Este trabalho de doutorado esboça uma teoria negativa da comunicação a partir da reelaboração negativa dos seus três conceitos fundamentais: a comunicação, o medium e a comunidade. Grosso modo, a comunicação é figurada como uma experiência radical de alteridade; o medium como a descrição dos modos de percepção desta experiência e a comunidade como a incorporação das possibilidades de sua ocorrência. A comunicação manifesta uma experiência que transforma o \'eu\' em \'mim\', pois o sujeito não é necessariamente causa ou efeito desta experiência, mas é exposto à ela, como uma ferida aberta. O medium é o modo de percepção que opera esta experiência: ele não é uma ponte entre o abismo que separa o mim do outro, pois ele acentua esse abismo, na medida em que ele se imaterializa no momento da experiência, como uma materialidade que se descorporifica. E quando essa experiência efetua-se, é porque se toma parte em algo comum, em uma comunidade: mesmo que precária ou evanescente, ela incorpora a possibilidade da ocorrência deste fenômeno. Na teoria negativa da comunicação, o medium torna-se transparente, a comunidade torna-se expositória e a comunicação torna-se transcendente. Ponderar sobre a negatividade da comunicação é ir ao encontro de uma ex-comunicação: uma despalavra que busca ex-pôr aquilo que nos fenômenos comunicacionais escapa à discursividade, seja a medialidade do meio, a inefabilidade da relação ou a comunidade daqueles que não constituem qualquer comunidade. O prefixo ex assinala não apenas uma simples negação, mas um deslocamento fundamental: ele é o inegável que se pré-supõe, que constitui a comunicação, mas que resiste à qualquer conceituação. Ao mesmo tempo em que possibilita, o prefixo ex assegura a impossibilidade da sua re-presentação: um comunicar que não se estrutura em signos, mas se mostra - uma comunicação negativa, existencial, intransitiva, inexprimível, mística. / Ex-communication is an «un-word» that emphasizes what eludes in the communicational phenomenon: be it the mediality of the medium, the incomprehensibility of a relation or the community of those who have no community. The «ex» means not only a negation, but also a fundamental drift: it is the irrevocable and the irreconcilable that the communication presupposes and constitutes, although it defies conceptualization. The «ex» guarantees the impossibility of re-presentation. A communication that is not structured by signs, but rather shows itself: it is an existential, intransitive or mystical communication. This PhD thesis aims to establish the general outline for a negative theory of communication. By using the negative and posthermeneutic media philosophy developed by the philosopher Dieter Mersch, this dissertation intends a negative reelaboration of the three main concepts of a communicational theory: media, community and communication. In general, communication is taken as a radical alterity experience, medium as the modes of perception of this experience, and community as the possibility and condition of the communicacional event. In other words: in the negative theory of communication, the medium is transparent, the community is what ex-poses, and communication is transcendent.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-20052014-130144 |
Date | 19 March 2014 |
Creators | Maurício Augusto Pimentel Liesen Nascimento |
Contributors | Ciro Juvenal Rodrigues Marcondes Filho, Mayra Rodrigues Gomes, Luís Mauro Sá Martino, José Benjamim Picado Sousa e Silva, Mauro Wilton de Sousa |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ciências da Comunicação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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