[pt] O Antropoceno, enquanto o reconhecimento do impacto da atividade humana
no planeta, tem sido um ponto crucial e transdisciplinar de debate. Esta dissertação
intervém na teorização sobre o Antropoceno nas Relações Internacionais (RI),
defendendo a importância de incluir uma crítica à produção nesses esforços. Entender
a produção como uma determinação histórica central para compreender nossa situação
atual e posicionar o trabalho e a tecnologia como tópicos cruciais é um movimento
teórico e político importante porque constrói um terreno comum entre lutas
ambientais e trabalhistas. Em primeiro lugar, esclarecemos a conexão entre o
Antropoceno e a produção, argumentando como negligenciá-la prejudica o caráter
crítico de certas abordagens em RI. Essa afirmação é feita por meio de um diálogo
com o conceito de metabolismo desenvolvido na Ecologia Marxista, enfatizando o
trabalho como atividade metabólica, ou seja, uma forma de relacionamento
socialmente mediada com a natureza. Em segundo lugar, destacamos como essas
interações com a natureza não são apenas sempre parciais, mas mediadas por
ferramentas, máquinas e outros aparelhos. Opondo concepções de tecnologia como
expressão de certas ideias de matéria, optando por ver a maquinaria como uma
conurbação de fluxos que condensa divisões sociais mutantes do trabalho e cuja
materialidade, desde a Revolução Industrial, se baseia sobretudo em como eles dividem e gerenciam energia e informação. Olhar para essa divisão permite uma narração
sintética da trajetória tecnológica em que o Antropoceno emerge e o projeta como um
regime de informação e energia. Por último, analisamos a hipótese do comunismo
como gestão coletiva da alienação. A alienação aparece não como alienação de um
potencial criativo que compartilhamos com a natureza, mas como a capacidade
ambivalente do ser humano e da natureza de criarem coisas das quais perdemos o
controle e que podem vir a nos determinar, mudando o significado tanto do humano
quanto da natureza. Enquanto o capitalismo é um modo específico de alienação
baseado na produção de valor que gera determinações específicas, o comunismo
aparece como a reconstrução experimental coletiva de nossa organização social de
produção, uma tarefa inacabável que implica uma mudança na forma como o humano
e a natureza são determinados pela produção. / [en] The Anthropocene, which entails the recognition of the impact of human
activity on the planet, has been a crucial point of transdisciplinary debate. This thesis
intervenes in the theorization about the Anthropocene in International Relations (IR)
by arguing for the importance of including a criticism of production in those efforts.
Casting production as a central historical determination for understanding our
current predicament, and positioning labor and technology as crucial topics is an
important theoretical e political move because it enables the establishment of a
common ground between environmental and labor struggles. First, we clarify the
connection between the Anthropocene and production, arguing how neglecting it
blunts the critical edge of critical approaches within IR. This claim is made through a
dialogue with the concept of metabolism as advanced in Marxist Ecology,
emphasizing labor as metabolic activity, that is, a socially mediated form of relating to
nature. Second, we foreground how those interactions with nature are not only
always partial, but mediated by tools, machines and other apparatuses. We run
against conceptions of technology that cast it as the expression of certain ideas of matter, opting to see machinery as a conurbation of flows that condenses mutating social divisions of labor and whose materiality, since the Industrial Revolution, is particularly based on how they split and manage energy and information. Looking at that split allows a synthetic narration of the technological trajectory in which the Anthropocene emerges and casts it as a regime of information and energy. Last, we
end by entertaining the hypothesis of communism as the collective management of
alienation. Alienation appears not as estrangement from a creative potential we share with nature, but as the ambivalent capacity of the human and of nature to create things from which we lose control and may come to determine us, changing what both human and nature mean. While capitalism is a specific mode of alienation based on value production that generates specific determinations, communism appears as the collective experimental remaking of our social organization of production, an
unfinishable task that while performed changes how the human and nature are
determined by production.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:53716 |
Date | 15 July 2021 |
Creators | RAFAEL MOSCARDI PEDROSO |
Contributors | PAULA ORRICO SANDRIN, PAULA ORRICO SANDRIN |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | English |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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