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O senhor da pedra: os usos da memória de Delmiro Gouveia (1940-1980)

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Previous issue date: 2008 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / São muitas as memórias produzidas sobre Delmiro Gouveia. Esta pesquisa se propõe a
analisar alguns destes trabalhos, observando como se constituiu a história da memória
do capitalista nascido em 1863, em Ipú, Ceará, e morto a tiros em Pedra, sertão de
Alagoas. Exportador de couros que ficou conhecido no Recife como o Rei das Peles,
Delmiro foi alvo de palestras, eventos, biografias, romances, ensaios, peças de teatro e
filmes. Assim sendo, investigam-se tanto a elaboração destes diferentes suportes das
memórias, quanto as suas relações com os principais empreendimentos do cearense,
considerando as suas apropriações, metamorfoses e permanências na concepção de um
mito modernizador. Negociante de investimentos diversificados e polêmicos como o
Mercado do Derby (1899-1900), em Recife, a usina hidrelétrica de Angiquinho, em
Paulo Afonso, Bahia, criada em 1913, e a Fábrica de linhas, fundada na Pedra em 1914,
Delmiro foi utilizado como ícone em diferentes momentos da história do Brasil. Uma
série de arranjos complexos pode ser percebida entre os anos 1940, quando as
discussões sobre o aproveitamento energético do Baixo São Francisco se ampliaram
tempos em que não havia uma só obra dedicada a Delmiro , e os anos 1980 quando o
coronel já acumulava mais de uma dezena de biografias , época em que ele já aparece
consolidado como mártir da indústria nacional contra os trusts estrangeiros. Para
intelectuais como Assis Chateaubriand e Oliveira Lima, Gouveia foi considerado um
contraponto ao atraso dos sertões; foi retratado como um disciplinador por Mário de
Andrade e Graciliano Ramos, eleito exemplar da burguesia nacional desorientada por
comunistas como Octávio Brandão e Pedro Motta Lima. No Recife, uma das suas casas
foi escolhida por Gilberto Freyre para ser a sede do Instituto Joaquim Nabuco de
Pesquisas Sociais. Lapidado por pesquisadores como Mauro Mota, Paulo Dantas,
Francisco Magalhães Martins, Tadeu Rocha e Adalberon Lins, o Coronel dos
coronéis tornou-se um mito que ora foi civilizador, ora foi pioneiro e industrial. Para
que isto fosse possível, as celebrações do seu centenário de nascimento ocorridas em
Pernambuco e Alagoas, em 1963, foram fundamentais. Tais comemorações, que
deveriam combater um pretenso silêncio oficial imposto aos feitos de Delmiro,
influenciaram biografias e outras produções sobre o senhor da Pedra não apenas na
efeméride, mas no decorrer dos anos 1960 e 1970. Através destas intervenções nas
memórias, por meio de apagamentos cuidadosos de aspectos da personagem as suas
ações violentas, os seus negócios ilícitos, as suas relações com oligarquias, o rígido
controle sobre o cotidiano dos seus empregados, entre outras coisas esperava-se
delimitar para Gouveia um lugar na história nacional

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/7103
Date31 January 2008
CreatorsCândido Santos Maynard, Dilton
ContributorsCortez Silva, Sílvia
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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