[pt] Ser mãe é atributo universal dos indivíduos femininos da espécie humana, mas a concepção de função materna e do lugar da mãe é constantemente influenciada pelo contexto sociocultural. Assistimos, na atualidade, a uma multiplicidade de destinos femininos possíveis e observamos que novos desafios são lançados à maternidade e, mais especificamente à configuração da preocupação materna primária. Este conceito clássico de Donald Winnicott é definido como um estado materno que tem início no final da gestação e perdura nos primeiros tempos de vida da criança, promovendo a profunda identificação da mãe com o seu bebê, de forma a capacitá-la a atender às suas necessidades básicas. A mulher vive, nesse estado, ao mesmo tempo e paradoxalmente, um ancoramento em si mesma, no infantil que retorna no processo de se tornar mãe, e um silenciamento da subjetividade materna em prol da comunicação proto-simbólica e intersubjetiva com a criança. Nossa proposta nesse trabalho, então, é investigar a experiência feminina no percurso da maternidade e, mais especificamente, analisar como se dá a construção da preocupação materna primária, isto é, quais são as condições para sua instauração bem como os desafios que se apresentam a ela no contexto contemporâneo. A partir de nossa pesquisa de campo longitudinal com mulheres cariocas, de classe média, em idade produtiva e reprodutiva, apontamos para o surgimento de novas nuances no estado de preocupação materna primária, com destaque para a maior expectativa materna com relação à participação do pai nos cuidados com o bebê. Neste campo da construção da maternidade a ética do cuidado se apresenta como elemento central, uma vez que, mais do que o condicionamento biológico da mulher à tarefa materna, o campo do desejo e do simbólico se mostram determinantes nessa empreitada. / [en] Being a mother is not an universal attribute of the female individuals of the human species, but the conception of mother s function and mother s place are constantly influenced by the socio-cultural context. We are nowadays witnessing a multiplicity of female destinies and it is witnessed that new challenges are being introduced to motherhood, more specifically to the configuration of the primary maternal preoccupation. This classic concept of Donald Winnicott is defined as a maternal state that begins at the end of gestation and lasts throughout the early life of the child, promoting a deep identification from the mother with her baby, in order to enable her to attend to her basic needs. In this state, the woman lives, at the same time and paradoxically, an anchoring in herself, in the infant that returns to her from the process of becoming a mother, as well as a maternal subjectivity silencing in favor of the proto-symbolic and intersubjective communication with the child. Our proposal in this work, then, is to investigate the female experience on the path to maternity, and more specifically, to analyze how it occurs the construction of the primary maternal preoccupation, that is, what conditions for its establishment are, as well as the challenges it shows in the contemporary context. Based on our longitudinal field research with middle-class women of productive and reproductive age in Rio, we point to the emergence of new nuances in the state of primary maternal preoccupation, featured the higher maternal expectation regarding the father s participation in the caring for baby. In this field of maternity construction, the care ethics is a central element, once rather than the biological conditioning of women in the subject matter, the desire and symbolic fields are shown as determinants in this endeavor.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:57455 |
Date | 18 February 2022 |
Creators | NATALIA DE TONI GUIMARAES DOS SANTOS |
Contributors | SILVIA MARIA ABUJAMRA ZORNIG |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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