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As invenções da política: sobre a existência da política e suas transformações / Inventions of politics

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Previous issue date: 2005-06-06 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / The present thesis studies the current transformations of the statute of politics that are underway. Therefore, it develops an interdisciplinary study, aiming at elucidating the conditions that enabled, in certain moments of the trajectory of human kind, the emergence, flourishing and suppression of relations that can be considered politic relations.


Hence, it establishes a base: in each period formulates, from its anthropologic conceptions, what considers as human possibilities or limits for political action. To prove this hypothesis, the thesis analyzes the evolution of the conceptions of nature and/or human condition in modernity and how they are related to the different discourses on politics.
The research discusses four key moments in the history of political practices:
a) the preceding period to the formation of leaderships and the meaning of the formation of the State. It shows that, with the passage from nomadic to sedentary life, living conditions of human kind suffered a worsening, and that humans lost their autonomy from the members of the community, as well as the lost, for the huge majority, of their capacity of interfering in the course of their social group. It questions, the meaning that is usually given to the formation of civilization, showing that it represented the suppression of wisdoms and practices that prevented the formation of power.
2) The Greek invention of politics. It shows that the inhabitants of Greeks poleis invented a new social practice crystallized into specific institutions. In these ones, the power was shared within a community of citizens. As a result of this experience, the Greeks produced new ways of knowledge, a new vision of the world, systematized in philosophy. This political practice succumbed, as the axis of ancient civilization moved from poleis to empires and the system of fragmented sovereignties of the Middle Ages.
3) The modern invention of politics. From the Renaissance to the Enlightenment, the idea that human beings can try to mould their personal destiny, modify institutions, contain the unjustices and being actors of their own destiny, grows strongly, leading to the American and French Revolution. In the scenario of modern territorial state, defined by sovereignty, we witness the irruption of the constituent power of masses in revolutionary processes, the rescue and redefinition of citizenship and the incorporation of democratic practices by liberal regimes, which will increasingly mark the development of capitalistic society. This is based on the comprehension of the universe and humanity that is offered by experimental science. A contradictory dynamics is established, by the industrial capitalism, between the capitalistic economic sphere, which tries to impose its own legality in every field, and the political sphere, which tries to contain the totalizing vocation of the process of capital accumulation.
4) the crisis of modern politics, analyzing the tendencies leading to suppression of politics, by the undermine basis of the national state, as well as by the rise of the tendencies of mechanization and increasing systemic determination of human existence.
Undertaken this diagnosis, we finalize trying to trail possible tendencies leading to a new invention of politics. Registering a series of new political phenomena, that go beyond national frameworks and shape a movement for global justice, we focus on World Social Forum, that appears as the exemplar institution of a new kind of political practices, organized in a very different way from the former existing institutions: horizontal international organization, formation of affinity networks and groups, rejection of representation, valorization of diversity. We find new coordinates of theoretical reflection supporting these practices. And we show how they do refer to what some analysts have called global civil society, a controversial category, but useful to show those new links that have been established and how they have a considerable effect on political actions of a new kind. / Esta tese estuda as transformações hoje em curso no estatuto da política. Para isso, desenvolve um estudo interdisciplinar visando elucidar as condições que permitiram, em alguns momentos da trajetória de nossa espécie, o surgimento, florescimento e supressão de relações que podem ser consideradas políticas.
Estabelece para isso um fundamento: cada época formula, a partir de suas concepções antropológicas, o que considera possibilidades e limites humanos para a ação política. Para demonstrar esta hipótese, a tese examina a evolução das concepções de natureza e/ou condição humanas na modernidade e como elas se relacionam com os diferentes discursos sobre a política.
A pesquisa discute, a seguir, quatro momentos-chave na história das práticas políticas:
1) o período anterior à formação das chefias e o significado da formação do estado. Ela mostra que, com a passagem do nomadismo para o sedentarismo, nossa espécie conheceu uma queda na sua condição de vida e a perda da autonomia dos membros da comunidade, bem como a perda, para a imensa maioria, de sua condição de interferir nos rumos do seu grupo social. Ela questiona, assim, o significado normalmente atribuído à formação da civilização, mostrando que ela representou a supressão do saberes e práticas que impediam a formação do poder.
2) a invenção grega da política. Ela mostra que os habitantes das fileis gregas inventaram uma prática social nova, cristalizada em instituições específicas. Nelas, o poder era partilhado no interior de uma comunidade de cidadãos. Como resultado desta vivência, os gregos produziram uma nova maneira do ser humano compreender e se colocar perante a sociedade e o cosmos, novas formas de conhecimento, uma nova visão de mundo, sistematizada na filosofia. Esta prática política sucumbiu na medida em que o eixo da civilização antiga se deslocou das fileis para os impérios e o sistema de soberanias fragmentadas na Idade Média.
3) a invenção moderna da política. Do Renascimento ao Iluminismo, a idéia de que os seres humanos podem tentar moldar seu destino pessoal, modificar as instituições, conter o arbítrio e serem sujeitos do seu destino vai ganhando peso, culminando nas Revoluções Americana e Francesa. Tendo como cenário o estado territorial moderno, definido pela soberania, presenciamos a irrupção do poder constituinte das massas nos processos revolucionários, o resgate e a redefinição da cidadania e a incorporação de práticas democráticas pelos regimes liberais, que marcarão crescentemente o desenvolvimento da sociedade capitalista. Isso se apóia na compreensão do universo e da humanidade oferecida pela ciência experimental. Uma dinâmica contraditória se instaura, com o capitalismo industrial, entre a esfera econômica capitalista, que busca impor sua legalidade em todos os campos, e a esfera política, que busca conter a vocação totalizadora do processo de acumulação de capitais.
4) a crise da política moderna, examinando as tendências que apontam no sentido de sua supressão, tanto pelo solapamento das bases estado nacional, quanto pelo crescimento das tendências de mecanização e determinação sistêmica crescente da existência humana.
Empreendido este diagnóstico, finalizamos procurando rastrear o que podem ser as tendências que apontam n o sentido de uma nova invenção da política. Registrando uma série de fenômenos políticos novos, que extravasam os marcos nacionais e configuram um movimento por justiça global, focalizamos o Fórum Social Mundial, que aparece como a instituição exemplar de um novo tipo de prática política, organizado em forma muito distinta das anteriormente existentes: organização internacional horizontal, formação de redes e grupos de afinidade, recusa da representação, valorização da diversidade. Localizamos novas coordenadas de reflexão teórica embasando estas práticas. E mostramos como elas remetem ao que alguns têm chamado de sociedade civil global, uma categoria discutível, mas operativa para evidenciar nos novos vínculos que vem sendo estabelecidos e como eles incidem sobre ações políticas de um tipo até há pouco inexistente.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:leto:handle/4039
Date06 June 2005
CreatorsJr, José Correa Leite
ContributorsChaia, Miguel Wady
PublisherPontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP, BR, Ciências Sociais
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP, instname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, instacron:PUC_SP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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