A Violência entre Parceiros Íntimos (VPI) tem sido reconhecida como um importante problema de saúde pública e um fator de risco para agravos a saúde de mulheres e crianças. Os serviços de saúde desempenham importante papel na detecção precoce da VPI, especialmente em momentos da vida nos quais se preconiza o atendimento sistematizado, como na gestação e primeira infância. Esta dissertação tem como objetivo principal estimar a probabilidade de ocorrência de Violência Física entre Parceiros Íntimos (VFPI) durante a gestação e/ou pós-parto em população atendida em Unidades Básicas de Saúde (UBS),
segundo diferentes características sócio-econômicas e demográficas da clientela. Trata-se de um estudo transversal, realizado com usuárias de 5 UBS da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2007. Foram entrevistadas 811 mães de crianças de até cinco meses de idade, que não possuíam nenhuma contra-indicação formal para a amamentação e que relataram ter tido pelo menos uma relação amorosa um mês ou mais durante a gestação ou no período do pós-parto. Condições socioeconômicas e demográficas e relativas aos hábitos de vida do casal foram consideradas como potenciais preditores de violência. Utilizou-se a versão em português da CTS2 para identificar as situações de VPI. A variável de desfecho foi analisada em três níveis: ausência de VFPI, presença de VFPI no período da gestação ou do pós-parto e presença de VFPI em ambos os períodos. Utilizou-se um modelo logito-multinomial para as projeções de prevalências segundo os descritores selecionados. Os fatores que mais aumentaram a probabilidade de ocorrência de violência durante a gestação e/ou nos primeiros
cinco meses de vida da criança foram: idade materna < 20 anos, escolaridade materna inferior ao 2 grau completo, ter 2 ou mais filhos menores de cinco anos, tabagismo materno, uso
inadequado de álcool pela mãe e/ou companheiro, uso de drogas pela mãe e/ou companheiro e percepção materna sobre a saúde do bebê aquém da esperada. Entre mães com todas estas características, a estimativa de prevalência projetada de VFPI na gestação e/ou no pós-parto chegou a 96,4%, sendo 59,4% a estimativa de ocorrência em apenas um dos dois períodos e
37% em ambos. Por outro lado, a probabilidade de ocorrência de VFPI cai a 3,6% em famílias sem estas características. Os resultados indicam que a presença de certas características da
criança e de sua família aumenta enormemente a probabilidade de ocorrência de VFPI, devendo ser levadas em consideração ao se estabelecer estratégias de intervenção que visem à detecção precoce e uma efetiva intervenção. / Intimate partner violence (IPV) has been recognized as an important public health problem and a risk factor for health problems of women and children. Health services play an important role in early detection of IPV. This issue is especially important in moments of life when systematized care is recommended, such as the pregnancy and early childhood. The main objective of this research was to estimate the probability of physical intimate partners violence (PIPV) during pregnancy or postpartum period. This is a cross-sectional study carried out in 5 primary health care units in Rio de Janeiro during the year 2007. Eight hundred and eleven interviews with mothers of children up to five months of age were carried out. Mothers presenting any formal contraindication for breastfeeding were considered ineligible, as well as women not reporting at least one month of amorous relationship during the pregnancy or postpartum period. Socioeconomic, demographic and life habits of the couple were considered as potential predictors. The outcome variable was assessed at three levels: no PIPV; PIPV during the pregnancy or postpartum; and PIPV in both periods. A multinomial logit model was used for projecting the respective prevalence according to a range of selected descriptors. The risk factors significantly associated with a greater risk of PIPV were: maternal age < 20; women with less than twelve years of schooling; women with 2 or more children under five years old; alcohol misuse by mother or partner; illicit drug
abuse by the women or partner; and mothers perception of infants health lower than expected. Between mothers with all those characteristics, the projected prevalence of PIPV during pregnancy and/or postpartum was 96.4%, and as much as 59.4% accounted for the occurrence in one of the periods and 37% for the occurrence in both periods. In the absence of all of those factors, estimates reached only 3.6% during pregnancy and/or postpartum Summarizing, this study disclosed that some characteristics of children and their family increases the probability of PIPV during the pregnancy and postpartum period. This information is valuable for achieving early identification and effective resolution of the problem.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:BDTD_UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:3484 |
Date | 01 April 2009 |
Creators | Tatiana de Seixas Tavares Ribeiro |
Contributors | Claudia Leite Moraes, Claudia de Souza Lopes, Jose Ueleres Braga, Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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