Esta dissertação apresenta uma leitura de Nosso Musseque (2003), do escritor angolano José Luandino Vieira, um romance que se filia ao conjunto da literatura produzida na década de 1960 e que flagra o cotidiano das parcelas mais desfavorecidas de Luanda: os moradores dos musseques. O objetivo é analisar a constituição do foco narrativo e os efeitos das diversas estratégias estilísticas utilizadas no sentido do texto. Sob a égide de uma literatura comprometida com a construção da nacionalidade e da angolanidade, o romance caracteriza-se pela recuperação da memória coletiva de um grupo de crianças que habitaram as periferias de Luanda no período anterior à Guerra de Libertação, do qual faz parte o narrador. O percurso entre a infância, a adolescência e a juventude é rememorado sob numa perspectiva que adere às personagens e que se revela na polifonia de vozes discursivas, no resgate de formas oriundas da lógica da oralidade das sociedades tradicionais africanas em tensão com as que se apresentam na literatura. Essa reconstrução da memória coletiva evidencia os embates dos sujeitos com o real excludente: desvela não só os momentos significativos em que os desejos de plenitude foram frustrados, mas também as estratégias de resistência dos marginalizados ao colonialismo. Nesse sentido, a trajetória dos meninos do musseque é recontada sob um ponto de vista interno e profundamente engajado, que recupera o processo de amadurecimento e o despertar de uma consciência revolucionária e utópica, imbricando ficção e realidade. / This Masters dissertation presents a reading of Nosso Musseque (2003) by the Angolan writer José Luandino Vieira, a novel that is part of the literature produced in the 60s and which catches daily life of the most disadvantaged parcels of Luanda: the inhabitants from musseques. Our goal is to analyze the narrative focus constitution and the effects of many stylistic strategies used on the text meaning. Under the aegis of a literature committed to the construction of nationality and the Angolanity, this novel is characterized by the collective memory recovery of a group of children, which lived in the borderlines of Luanda, before the Liberation War period, in which the narrator takes part. The journey through childhood, adolescence and youth is reminded under a perspective that adheres to the characters and which reveals itself on a polyphony of discursive voices, rescuing forms from the oral tradition logic in the African traditional societies, that are in tension with those presented in literature. The collective memory reconstruction evidences the conflicts between the individuals and the excluding true: his look will uncover not only the significant moments when the wishes for plenitude were frustrated, but also the resistance strategies from the marginalized related to the colonialism. Hence, the musseque boys journey is reported under an intimate and profoundly committed point of view that recollects the maturing process and the arousing of a revolutionary and utopian conscience, imbricating fiction and reality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17042015-125654 |
Date | 25 September 2014 |
Creators | Janete Barbosa de Oliveira |
Contributors | Vima Lia de Rossi Martin, Silvio Renato Jorge, Tania Celestino de Macêdo |
Publisher | Universidade de São Paulo, Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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