Primo Levi (1919-1987), de origem judaica, antifascista e químico de formação, passa quase um ano de sua vida como prisioneiro em um dos campos de concentração de Auschwitz. Preso como partigiano, deportado como judeu, e sobrevivente por acaso, Levi faz daquela experiência, através da necessidade de narrar, o ponto de partida de sua literatura. Seu percurso parte da literatura de testemunho, matéria de suas duas primeiras obras, Se questo è un uomo e La tregua. Porém, sua grande vocação narrativa faz com que cultive os mais diversos gêneros ao longo de sua carreira, indo desde a autobiografia, até a poesia, o romance e os contos fantásticos e de ficção científica. A análise da obra literária de Levi, obrigatoriamente, deve considerar dois aspectos, que estão na gênese e na construção de seus escritos: o primeiro é a origem de sua literatura, nascida da experiência como prisioneiro e da observação daquele universo e que dele nunca se desprendeu; o segundo é a sua formação, pois, como químico, o olhar que dirigia ao mundo era determinado pelos preceitos da ciência que escolheu, e pela qual era apaixonado. Assim sendo, pretendemos analisar a literatura de Levi a partir da relação que ela estabelece com a ciência, com a técnica e com a tecnologia, partindo de seu livro de estreia, no qual o olhar do cientista permitiu definir o Lager como um grande experimento biológico e social. As referências para a análise serão os dois primeiros volumes de contos, que se ligam à tradição do fantástico e da ficção científica Storie naturali e Vizio di forma e os dois livros da década de 70, que apresentam a técnica e o trabalho como símbolos de liberdade: Il sistema periodico, obra na qual a química, os químicos e o seu trabalho são protagonistas; e La chiave a stella, que apresenta a exaltação do trabalho liberatório, portador de satisfação e felicidade. Dessa forma, demonstraremos que nenhuma página da literatura de Primo Levi está dissociada de sua experiência como deportado ou de sua formação científica, e isso influencia diretamente o seu estilo, transformando-o em um dos principais representantes, na literatura universal, da relação entre as duas culturas, como também em um dos principais prosadores da segunda metade do século XX. / Primo Levi (1919-1987), of Jewish origin, anti-fascist and chemist of formation, passes nearly a year of his life as a prisoner at the Auschwitz concentration camp. Captured as partigiano, deported as Jew, and survivor by chance, Levi makes that experience, through the need of narrating, the starting point of his literature. His pathway starts from the testimonial literature, subject of his first two works, Se questo è un uomo and La tregua. However, his narrative vocation makes him cultivate the most diverse genres throughout his career, from autobiography to poetry, romance, fantastic tales and science fiction. The analysis of the literary work of Levi, mandatorily, must consider two aspects that are on the genesis and construction of his writings: the first one is the origin of his literature, born from his experience as prisoner and from the observation of that universe - and from which he never came off; the second one is his formation, since, as a chemist, the way he looked at the world was determined by the precepts of the science he chose, and to which he was passionate. Therefore, we intend to analyze Levis literature from the relationship it establishes with science, technique and technology, starting from his debut book, in which the look of the scientist allows to define the Lager as a great biological and social experiment. The references for this analysis will be the first two volumes of short stories, that bind to the tradition of fantastic and science fiction Storie naturali and Vizio di forma and the two books of the 70s, that present technique and work as symbols of freedom: Il sistema periodico, work in which chemistry, chemists and their work are protagonists; and La chiave a stella, that presents the exaltation of liberatory work, promoter of satisfaction and happiness. Thus, we will demonstrate that any page of Primo Levis literature is dissociated from his experience as deported or his scientific training, and it directly influences his style, transforming it into one of the leading representatives in world literature, from the relationship between \"the two cultures \", as well as one of the major prose writers of the second half of the 20th century.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15042015-152720 |
Date | 24 September 2014 |
Creators | Aislan Camargo Maciera |
Contributors | Mauricio Santana Dias, Doris Natia Cavallari, Sérgio Mauro, Adriano Schwartz, Lucia Wataghin |
Publisher | Universidade de São Paulo, Língua e Literatura Italiana, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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