Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / É possível uma juventude periferizada e criminosa ser encantadora, apaixonante? É possível se pensar esta mesma juventude cotidianamente em situação de fuga, como produtora de fervilhantes estéticas, reverberadora de vozes afirmativas, que amplificam e exibem, diante de nossos narizes, espancadas nas superfícies visuais de nossas cidades, significativas contradições e dissonâncias flagrantes de boa parte dos desafios urgentes para nossa sociedade fragmentada? Esta pesquisa, portanto, se mostrando, logo de cara, nada imparcial, propõe uma aventura intelectual cheia de ousadias, e por que não, crimes, que sugerem, mesmo que nada educadamente, respostas afirmativas a estas perguntas. Para tanto, mergulhei, e, de repente, me vi envolvido, contaminado por uma meninada que escolheu a piXaÇÃo como forma de espancar pelos muros, topos, marquises, pedras, janelas, ou melhor, pela superfície das cidades, a sua existência, gritando em fetiches visuais, sua condição nada anônima, que, não só habita, mas assina e registra à tinta spray, um projeto de cidade, em grande parte, anonimador. A cidade, aparentemente a contra gosto, veste este seu inescapável jeitão contemporâneo, em outras palavras, nada maquiado, em sintonia com os frangalhos, ruínas e imperfeições que nos constituem. Juventude criminosa reencantadora de projetos civilizatórios falidos? Quanta ironia! Ar respirável pela coragem! Vejo, portanto, a produção estética como condição para a existência humana, como maneira de amenizar as misérias de um vazio contemporâneo, como elemento reencantador de um mundo contaminado por um fetiche UNO metafísico. Tudo isso por uma vida mais fruível, prazerosa. piXaÇÃo, então, como uma entre as produções juvenis contemporâneas que, mesmo em sua farda condição periferizada, habitantes dos locais não só geograficamente, mas também, simbolicamente invisibilizados, nomademente, com toda audácia e indisciplina, atravessam esta cidade que, pelo que aparenta, não foi projetada para elas. Seres inesperados, bem-humorados, habilidosos na arte de não serem pegos, nem ligando para tudo isso, fervilhantes flagrantes de que nosso histórico projeto civilizatório, pautado em morais eurorreferenciadas, grosso modo, cristãs, não dão mais conta, se é que um dia deram. Polifonia urbana evidente, sem saber muito bem o que é crime e o que é arte, outras cidades, outras juventudes, outras estéticas. E eu vou por aí, em risco de vida. / Can a peripherized and criminal youth be charmer and lovely? Can we think this youth, in a daily situation of escape, as producer of exciting aesthetics, reverberating affirmative voices, which amplify and show, in front of our noses, spanked over the visual surfaces of ours cities, significatives contradictions and dissonances flagrants of urgent challenges to our fragmented society? This research, therefore, showing up as a nonimpartial work, proposes an intellectual adventure full of daring, and why not, crimes, suggesting, even not educative, affirmative answers to these questions. In this way, I plunged, and, suddenly, saw myself surrounded and contaminated by these youth. who chose the piXação as a way to spank through the walls, tops, marquee, stones, windows, or better, through the surface of the city, their existence, shouting out of loud in visual fetishes, their non-anonimous situation, that not only inhabits, but signs and register with aerosol paint, a city project, in several ways, anonimator. The city, apparently against its will, dresses its inescapable contemporary face, in other words, not made up, tuned with the frazzle, ruins and imperfections that constitute us. Criminal youth reenchanter of failed projects of civilization? Such irony! Respirable air through corage! I see, therefore, the aesthetic production as condition for the human existence, as a way to temper the miseries of a contemporary felling of empty, as a reenchanter element of a world contaminated by a metaphysical fetish UNO. All of this, for a more pleasable life. PiXação, so, as one of the contemporary youth aesthetic production that, even with its peripherized situation, inhabitants of locals, not only geographical, but symbolically invisibilized, nomads, with all audacity and indiscipline, crosses this city that, apparently, has not been projected for them. Unexpected beings, in a good mood, skilled in the art of not being caught, not caring about all of this, teeming flagrants that show us that our historical project of civilization, based on euro-referended morals, in some way, Christian, does not account for, anymore. Urban polyphony evident, without knowing very well what is crime and what is art, other cities, other youths, other aesthetic. And I go this way, in risk of life.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:754 |
Date | 15 September 2009 |
Creators | Gustavo Rebelo Coelho de Oliveira |
Contributors | Paulo Sergio Sgarbi Goulart, Aldo Victorio Filho, Walter Omar Kohan, Sandra Mara Corazza |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Educação, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf, application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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