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Desfuncional / Defunctional

Desfuncionalizar as linguagens desfuncionalizar a cultura desfuncionalizar a vida. esta frase, com que a professora lucrécia ferrara sintetizou minha pesquisa, orientou a elaboração deste trabalho, iniciado pela leitura das obras fonte (1917), de marcel duchamp, e a traição das imagens (1928), de rené magritte. tais obras, como jogos de linguagens que são, como textos profundamente conscientes de suas formação e relação com os demais de sua cultura, contribuíram para formar as questões teóricas que comporiam a seqüência do trabalho, seu corpo principal. a relação das linguagens com o mundo, com a cultura pregressa que as conforma, das linguagens entre si, no interior desta cultura, e suas possibilidades de desdobramento, seus funcionamentos e processos, foram estudados, a partir de referências bibliográficas vindas da semiótica, da lingüística, da teoria e crítica de arte e, sobretudo, da filosofia (destaque para as obras de jacques derrida, gilles deleuze e félix guattari, e roland barthes; com contribuições mais pontuais, como as noções de carnavalização e intertextualidade de mikhail bakhtin, a dominância nas funções de linguagem em roman jakobson, as obras de charles peirce e ludwig wittgenstein, as análises do riso, por henri bergson, e do jogo, por johan huizinga), bem como de exemplos literários (destacadamente os livros de lewis carroll das aventuras de alice e o dom quixote, de miguel de cervantes). ao empobrecimento de nossas escrituras (nossas linguagens cultura e vida, num movimento contínuo e complexo que nos impede assim separá-las), à sufocação de suas potências por suas formas consagradas e suas funções previstas, à estagnação que a funcionalidade racionalista impõe às coisas e ao nosso estar entre elas, sob a forma de uma língua estável e definida num mundo de coisas idem, o trabalho encontra a proposta de uma escritura plenamente consciente de si, de sua constituição, seu desenvolvimento, suas escolhas, seus diálogos, sua inserção em seu contexto, e do espaço aberto entre o texto que ela se faz e o texto que fariam as normas e hábitos da linguagem para comunicar; uma escritura permanentemente atenta ao jogo, atenta ao seu corpo e às figuras que pode criar neste espaço vital que abre; uma escritura que não se esgote num fim, não se apague na repetição de um modelo, nem se necrose numa verdade; escritura poética em cuja ocorrência se abram possibilidades de construção de sentidos, para além dos significados cristalizados; irrupção do devir-música da escritura, do desfuncional (que não se resolve nem se resume na dualidade função e disfunção phármakon: remédio e veneno), dos funcionamentos patológicos, escritura apaixonada, saturação do texto, transbordamento, na desconstrução do funcionalismo de nossa cultura e de suas fronteiras. / to defunctionalize languages to defunctionalize culture to defunctionalize life. this sentence, with which professor lucrécia ferrara synthesized my study, guides this dissertation, initiated with a reading of the works fountain (1917), by marcel duchamp, and the treachery of images (1928), by rené magritte. these works, being languages games, texts profoundly conscious of their formation and their relationships with the others from their culture, have helped form the theoretical issues that would constitute the sequence of the text, its body. languages relationships with world, with the previous culture that form them, relationships among languages, within this culture, and their spreading possibilities, their functioning and procedures, were studied, with a bibliography that includes semiotics, linguistics, art theory and criticism and, above all, philosophy (especially the works of jacques derrida, gilles deleuze and félix guattari, and roland barthes; with more specific contributions, such as the notions of carnivalization and intertextuality from mikhail bakhtin, the dominance in language functions from jakobson, the works of charles sanders peirce and ludwig wittgenstein, and the analysis of laughter, by henri bergson, and of ludicity, by johan huizinga), as well as literary examples (particularly the books of alices adventures by lewis carroll, and don quixote, by miguel de cervantes). to the impoverishment of our writings (our languages culture and life, in a complex and continuous movement that prevent us to separate them), to the suffocation of their potentialities by usual forms and provided functions, to the stagnation that rationalist functionality imposes on things and on our being among them, in the form of a stable and defined language in a world compound of things idem, this work proposes a writing amply conscious of itself, of its constitution, its developments, its choices, its dialogues, its insertion in its context, and of the space created between the text it makes itself and the one which would be made by the habits and norms of the language directed to communicate; a writing permanently attentive to the game, aware of its body and the figures it can create in the vital space that it opens; a writing not depleted by ends, not obliterated by the repetition of a model, not necrosed by a truth; poetic writing in whose happening new possibilities for the construction of sense are created, beyond crystallized meanings; eruption of writings becoming-music, the defunctional (that cannot be resolved into neither reduced to the duality function and dysfunction phármakon: medicine and poison), eruption of pathological functioning, passionate writing, saturation of the text, overflow, deconstruction of our cultures functionalism and its borders.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-29062010-143607
Date12 May 2010
CreatorsPedro, Gabriel Pedrosa
ContributorsGiorgi Junior, Giorgio
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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