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Romance e ironia : José de Alencar revisitado

Orientador : Prof. Dr. Fernando Cerisara Gil / Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa: Curitiba, 12/07/2016 / Inclui referências : f.412-421 / Resumo: Na tradição crítica brasileira, o romance de José de Alencar sempre esteve ligado ao projeto romântico de criação da identidade nacional. Essa associação entre literatura e política insistiu quase sempre em reconhecer certa idealização da realidade brasileira na fatura de suas obras. Essa idealização esteve atrelada também à estética romântica à qual José de Alencar aderiu e que primaria, segundo essa mesma tradição crítica, por certa subjetividade e sentimentalismo exacerbados. Seguindo os passos de certa tendência da atual tradição crítica, em especial de Maria Cecília Boechat em Paraísos artificiais (2003), a presente tese tem por objetivo reavaliar a relação que o romance de José de Alencar estabelece com a estética romântica e com o projeto político de criação da identidade nacional. A hipótese de trabalho repousa na ideia de que a ironia, entendida como consciência ficcional, estabeleceria uma relação problematizadora entre representação e matéria a ser representada; e, consequentemente, revelaria uma tensão forte entre o romance de José de Alencar e a construção da identidade nacional. Nesse sentido, defende-se que a presença da ironia na obra de Alencar não se esgota em um jogo ficcional que revelaria autoconsciência, como defende Maria Cecilia Boechat, mas estaria também correlacionada à elaboração de um realismo crítico. Para tanto, optou-se por se percorrer parte da recepção crítica à obra de Alencar - de Araripe Jr. a Luiz Costa Lima - de modo a evidenciar a possibilidade de articularmos consciência ficcional e realismo crítico. Na sequência, analisou-se o que se considera a totalidade dos textos críticos produzidos por José de Alencar para demonstrar o amadurecimento do autor no que diz respeito à relação entre literatura e realidade, bem como à elaboração de uma consciência formal e ficcional. Nessa altura da discussão, buscou-se evidenciar a correlação entre esses dois vetores. Por fim, analisou-se um conjunto de romances - Lucíola (1862), Sonhos d'ouro (1872) e Encarnação (1877) - para captar como consciência ficcional e realismo crítico se objetivaram na produção ficcional do autor. Esses três movimentos que compreendem a escrita da tese estão fortemente relacionados à questão última que os articula e que nos faz retornar a hipótese de trabalho: consciência ficcional e realismo crítico parecem revelar que a obra de José de Alencar engendrou um início de autonomia da esfera literária no contexto do romantismo brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: Autonomia. Literatura brasileira. Romance. José de Alencar. Ironia. / Abstract: According to Brazilian critical tradition, José de Alencar's novels have always been connected to the romantic project of building a national identity. This association between literature and politics insisted on pinpointing a certain idealization of Brazilian reality in his works. This idealization has also been associated to the romantic aesthetic to which José de Alencar joined and which was defined, according to the same critical tradition, subjective and sentimental. Following the steps of a certain tendency in the current critical tradition, in special Maria Cecilia Boechat's in Paraísos artificiais (2003), the present thesis aims to reassess the relationship which José de Alencar's novel establishes with the romantic aesthetic and with the political project of building a national identity. The hypothesis rests on the following idea: the irony, taken as fictional consciousness, would establish a problematic relationship between representation and the reality to be represented; and, consequently, would reveal a strong tension between José de Alencar's novels and the building of a national identity. Thus, it is argued that the presence of irony in Alencar's works cannot be seen only as a fictional game which would reveal a strong consciousness, as Maria Cecilia Boechat defends, but would be associated to a critical realism. Therefore, it was chosen to go through part of the critical reception to Alencar's works - from Araripe Jr. to Luiz Costa Lima - in order to articulate fictional consciousness and critical realism. In sequence, it was analyzed what is considered the totality of critical texts written by José de Alencar in order to demonstrate the author's maturation regarding to the relationship between literature and reality as well as to the building of a formal and fictional consciousness. It was also aimed to pinpoint the interconnection between these two vectors. At last, it was analyzed three novels - Lucíola (1862), Sonhos d'ouro (1872) e Encarnação (1877) - in order to perceive how the fictional consciousness and critical realism appears in Alencar's works. These three steps which comprehend the thesis are strongly connected to the ultimate point which articulate them and make to return to the hypothesis: fictional consciousness and critical realism seem to reveal that José de Alencar's works started the autonomy of literary realm in the context of Brazilian romanticism. KEY WORDS: Autonomy. Brazilian Literature. Novel. José de Alencar. Irony.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/52799
Date January 2016
CreatorsKaviski, Ewerton de Sá
ContributorsUniversidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras, Gil, Fernando Cerisara
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format421 f., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess
RelationDisponível em formato digital

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