Return to search

O sentido do sucesso: uma construção social made in USA

Submitted by Cristiana Trindade Ituassu (cristianaituassu@yahoo.com.br) on 2012-03-20T18:50:47Z
No. of bitstreams: 1
TESE VERSAO FINALISSIMA.pdf: 2845970 bytes, checksum: 3ea08039e3283416f6fedaf64d262d9f (MD5) / Approved for entry into archive by Gisele Isaura Hannickel (gisele.hannickel@fgv.br) on 2012-03-20T19:45:56Z (GMT) No. of bitstreams: 1
TESE VERSAO FINALISSIMA.pdf: 2845970 bytes, checksum: 3ea08039e3283416f6fedaf64d262d9f (MD5) / Made available in DSpace on 2012-03-20T19:47:07Z (GMT). No. of bitstreams: 1
TESE VERSAO FINALISSIMA.pdf: 2845970 bytes, checksum: 3ea08039e3283416f6fedaf64d262d9f (MD5)
Previous issue date: 2012-02-28 / Este trabalho investiga o sucesso como um processo de construção social, a partir da análise de mais de seiscentas edições da revista Exame ao longo de três décadas. O argumento proposto na pesquisa é que o conceito de sucesso faz parte da cultura do management que, em conjunto com tecnologias administrativas, foi introduzida no País, sobretudo a partir dos anos cinquenta. A perspectiva pós-colonialista adotada permite contextualizar a importação de práticas e princípios gerenciais que compreendem o gerencialismo, a cultura do empreendedorismo e o culto da excelência. Nesse processo, destacamos o papel da mídia na difusão, legitimação e co-produção desse ideário, a partir da descrição do desenvolvimento do conceito de sucesso nos Estados Unidos e de sua reprodução no imaginário social brasileiro. Ressaltando os problemas trazidos por uma definição do sucesso ligada a aspectos extrínsecos e materiais, e reconhecendo que estudos funcionalistas ainda não ofereceram caminhos para ampliar o termo com elementos de ordem subjetiva, propomos que o sucesso seja visto como uma instituição. Por atribuirmos posição central à linguagem no processo de construção social, a base empírica desta pesquisa está fundamentada nas práticas discursivas – mais precisamente, nos repertórios linguísticos – da mídia de negócios, dado seu papel na circulação de conteúdos simbólicos. A análise dos editoriais do período de 1971 a 1998 mostrou três fases da publicação: uma em que ela se promovia; outra em que se legitimava como porta voz das empresas e uma terceira, marcada pela personalização, quando os responsáveis pelo veículo apareciam com toda sua pessoalidade, refletindo um deslocamento do foco da revista, das organizações para os indivíduos – movimento pelo qual a ideia de sucesso também passou. A análise das reportagens demonstrou que o sucesso ganhou relevância nos anos noventa e permitiu traçar um retrato do bem-sucedido segundo a Exame, a saber: como um homem empreendedor e ambicioso, branco, magro e bem aparentado, maduro nos anos setenta e jovem nos noventa, que tem alto cargo, bom salário e empregabilidade, mas vida pessoal conturbada. A análise das capas reforçou essas impressões. Se não encontramos discrepâncias na definição do sucesso ao longo da análise, percebemos a valorização do conceito e também que o sentido assumido para o termo corresponde ao sucesso norte-americano a partir dos anos trinta, relacionado à capacidade do indivíduo de impressionar, mais do que a seu caráter. No contexto brasileiro do fim do século XX, esse sucesso atende demandas de flexibilização do trabalho: cada um é um negócio e precisa se vender. A cultura do management, tão presente na publicação, justifica essa dinâmica com uma visão de mundo que sustenta um sentido do sucesso com repercussões individuais reconhecidamente negativas. Tudo isso evidencia que o Brasil absorveu um sucesso made in USA, adotado e difundido pela revista Exame. Ligado a recompensas objetivas, diante de tantas possibilidades interpretativas, esse sucesso institucionalizado atendeu interesses organizacionais, formando individualidades voltadas para esforços produtivos. Na descrição dessa dinâmica está nossa contribuição para a desnaturalização do sucesso, convidando a configurações inéditas e alternativas para o termo. / This paper investigates success as a social construction process based on an analysis of more than six hundred editions of Exame Magazine published over three decades. The proposed argument is that the concept of success is part of the culture of management that was introduced in Brazil together with administrative technologies, mainly in the 1950s. The herein adopted post-colonialist perspective allows for contextualizing the importation of management practices and principles that comprise managerialism, entrepreneurship culture and the cult of excellence. Throughout this process, we have highlighted the role played by the media in the dissemination, legitimization and coproduction of such mindset by describing the development of the concept of success in the United States and its reproduction in the Brazilian social imaginary. While pointing out the problems arisen from a definition of success connected to extrinsic and material aspects and recognizing that functionalist studies still have not been able to provide ways of expanding the term, we propose viewing success as an institution. Since language takes a central position in the social construction process, the empirical basis of this research is grounded on the discursive practices of the business media, given its role in the circulation of symbolic contents. The analysis on the editorials of the period from 1971 to 1998 uncovered three phases of the publication: one of self promotion; another one in which it legitimatized itself as a mouthpiece for businesses; and a third one, marked by personalization, when those responsible for the magazine appeared in all their personhood, thus reflecting a shift of its focus from organizations to individuals – a movement also made by the idea of success. The analysis on the reports showed that success gained prominence during the 1990s and allowed drawing a picture of the successful person according to Exame, namely an enterprising and ambitious man, white, slim and good-looking, mature in the 70s and young in the 90s, with a top position, high earnings and employability, but a troubled personal life. The analysis of the magazine covers strengthened this view. While we did not find any divergences in the definition of success throughout our analyses, we realized the valorization of the concept along with the meaning assigned to it in North America from the 1930s, which was more linked with the individual’s ability to impress than to the strength of his/her character. In the Brazilian context by the late twentieth century, success had to do with meeting job-related flexibility demands: each person is a business and needs to sell him/herself. The culture of management, clearly present in the analyzed publication, justifies this dynamics with a view of the world that reinforces the meaning of success with recognizably negative personal consequences. All this provides evidence that Brazil absorbed a made-in-the-USA success concept, as adopted and spread by Exame. Being attached to objective rewards, in face of so many possible interpretations, such institutionalized success was able to meet organizational interests by making up individualities committed to productive efforts. In the description of this dynamics lies our contribution towards the denaturalization of success, while inviting novel and alternative configurations for the term.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:bibliotecadigital.fgv.br:10438/9454
Date28 February 2012
CreatorsItuassu, Cristiana Trindade
ContributorsFreitas, Maria Ester de, Fontenelle, Isleide Arruda, Tanure, Betania, Hanashiro, Darcy Mitiko Mori, Escolas::EAESP, Tonelli, Maria José
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional do FGV, instname:Fundação Getulio Vargas, instacron:FGV
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0033 seconds