Esta dissertação trata sobre o intercâmbio cultural na fronteira entre Brasil e Paraguai no período que antecede a Guerra do Paraguai e durante o conflito, especificamente como aconteceram as trocas comerciais durante o período de restrições ao comércio entre os países beligerantes. Objetivamos investigar se, apesar das decisões governamentais, os atores abrangidos em redes comerciais e culturais da região fronteiriça continuaram a desenvolver práticas e estratégias de intercâmbio cultural e econômico nessa região de confluência econômica e cultural entre brasileiros e paraguaios. A metodologia empregada nesta pesquisa se classifica como exploratória quanto aos objetivos e qualitativa quanto à forma de abordagem do problema. No que tange aos procedimentos técnicos, este trabalho utilizou métodos de revisão bibliográfica, histórica, documental e de leitura cultural. Abordamos as concepções de fronteira que contribuíram para pensar a zona de fronteira como espaço de convergência cultural entre as populações que ali habitavam (GRIMSON, 2000; TUAN, 1983; SANTOS, 2002; HISSA, 2002; SEIXAS, 2017). Tomamos como base os estudos de Le Goff (2001) e De Certeau (1982) para aprofundar conhecimentos sobre narrativas históricas, história nova e contranarrativas históricas; Guerrero Arias (2002); Boas (2004); Larrain (2003), para aprofundar conhecimentos a respeito de cultura. Esse suporte teórico configurou- se fundamental para responder às questões: No período que antecede a Guerra do Paraguai e durante o conflito, os governantes decretaram restrições ao comércio entre os países beligerantes. Como os atores abrangidos em redes comerciais e culturais que habitavam esse espaço de fronteira conviviam com tais restrições? Quais as práticas cotidianas que adotaram para assegurar, de modo ostensivo ou velado, as trocas comerciais e culturais entre brasileiros e paraguaios? Dessas perguntas derivaram as hipóteses desta dissertação: esta pesquisa tem como premissa que os habitantes da fronteira desenvolveram práticas de resistência para, ostensiva e veladamente, dar continuidade às trocas, especialmente comerciais, apesar das proibições governamentais ao comércio entre Brasil e Paraguai. Para responder à indagação central e verificar se as hipóteses se confirmavam ou deveriam ser refutadas, recorremos a fontes primárias do período estudado que incluem documentos oficiais e oficiosos, periódicos e anúncios comerciais da época datados principalmente entre os anos de 1856 a 1870. A partir da análise dos documentos, identificamos práticas que apontam para o intercâmbio comercial na fronteira e que a população local manteve, de maneira ostensiva ou velada, trocas comerciais e culturais apesar das proibições governamentais. Concluímos que os habitantes do Prata não atuaram como um mero reflexo das decisões tomadas pelos governantes, mas sim responderam a partir de suas vivências, da trajetória da comunidade e, a partir daí, elaboraram práticas que permitiram a sobrevivência e a convivência com os mesmos e também os outros. Depreende-se a partir disso que a permanência das imposições comerciais proibitivas resultou na perpetuação de tais trocas à margem ou na ilegalidade, que afinal eram práticas de resistência e estratégias de sobrevivência. A narrativa oficial não sustenta a totalidade do fenômeno cultural emanado das populações locais, e por esse motivo ignorara o significado simbólico das práticas produzidas pelos habitantes do espaço analisado. / Esta disertación contempla el intercambio cultural en la frontera entre Brasil y Paraguay en el período anterior a la guerra del Paraguay y durante el conflicto, específicamente como sucedieron a los intercambios comerciales durante el período de restricciones al comercio entre los países beligerantes. El objetivo de investigar si, a pesar de las decisiones gubernamentales, los actores cubiertos en redes comerciales y culturales de la región fronteriza continuaron desarrollando prácticas y estrategias de intercambio cultural y económico en esa región de confluencia económica y cultural entre brasileños y paraguayos. La metodología empleada en esta investigación se clasifica como exploratoria en cuanto a los objetivos y cualitativa en cuanto a la forma de abordaje del problema. En lo que se refiere a los procedimientos técnicos, este trabajo utilizó métodos de revisión bibliográfica, histórica, documental y de lectura cultural. Tomamos como base los estudios de Le Goff (2001) y De Certeau (1982) para profundizar conocimientos sobre narrativas históricas, historia nueva y contra narrativas históricas; Guerrero Arias (2002); Boas (2004); Larrain (2003), para profundizar en los conocimientos acerca de la cultura. Este apoyo teórico se configuró fundamental para responder a las preguntas: En el período previo a la guerra del Paraguay y durante el conflicto, los gobernantes decretaron restricciones al comercio entre los países beligerantes. ¿Cómo los actores cubiertos en redes comerciales y culturales que habitaban ese espacio de frontera conviven con tales restricciones? ¿Cuáles son las prácticas cotidianas que han adoptado para asegurar, de modo ostensible o velado, los intercambios comerciales y culturales entre brasileños y paraguayos? De estas preguntas derivaron las hipótesis de esta disertación: esta investigación tiene como premisa que los habitantes de la frontera desarrollaron prácticas de resistencia para, ostensiva y veladamente, dar continuidad a los intercambios, especialmente comerciales, a pesar de las prohibiciones gubernamentales al comercio entre Brasil y Paraguay. Para responder a la pregunta central y verificar si las hipótesis se confirman o debían ser refutadas, recurrimos a fuentes primarias del período estudiado que incluyen documentos oficiales y oficiosos, periódicos y anuncios comerciales de la época datados principalmente entre los años 1856 a 1870. A partir del análisis de los documentos, identificamos prácticas que apuntan al intercambio comercial en la frontera y que la población local mantuvo, de manera ostensible o velada, intercambios comerciales y culturales a pesar de las prohibiciones gubernamentales. Concluimos que los habitantes del Plata no actuaron como un mero reflejo de las decisiones tomadas por los gobernantes, sino que respondieron a partir de sus vivencias, de la trayectoria de la comunidad y, a partir de ahí, elaboraron prácticas que permitieron la supervivencia y la convivencia con los mismos y también los otros. De ello deduce que la permanencia de las imposiciones comerciales prohibitivas resultó en la perpetuación de tales intercambios al margen o en la ilegalidad, que al final eran prácticas de resistencia y estrategias de supervivencia. La narrativa oficial no sustenta la totalidad del fenómeno cultural emanado de las poblaciones locales, y por ese motivo ignoró el significado simbólico de las prácticas producidas por los habitantes del espacio analizado.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23052019-131537 |
Date | 28 February 2019 |
Creators | Oliveira, Milena Magalhães |
Contributors | Seixas, Renato Braz Oliveira de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Spanish |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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