O presente trabalho teve como objetivo conhecer de que modo as instituições públicas de saúde possibilitam às mulheres fazerem escolhas relacionadas à gestação e, principalmente, aos procedimentos ligados ao parto. Para tanto, realizamos levantamento bibliográfico e de documentos governamentais sobre gravidez e parto; realizamos visitas em um hospital-escola-maternidade, no período de nove meses, onde pudemos observar a rotina, realizar entrevistas, coordenar grupos, conhecer o espaço físico e o funcionamento de regras específicas dessa instituição Para fundamentar nossa investigação buscamos suporte na Psicologia Social, postulada por Enrique Pichon-Rivière a partir da leitura de José Bleger, e no campo da Saúde Coletiva. Constatamos que parte significativa das reivindicações iniciadas a partir de 1980, para um olhar voltado à saúde integral da mulher e à humanização do parto, foram contempladas, principalmente no que se refere aos aspectos legislativos. Contudo, tendo em vista a dinâmica do processo histórico, as reivindicações, ao serem efetivadas na prática, fomentaram novas questões. Uma delas é a de uma aparente burocratização e redução do que se entendia do conceito de humanização, pois em muitas situações esse ficava restrito à forma e ao momento do nascimento, colocando como sinônimos: parto normal e parto humanizado. Além disso, as mulheres não participavam diretamente na escolha de tais procedimentos. Tais decisões eram institucionais e tomadas a partir do que o corpo dela manifestasse. Desse modo, se é a assistência quem define as ações, parece que o lugar da mulher nesta relação é deslocado para o de objeto, e aí sim, o termo humanização, no sentido de relações entre humanos, precisaria ser efetivado, evitando o reducionismo referido acima. Se assim fosse praticado, as mulheres poderiam entrar na relação como capazes de fazer escolhas. Disso, temos como aposta que, para trabalhar com humanização, é importante considerar: 1) a amplitude do processo gestacional, 2) a imprevisibilidade do sujeito e, 3) flexibilização dos protocolos; senão, além, da violência obstétrica, poderíamos pensar na violência pseudo humanizada, ou seja, a tentativa de cumprir de forma enrijecida o que está no papel, se distanciando das contextualizações e marginalizando quem não esta de acordo com o já esperado / The aim of this study was to understand the way in which public health institutions give the women the possibility to make choices related to the gestation and, mainly to the procedures related to the parturition. Therefore, it was realized a bibliographic and government documents survey about pregnancy and parturition; it was realized visits in a school maternity hospital, for a period of eight months, where we could observe the routine, realize interviews, coordinate groups, get to know the physical space and the specific rules operation of this institution. To support this investigation we took reference to Social Psychology postulated by Enrique Pichon-Rivière starting by the reading of José Bleger and in the field of Collective Health. We found that a significant part of the claims that started in 1980, which had a view to the woman integration health and the parturition humanization were contemplated, mainly to what refer to the legislative aspects. However, considering the dynamic of the historic process, the claims, to be effective in practice, fomented new questions. One of them is an apparent bureaucratization and reduction of what was understood as the humanization concept, because in many situations this was restricted to the way and the moment of the birth, having as synonymies: normal birth and humanized birth. In addition to this, the women did not directly participated in the choice of these procedures. That decisions was institutionally and taken from what their body manifested. In this way, if it is the assistance, which define the actions, it seems that the woman place in this relation is displaced to the object, and then, the term humanization, in the sense of relation among humans, should have been effected, avoiding the reductionism referred above. In being practiced like mentioned above, the women should take part in the relation as capable of doing choices. Considering this, we have as a bet that, to work with humanization is important to consider: 1) the amplitude of the gestational process, 2) the unpredictability of the subject and 3) flexibility of the protocols; or else, beyond the obstetric violence, we should think about the pseudo humanized violence, in other words, the attempt to accomplish in a hardened form what is in the paper, getting away from the contextualization and marginalizing who is not in agreement with what is expected\"
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-27092016-145132 |
Date | 29 April 2016 |
Creators | Rebeca de Cássia Daneluci |
Contributors | Ianni Regia Scarcelli, Carmen Simone Grilo Diniz, Maria Inês Assumpção Fernandes, Maria Geralda Viana Heleno, Avelino Luiz Rodrigues |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia Social, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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