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A expressão do deslocamento nas linguas naturais

Resumo: Esta pesquisa pretende estudar translinguisticamente em português brasileiro (PB), francês e inglês a expressão de mudança de lugar (movimento inerentemente direcionado) denotada pelas construções [Vmaneira + Preploc]: "Uma pedra voou no capô do meu carro". O resultado que comumente esperamos quando interpretamos sentenças com estas construções é a leitura de que o movimento ou deslocamento denotado pelo verbo ocorre dentro de um único espaço (A), introduzido pela preposição, sem que a figura em movimento saia deste lugar de referência para um outro lugar-alvo, isto é, que a figura comece e termine a ação denotada pelo verbo no mesmo lugar-fundo. Como a leitura alternativa evidenciada em nossos dados pode ser licenciada ou denotada pelo verbo, pela preposição, ou pela interação de traços semânticos, sintáticos ou conceituais de ambos, nos propomos a analisá-los cuidadosamente. Assim, começaremos este debate com a análise de alguns verbos da classe dos Verbos de Maneira de Movimento sob a luz da teoria decomposicional de Pinker (1989, 2005) apoiada por Talmy (2000) e, em seguida, veremos Jackendoff (1989) que nos fornece uma proposta interessante de decomposição da estrutura conceitual das preposições espaciais. Finalmente, como ambas as teorias não nos permitem explicar com sucesso a variação de nossos dados, nos serviremos da proposta de Sintaxe de Primeira Fase de Ramchand (2008) associada a conceitos da Nano-sintaxe como é sugerido em Fábregas (2007) e em Pantcheva (2007). Estes últimos recomendam um sistema nos moldes da teoria X-barra que integra conceitos de teorias lexicalistas e sintáticas, mas que concebe o Léxico e a Sintaxe como componentes de um único nível de processamento, anterior a inserção, justificando assim a dispensa de regras de ligação entre os dois planos. Ao longo da análise, fomos capazes de formular algumas hipóteses para as alternâncias acima sugeridas, entre elas a de que os verbos de maneira de movimento não carregam todos o mesmo arranjo de traços conceituais primitivos, o que explicaria seus comportamentos distintos. Nossos dados e conclusões nos fizeram, acima de tudo, questionar a existência de uma classe natural homogenia que se organize em torno de um único traço relevante: no caso, o traço de Maneira. De fato, sugerimos que o comportamento de um verbo não é previsível somente porque ele carrega um único traço conceitual, mas pela combinação de vários traços que são, por sua vez, de um número limitado. Estes traços se organizam, então, dentro de um ou mais itens lexicais, variando na sua distribuição de uma língua para outra. O que propomos ser universal é o arranjo destes traços, que respeita uma determinada hierarquia e certas regras de distribuição, enquanto que línguas distintas os distribuem em itens lexicais variados.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/29738
Date26 March 2013
CreatorsRammé, Valdilena
ContributorsWachowicz, Teresa Cristina, 1966-, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduaçao em Letras
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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