A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade, chamada anteriormente no Brasil de lepra e encontrada em registros de antes de Cristo. É uma doença infecciosa, de evolução crônica, que acomete predominantemente a pele, os nervos periféricos e as mucosas, além de outros órgãos e estruturas, sendo o agente etiológico, o Mycobacterium leprae. A Organização Mundial de Saúde propõe o uso dos esquemas terapêuticos padronizados ou substitutivos para controle desta doença. É pressuposto que um dos motivos de abandono do tratamento seja a ocorrência de reações adversas relativas à terapia. A estratégia global de controle da hanseníase, portanto, deve incluir o desenvolvimento de uma vigilância efetiva dentro dos serviços de saúde. Com o objetivo de analisar o perfil de segurança da farmacoterapia utilizada no tratamento da hanseníase, foi realizado um estudo observacional, transversal, retrospectivo com a população de pacientes em tratamento para hanseníase, com esquemas padrão ou substitutivo, em Hospital Universitário de Salvador/BA, 2009 a 2015. Dos 292 pacientes eleitos, 68,8% dos indivíduos eram procedentes da capital; 70,5% pertenciam à faixa etária de adultos; 52,7% eram do gênero feminino; 47,6% eram de cor parda; 40,1% dos indivíduos eram casados; 15,4% tinham apenas ensino fundamental incompleto; 64,4% apresentaram resultado de baciloscopia negativo; 60,3% classificados como paucibacilares; 30,5% dos pacientes com forma clínica predominante tuberculóide e 59,9% das pessoas não desenvolveram surto reacional durante a poliquimioterapia. Foram notificados 114 indivíduos com suspeita de pelo menos uma reação adversa a medicamento (RAM), resultando em 150 notificações. A suspeita de reação mais frequente foi anemia (57%), seguida de xerose cutânea (6%), hiperpigmentação (3%) e cefaleia (4%), dentre outras. Em 75,4% dos casos notificados, a dapsona foi o medicamento suspeito no desencadeamento da reação adversa. A razão de prevalência foi calculada para as notificações de suspeita realizadas e 52% dos pacientes com resultado normal para deficiência da enzima glicose 6-fosfato desidrogenase foram notificados com suspeita de anemia, além de 31,6% de substituições de esquema dentre os notificados com suspeita de reação adversa. A poliquimioterapia padrão, nesta população especificamente, demonstrou ser segura, uma vez que apesar do número elevado de notificações de suspeitas de RAM, a maioria apresentou resolução no curso da terapia, com um percentual reduzido de substituições. A pesquisa agregou valores frente à escassez de achados na literatura para tal população. Os resultados poderão contribuir para um maior cuidado com os pacientes assistidos, ratificando a necessidade de vigilância contínua do uso da poliquimioterapia. / Hansen's Disease is one of the oldest diseases of mankind, formerly known as leprosy, and found in records from before Christ. It is an infectious disease, of chronic evolution, which predominantly affects the skin, peripheral nerves and mucous membranes, as well as other organs and structures. Its etiologic agent is Mycobacterium leprae. The World Health Organization suggest the use of the standard therapeutic regimen or replacement regimen in order to treat the disease. It is assumed that one reason for treatment withdrawal is the occurrence of adverse reactions during the therapy. In order to analyze the safety profile of the pharmacotherapy chosen in the treatment, an observational, cross-sectional, retrospective study was carried out with the population of patients undergoing treatment for Hansen's Disease with standard or replacement regimens at the University Hospital in Salvador - BA, 2009 to 2015. 292 patients were elected: 68.8% of them were from the capital; 70.5% belonged to the adult age group; 52.7% were female; 47.6% were brown; 40.1% of the individuals were married; 15.4% had not finished middle school; 64.4% presented negative sputum culture results; 60.3% classified as paucibacillary cases; 30.5% of the patients were diagnosed with predominant tuberculoid clinical form and 59.9% of the patients did not develop a reaction outbreak during multidrug therapy. Reports showed that 114 subjects were suspected of having at least one drug adverse reaction, resulting in 150 reports. The most frequent suspected reaction was anemia (57%), followed by xerodermia (6%), hyperpigmentation (3%) and headache (4%), among others. In 75.4% of reported cases, Dapsone was the suspected drug. The prevalence ratio was calculated for the suspected reports. 52% of patients with normal results for glucose-6-phosphate dehydrogenase enzyme deficiency were suspected of having anemia, in addition to 31.6% of regimen replacements among those reported with suspected adverse reactions. The standard multidrug therapy, particularly among this population, has been proven to be a safe choice, despite the high numbers of suspected reports of ADR, most patients presented signs of resolution during of therapy, with a low percentage of replacements. The research added values regarding the safety profile of the treatment for Hansen's Disease in the face of the scarcity of findings in the literature for such population. The results not only will contribute to a greater care with the elected patients, but will also confirm the need for continuous watching of multidrug therapy use.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/158711 |
Date | January 2016 |
Creators | Santos, Carla de Jesus |
Contributors | Noblat, Lúcia de Araújo Costa Beisl, Machado, Paulo Roberto Lima |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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