consideramos como dimensão política a relação que os trabalhadores estabelecem com a gestão pública em saúde e seus desdobramentos no trabalho na Atenção Básica nas distintas modalidades de organização da Atenção Básica (AB). Relação esta que não se limita aos espaços formais, como reuniões e normativas, mas que também se refletem nos modelos de atenção e organização do trabalho presentes nos serviços de saúde. Dessa forma, ao resgatar o caráter político da Reforma Sanitária Brasileira e o papel estratégico do SUS como política de Estado, este estudo pretende colaborar com o atual debate em torno da politização da saúde. O método utilizado para o desenvolvimento deste estudo foi o Estudo de Caso, alicerçado pela abordagem qualitativa, do tipo instrumental, a partir das seguintes fontes de dados: observação participante em cinco unidades de saúde de distintas modalidades de organização da AB, entrevista semiestruturada com oito enfermeiros, considerados informantes chaves e documentos oficiais de planejamento em saúde de instancia municipal de cinco quadriênios de gestão municipal. A coleta de dados foi realizada nos meses de outubro de 2013 a março de 2014. Foi realizada análise discursiva na perspectiva de Pêcheux com o material produzido nas entrevistas. Na análise documental, o que encontramos foi que, não obstante as dificuldades vividas pelos grandes municípios, mencionadas na literatura, é uma transição incompleta do modelo de AB, mais como mistura do que de transição, com uma implantação incipiente e incompleta da estratégia Saúde da Família, apesar dos documentos de planejamento, reiteradamente, colocarem essa estratégia como a opção municipal para a AB. Fica claro que a relação entre trabalhadores e gestão, por parte dos enfermeiros, não é de confiança, nem de corresponsabilidade. Não há a perspectiva de participação nos processos de decisão. Surgem críticas, responsabilizando a gestão, pela forma como são conduzidas determinadas políticas de saúde. É interessante observar que a crítica mais veemente surja justamente numa temática que envolve o interesse direto, poderíamos dizer até corporativo, dos trabalhadores. Por fim, parece ficar reforçada a ideia de Maria Cecília Puntel de Almeida, de que há entre as enfermeiras uma aceitação das limitações de poder, de forma relativamente passiva / This study sought to understand the political dimension of the work of the primary care nurse in a city in São Paulo. We consider the political dimension as the relationship that workers have with the public health management at work and its developments in Primary Care services in different modalities of Primary Care organization. A relationship that is not confined to formal settings, such as meetings and norms, but is also reflected in models of care and work organization present in health services. Thus, by returning to the political nature of the Brasilian Heath Reform and the strategic role of the SUS as a state policy, this research intends to collaborate with the current debate on the politicization of health. An instrumental case study was the method of choice for the development of this study, with a qualitative approach, using the following data sources: participant observation involving five health units of different modalities of organization, semi-structured interviews with eight nurses we considered to be key informants and official documents in health planning from the municipal management in five four-year periods. Data collection was conducted from October 2013 to March 2014. Pêcheux\'s discourse analysis was used for the interview data. In document analysis, what we found was, despite the difficulties experienced by large municipalities mentioned in the literature, an incomplete transition of the Primary Care model, more like a mixed system than a transition, with an incipient and incomplete implementation of the Family Heath strategy despite planning documents repeatedly putting this strategy as the municipal option for Primary Care. It is clear that the relationship between workers and management is not of trust. There is no prospect of participation in decision-making. Criticism does appear, blaming the management by the way they conducted certain health policies. It is interesting to note that the most vehement criticism arises precisely in a theme that involves direct interest of the workers. Finally, it seems the idea of Maria Cecilia Puntel de Almeida is reinforced, that between nurses there is an acceptance of the limitations of power, in a relatively passive way
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19022015-193432 |
Date | 29 September 2014 |
Creators | Carneiro, Tânia Silva Gomes |
Contributors | Pinto, Ione Carvalho |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0022 seconds