A escritora inglesa Jane Austen possui, além do status de autora canônica, um apelo popular não apenas em função de sua qualidade como escritora, mas também pela força imagética de suas obras quando adaptadas para o cinema. Em Amor e Inocência (2007), o diretor Julian Jarrold apresenta um episódio ocorrido na vida da autora, com base em fatos extraídos da biografia Becoming Jane Austen, escrita em 2003 por Jon Spence. O filme explora um possível envolvimento entre a jovem Jane e o estudante irlandês Tom Lefroy. Essa produção, enquanto apresenta o início da carreira da escritora, sugere que o trauma da relação mal sucedida com Lefroy possa ter sido a fonte temática que inspirou sua obra ficcional posterior. Esta dissertação verifica de que forma o filme articula as questões históricas sobre a vida de Austen com as situações ficcionais apresentadas em seus romances para chegar a um produto final tão coeso e verossímil, embora ficcional. Especial atenção é dada ao estudo da construção da personagem protagonista, que resulta da combinação entre o conteúdo imagético das obras de Austen e os elementos biográficos pesquisados por Spence. Além dessas fusões, há ainda que ser considerado o ícone Jane Austen, que habita o imaginário dos ingleses e dos leitores pelo mundo afora. Na evolução das adaptações fílmicas das obras de Austen testemunhamos a fusão entre as personagens e a própria autora, especialmente no caso de Elizabeth Bennet, em Orgulho e Preconceito (1813). Para realizar esta análise, lanço mão dos conceitos de adaptação e apropriação propostos por Linda Hutcheon, e do conceito de metaficção historiográfica estabelecido pela mesma autora em A Poetics of Postmodernism: History, Theory, Fiction (1988). Ao término do trabalho, espero que esta discussão investigativa e argumentativa seja útil em três aspectos: contribuindo para o debate sobre autores usados como personagens na ficção derivativa contemporânea; identificando certas necessidades culturais que subjazem ao culto do ícone Jane Austen, conhecido como Austenmania; e verificando até que ponto o conceito de metaficção historiográfica dá conta de propostas narrativas em que a personagem histórica retratada é também uma escritora. / Jane Austen enjoys more than the status of canonical author: she is also popular not only because of her achievements as a writer but also for the cinematic appeal of her novels. In Becoming Jane (2007), director Julian Jarrold presents the story of Jane Austen from an episode occurred early in the author’s life. Based on facts extracted from Jon Spence’s biography Becoming Jane Austen (2003), the film explores a supposed relationship between young Jane and an Irish Law student, Tom Lefroy. In Becoming Jane we witness the beginning of Austen’s writing career, and the film speculates that the trauma of a failed relationship with Lefroy was the inspiration for Austen’s mature novels. This work verifies the ways in which the film articulates the historical aspects of Jane Austen’s life with fictional events as presented in her novels to reach a cohesive and credible – although fictional – result. Special attention is paid to the process of constructing a fictional Jane as main character, combining the images contained in her novels with the biographical elements presented by Spence; it is also considered in this analysis the evolving nature of Jane Austen as an icon that inhabits not only the English imaginary but also that of readers all over the world. In the evolution of Austen filmic adaptations, we witness a fusion between her characters and the author herself, especially Elizabeth Bennet from Pride and Prejudice (1813), which adds to the intertextual layers of any film analysis. To deal with the questions of film adaptations, I refer to the concepts of adaptation and appropriation as posed by theoretician Linda Hutcheon. For the specific analysis of the phenomenon of author as character, I turn again to Linda Hutcheon and the concept of historiographic metafiction presented in A Poetics of Postmodernism: History, Theory, Fiction (1988). I hope, by the end of this thesis, that this investigative and argumentative analysis is helpful in three instances: contributing to the discussion of the use of authors as characters in contemporary fiction, be it filmic or literary; identifying the cultural needs of readers and critics that perpetuate the cult of Jane Austen, known as Austenmania; and verifying to what extent historiographic metafiction alone is enough to deal with narratives in which the historical character portrayed is also a writer.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/76218 |
Date | January 2013 |
Creators | Ramgrab, Ana Iris Marques |
Contributors | Maggio, Sandra Sirangelo |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | English |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0027 seconds