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Prazer-sofrimento e saúde no trabalho com automação: estudo com operadores em empresas japonesas no Pólo Industrial de Manaus

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Previous issue date: 2008 / A atual configuração do mundo do trabalho caracteriza-se pela complexidade e intensificação dos riscos à saúde do trabalhador. A presente tese aborda trabalho e saúde a partir do referencial da psicodinâmica de Dejours, privilegiando a categoria prazer-sofrimento, no contexto do trabalho com automação no Pólo Industrial de Manaus - PIM. Visando situar os aspectos macroeconômicos, apresenta-se a condição sócio-econômica dos operadores e o contexto da reestruturação produtiva do PIM, que se caracterizou por intensificação da automação. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a organização de trabalho com automação e seus desdobramentos sobre a saúde dos operadores e das operadoras de máquina de inserção
automática, focalizando o prazer-sofrimento e seus reflexos sobre o processo de saúde-adoecimento. Elegeu-se a abordagem qualitativa, em consonância com a fundamentação
teórico-metodológica de Dejours. A pesquisa empírica foi realizada na área de inserção automática das duas empresas de origem japonesa, de grande porte, do segmento eletroeletrônico
do PIM. Participaram como sujeitos 21 operadores de máquinas (dez de uma e onze de outra empresa). A principal fonte de dados foi a fala dos sujeitos, que responderam a uma entrevista individual semi-estruturada. Para a análise de dados foi realizada uma articulação da sistemática da Grounded Theory à base psicodinâmica, como opção de técnica qualitatativa adequada a entrevistas individuais. A preocupação com a “qualidade” se destacou como categoria central, mostrando-se presente em todas as esferas da organização de trabalho e modulando a vivência de prazer-sofrimento: dentre as principais fontes de prazer, realizar o trabalho com perfeição foi reiteradamente mencionado; em contrapartida, o medo de errar é uma das principais fontes de sofrimento, causa permanente de tensão, agravante do risco de adoecimento. O prazer provém da identificação com a tarefa de operar máquinas, de alta
tecnologia, sem cometer erros; aprender mais e dominar a “tecnologia de ponta” é uma fonte de mobilização subjetiva. O sofrimento decorre da sobrecarga de trabalho, mal remunerado,
sob intensa pressão por “qualidade”. Para suportar o sofrimento, os trabalhadores constroem estratégias coletivas de defesa: usam gracejos direcionados aos colegas que cometem erros,
interpretados como recurso para reduzir o sofrimento originário do medo de falhar. Utilizam ainda grande diversidade de estratégias individuais de defesa, reflexo do individualismo. O
reconhecimento, considerado na psicodinâmica como via privilegiada para a ressignificação do sofrimento, é pouco presente: menos de metade dos operadores se considera devidamente reconhecido por seu trabalho; mencionam os baixos salários como evidência da falta de reconhecimento. Em uma das empresas também falta o reconhecimento simbólico, agravando o sofrimento. O predomínio do sofrimento sobre o prazer no trabalho conduz a um desequilíbrio que resulta no uso exacerbado de defesas: manifestam-se as patologias sociais do
trabalho, dentre as quais foi identificada a patologia da sobrecarga, relacionada à carga excessiva de trabalho que é importa aos operadores e às operadoras, pois à aquisição de
máquinas corresponde a redução de pessoas. O sofrimento no trabalho, no PIM, está sendo intensificado com a automação, inserida no contexto de super-exploração do trabalho,
integrante da organização flexível do capital. / The current configuration of the workplace is characterized by the complexity and intensification of worker health risks. This present thesis addresses labor and health with
Dejours’ psychodynamics as a reference point, focusing on the category of pleasure and suffering within the labor-with-automation context at the Manaus Industrial Complex (PIM).
Seeking to situate macroeconomic aspects, this study presents the socioeconomic conditions of operators and the context of productive restructuring at PIM, predominantly characterized by
increasing automation. The purpose of this study was to analyze labor organization with automation and its results on health of automated machinery operators, focusing on pleasuresuffering
and its impacts on the health-illness process. In accordance with Dejours’ theoreticalmethodological groundwork, we chose to use a qualitative approach. The empirical research was conducted in the automation area of two large Japanese companies in the electronicselectric goods segment of the PIM. Twenty-one machine operators participated as subjects (ten
from one company and eleven from the other). The main source of data was conversations with the subjects, who responded to a semi-structured interview. A linking between the Grounded
Theory with psychodynamics was used for analysis, as a qualitative technique suited to individual interviews. The concern over “quality” stood out as a core category, proving to be present in all spheres of labor organization and modulating the experience of pleasuresuffering: one of the main sources of pleasure, often mentioned, consists in performing their tasks without errors. On the other hand, the fear of errors is one of the main sources of suffering, a permanent source of tension, aggravating the risk of illness. Pleasure also comes from identifying with the task of operating high-technology machinery without committing errors. Learning more and mastering “cutting-edge technology” is a source of subjective mobilization. Suffering results from underpaid work overload, under intense pressure to produce “quality”. Workers construct collective defense strategies to support suffering: they make jokes at colleagues who make mistakes, interpreted as a resource to reduce suffering coming from fear of failure. They also use a wide variety of individual defense strategies, a reflection of individualism within this productive context. Acknowledgement, considered an ideal manner to achieve resignification of suffering, is infrequently used: less than half of the operators consider themselves duly recognized for their work; they mention the low wages as proof of the lack of acknowledgement. Symbolic acknowledgement is also lacking in one of the companies, thereby worsening suffering. The predominance of suffering over pleasure in the workplace leads to an imbalance that results in the exaggerated use of defenses: these are manifest as workplace social pathologies, among them overload pathology, related to excess work imposed on operators, since the purchase of the machines corresponds to a reduction in the workforce. Workplace suffering at PIM is far from being eliminated. In fact, it is intensifying with automation, within the context of the everworking of labor, as part of the flexible organization of capital.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpa.br:2011/3453
Date31 March 2008
CreatorsMORAES, Rosângela Dutra de
ContributorsACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth
PublisherUniversidade Federal do Pará, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, UFPA, Brasil, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPA, instname:Universidade Federal do Pará, instacron:UFPA
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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