Orientador: Charlotte Marie Chambelland Galves / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-22T03:43:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2013 / Resumo: O presente trabalho tem como objetivo compreender melhor o funcionamento do sistema de pontuação do português europeu do período do século XVI ao século XIX, focalizando a análise do emprego da vírgula antes de oração completiva verbal e oração completiva nominal. A escolha desses contextos de uso da vírgula não foi fortuita e se deu por duas razões: primeiro, pela dificuldade dos gramáticos, até o início do século XVIII, em definir as diferenças entre as orações completivas e as relativas restritivas e explicativas e, portanto, o uso de vírgula nesses tipos de construções também, e segundo, pela variação no uso de vírgula que se observa em textos literários escritos e publicados na época. Para a análise foi realizada a leitura de gramáticas e tratados de ortografia publicados do século XVI ao XIX e foi selecionado um corpus composto por quatorze textos de autores portugueses nascidos no mesmo período, do século XVI ao XIX, no qual foram realizadas buscas por todas as sentenças em que ocorrem os tipos de construções citados acima, precedida e não precedida por vírgula, com o auxílio da ferramenta de busca Corpus Search. Todos os dados, posteriormente, foram classificados segundo dois critérios: o primeiro de acordo com o ano e a presença ou não de vírgula antes da oração completiva, e o segundo de acordo com a presença ou não de um elemento interpolado entre o verbo e a oração completiva. Após a análise dos resultados, observou-se que a maioria dos dados tinha como verbo regente um verbo dos tipos de discurso, de pensamento ou de opinião, típicos de discurso relatado. Isso levou à hipótese e à confirmação de que a vírgula possuía mais uma função: de introduzir discurso relatado, além das descritas pelos gramáticos e ortografistas, que foi corroborada pelo fato de haver, nos mesmos textos, ocorrências com os mesmos verbos seguidos de dois pontos, que tem como função primeira introduzir citações e discursos indiretos na escrita. Além disso, notou-se também que, a partir do século XVIII, há uma queda progressiva na porcentagem de ocorrências com orações completivas precedidas por vírgula. Apesar do que as gramáticas da época mostram e alguns estudos, como o de Rocha (1997), afirmam, o modo de empregar a vírgula teria sofrido modificações desde a primeira metade do século XVIII, e não a partir do século XVII e nem mais tarde, a partir da segunda metade do século XVIII. Outro resultado interessante a que se chegou com este estudo, ainda que não seja categórico, foi o de que a variação no uso da vírgula entre uma oração completiva e o verbo que a rege nos textos quinhentistas e seiscentistas, embora à primeira vista pareça aleatória, poderia ter como motivação a presença ou não de um elemento seguindo o verbo. A análise pareceu mostrar que, quando não há nenhum elemento interpolado a preferência é pela não colocação de vírgula antes da oração completiva e quando há um elemento, a colocação de vírgula é mais frequente. Já quanto aos textos setecentistas e oitocentistas, foram poucos os casos com vírgula encontrados e desses, a maioria apresenta uma configuração bastante diferenciada, ou com uma oração relativa, uma oração parentética ou um vocativo, que devem obrigatoriamente ser isolados por pontuação, ou são ambíguos, podendo a oração completiva ser interpretada como complemento do verbo que a precede imediatamente ou como complemento ou adjetivo do verbo ou nome da oração anterior / Abstract: The objective of this study is to gain a better understanding of how the punctuation system of European Portuguese worked from 16th to 19th centuries, focusing on the analysis of the use of the comma before completive clauses selected by verb and noun. These contexts of use of the comma were chosen for two reasons: first, because of the difficulty the grammarians had in defining the differences between completive clauses and restrictive and explicative relative clauses and, therefore, the use of the comma in these contexts; and second, because of the variation in the use of the comma in literary texts written and published in the same period of time. For the analysis, we read grammars and orthography treatises published from 16th to 19th centuries and built a corpus composed of fourteen texts written by Portuguese authors born in the same period of time, in which we searched for all the sentences with a completive clause preceded or not by a comma with the help of the program Corpus Search. All data collected were, afterwards, classified according to two criteria: the author's birth year and whether there was a comma before the completive clause and whether there was an element interpolated between the verb and the completive clause. After analyzing the results, we observed that in most of the data the regent verb was a verb of discourse, thought or opinion, typical of reported speech. That led to the hypothesis that the comma had one more function, besides the one described by grammarians and orthographists: to introduce reported speech. That hypothesis was corroborated by the fact that in the same texts there are instances of the same type of verbs followed by a colon, whose main function is to introduce quotations and indirect speech in written texts. Moreover, we also noticed that from the 18th century on the percentage of instances of a completive clause preceded by a comma declines progressively. Besides what grammars and some works, like Rocha (1997), say, it seems that the use of the comma changed in the first half of the 18th century, and not from the 17th century on nor later, from the second half of the 18th century on. Another interesting result of this research, even though it is not categorical, was that the variation in the use of the comma between a completive clause and the regent verb in the 15th and 16th century texts is not random, but could be motivated by the presence or not of an element following the verb. The analysis showed that when there wasn't an element interpolated, the preference was not to put a comma before the completive clause, and when the element was present, the use of the comma was more frequent. In the 18th and 19th centuries texts only a few data with comma were found, of which most have a relative clause, a parenthetical clause or a vocative that must be isolated by a comma, after the verb, or are ambiguous and the completive clause may be interpreted as a complement of the preceding verb or as a complement or adjective of the verb of noun of the preceding clause / Mestrado / Linguistica / Mestra em Linguística
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/270497 |
Date | 22 August 2018 |
Creators | Yano, Cynthia Tomoe, 1985- |
Contributors | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Galves, Charlotte, 1950-, Galves, Charlotte Marie Chambelland, 1950-, Svartman, Flaviane Romani Fernandes, Abaurre, Maria Bernadete Marques |
Publisher | [s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Linguística |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | 118 p. : il., application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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