O diagnóstico da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é obtido através de testes de triagem para anti-HCV pelo ELISA e para confirmar os positivos, por teste suplementar mais específico, o immunoblot (IB). A infecção ativa é determinada pelas técnicas moleculares como por exemplo a PCR. Os testes sorológicos são métodos indiretos, baseados na detecção de anticorpos específicos, estando portanto, sujeito a vários fatores que limitam a sua eficiência diagnóstica, podendo gerar resultados inespecíficos. Um dos objetivos deste trabalho foi o de avaliar a eficiência diagnóstica dos testes para o diagnóstico da infecção pelo HCV, em condições de rotina diagnóstica, em um grande número de amostras de doadores de sangue e analisar o custo benefício de três diferentes algoritmos, recentemente propostos pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção (EUA). Foram estudadas 692 amostras de soros provenientes de doadores de sangue, sendo 522 positivas e 170 inconclusivas pelo ELISA de triagem (ELlSA-T) realizado no momento da doação. Esses doadores retornaram à Fundação PróSangue/ Hemocentro de São Paulo para a coleta da segunda amostra de sangue para confirmação dos resultados obtidos na doação. Em todas as amostras de retorno foram realizadas ELISA (ELISA-R) e a PCR, o IB somente nas positivas ou indeterminadas no ELISA-R. A concordância global de resultados entre ELlSA-T e ELlSA-R foi de 64,5%, sendo 77,6% (405/522) entre os positivos e 24,1 % (41/170) entre os inconclusivos. Em amostras positivas nos dois ELlSAs, o IB foi positivo (aqui denominadas de sorologicamente positivas) em 69,6% (282/405) e PCR em 61,2% (248/405). Entre as 282 amostras sorologicamente positivas, viremia foi detectada em 87,6% (247/282). A ausência de viremia em 12,4% (37/282) dessas amostras pode representar amostras de indivíduos que tiveram a infecção no passado e que eliminaram espontaneamente o HCV. A avaliação de bandas individuais no IB mostrou a alta freqüência das bandas do core (C1C2 e C3C4). Entretanto sua distribuição entre as amostras de doadores virêmicos e não virêmicos foi bastante semelhante. A intensidade da reação, expressa como graduação da coloração das bandas no IB, demonstrou que C1C2 e NS3 fortemente reativas eram as mais associadas à positividade no IB e na PCR e a banda NS4 somente com a PCR. A análise dos resultados do teste de ELISA anti-HCV de doadores de sangue indicou que a relação DO/CO, aqui denominada de índice de reatividade (IR), poderia ser utilizada como preditivo de positividade no teste suplementar. O IR de todas as amostras foram estratificados em 6 grupos sendo o IR ≥ 6 o que melhor correlacionou-se com a positividade no IB (IR de corte). Os três algoritmos para o diagnóstico da infecção pelo HCV, propostos pelo CDC foram avaliados, sendo dois novos (a e b) e o outro, o algoritmo convencional (c). a) Resultados de ELISA com IR ≥ 6,0 é considerado positivo sem a necessidade de teste suplementar. Para amostras IR < 6,0, de preferência o IB, seria realizado; b) Teste molecular (NAT) deve ser feito para todas as amostras positivas no teste de triagem, seguido de IB naquelas negativas no NAT; c) IB realizado para todas as amostras positivas na triagem. Esses algoritmos foram aplicados em todas as amostras, com resultados muito semelhantes entre si: 287, 287 e 285 positivos, respectivamente para a, b e c. Um total de 283 amostras foi positivo nos três algoritmos e quatro, com resultados divergentes, foram analisadas separadamente. A análise do custo benefício mostrou que o algoritmo a é o mais econômico e prático podendo ser recomendado para os laboratórios com condições econômicas limitadas; o b é o mais completo para fins de decisão médica, fornecendo informações precoces sobre a presença ou a ausência da viremia; o c é importante para determinar o status imunológico e para a população de baixa prevalência da infecção pelo HCV. O custo estimado dos três algoritmos baseou-se na tabela de 2004 da Associação Médica Brasileira. Esses custos mostraram ser o algoritmo a, 40% mais econômico e o b, 18,2% mais oneroso do que o c. Os algoritmos a e c foram complementados pela realização da PCR, nas amostras indeterminadas provenientes desses algoritmos. Duas amostras resultaram em PCR positivas, as mesmas já consideradas positivas inicialmente pelo algoritmo b. Os três algoritmos estudados, puderam ser validados para o diagnóstico laboratorial da infecção pelo HCV, podendo a escolha depender do interesse clínico ou da prevalência dessa infecção na população. / The diagnosis of hepatitis C (HCV) infection is usually undertaken stepwise by screening with ELISA and confirming the positive results in screening with a more specific assay, the immunoblot (IB). Active infection by hepatitis C virus should be confirmed by molecular techniques such as PCR. Serological tests are indirect methods based on specific antibody detection. Therefore, they may be influenced by many factors which limit their diagnostic efficiency, producing false-positive results. The aim of this work was to evaluate the real diagnostic efficiency of anti-HCV screening tests, in routine condition, in a large serum sampling, and to analyze the cost-benefit of three different algorithms recently proposed by the Center for Diseases Control and Prevention. 692 serum samples were studied. The samples consisted of 522 sera from blood donors, positive in ELISA, with the sample collected by the time of donation (ELlSA-T), and of 170 inconclusive sera. Those donors returned to Fundação PróSangue Hemocentro de São Paulo to have a second sample of blood collected to confirm the former results. ELlSA-R and PCR were carried out in all second samples and all the positive and inconclusive samples were submitted to IB. The global concordance of results between ELlSA-T and ELlSA-R was 64,5%, in that 77,6%(405/522) were obtained among the positives results and 24,1% (41/170) among inconclusive. For samples positive in both ELlSAs, IB was positive (serologically positive) in 69,6% (282/405) and PCR in 61,2% (248/405). Among 282 serologically positive samples, viremia was detected in 87,6% (247/282) and it was absent in 12,4% (37/282) of the sera, which could represent samples from individuals who were infected by HCV in the past and who have spontaneously cleared the virus. Evaluation of each antigenic band of IB showed high frequency of core (C1C2 and C3C4). Their distribution among viremic and non-viremic donors was similar. The reaction intensity, expressed by the color score of the bands, demonstrated that the strongly reactive bands of C1C2 and NS3 were associated with positiveness in IB and PCR and of NS4 only with PCR positive. Analysis of anti-HCV ELISA results from blood donors indicated that the signal-to-cut-off ratio (DO/CO), named as reactive index (IR) in this study, could be used to predict supplemental test positive results for anti-HCV. IR from all samples was classified in 6 groups, being IR ≥ 6, the index better correlated with positive on IB (cut-off IR). The CDC has recently proposed three algorithms for HCV diagnosis, in which two were new (a and c) and one was a conventional algorithm (c). a) screening-test-positive samples with IR ≥ 6,0 can be reported as anti-HCV positive without supplemental testing. IR < 6,0 should have refiex supplemental testing performed, preferably IB; b) reflex supplemental testing in all specimens screening-test-positive by performing NAT followed by IB for specimens with NAT negative results; c) reflex supplemental testing (IB) in all specimens screening-test-positive. These algorithms were applied to all samples and resulted in very similar positive results: 287, 287 and 285, respectively for a, b and c. A total of 283 samples were positive in three algorithms. Four samples showed divergent results and were analyzed separately. Cost-benefit - The algorithm a is the most economical and practical and it could be recommended for laboratory with limited conditions and for population with a high prevalence of HCV infection; b is the most complete for medical decision providing early information about the presence or absence of viremia; c is suitable for determining immune status and for HCV infection low prevalence population. The cost of the three algorithms was estimated based on the 2004 Brazilian Medical Association Table. These costs were 40% lower than c for algorithm a, and 18,2% higher for b. The algorithm a and c were complemented by performing PCR to solve indeterminate results. This complementary test detected two samples PCR positive which were already positive by algorithm b. Therefore we could validate those algorithms for HCV infection laboratory diagnosis. Laboratories and blood banks may choose the algorithm depending on the clinical interest or on the prevalence of HCV infection in the population.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-21092011-105846 |
Date | 08 December 2004 |
Creators | Angela Maria Egydio de Carvalho Barreto |
Contributors | Kioko Takei, João Renato Rebello Pinho, Adelaide Jose Vaz |
Publisher | Universidade de São Paulo, Farmácia (Análise Clínicas), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0037 seconds