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A qualidade de vida e a experiência do trauma para vítimas e seus familiares / The quality of life and the trauma experience for their victims and relatives

O objetivo deste estudo foi compreender o significado cultural de qualidade de vida para pessoas que vivenciam o processo de reabilitação de múltiplos traumas. A antropologia interpretativa, a etnografia e o Modelo Conceitual de Qualidade de Vida do Centre for Health Promotion foram utilizados como referencial teórico, nesta investigação. Participaram, deste estudo etnográfico, 11 sujeitos que estiveram internados, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e dez familiares. Para a coleta de dados, foram utilizadas a entrevista semiestruturada e a observação direta no domicílio dos participantes. A partir da análise e interpretação dos dados, constatou-se que os sentidos atribuídos pelos participantes à experiência do trauma estão relacionados às sequelas do trauma e a suas consequências, aos sentimentos de medo e insegurança, à vulnerabilidade vivenciada no pós-trauma associada ao surgimento de novas patologias e agravamento do quadro clínico e às percepções negativas da imagem corporal e das limitações físicas. Os sujeitos atribuíram o trauma e suas consequências aos desígnios de Deus, a hábitos como bebidas e uso de drogas ilícitas, ao ambiente de trabalho inseguro. Mencionaram que, apesar das consequências do trauma (incapacidades físicas, mudanças nas relações sociais, mudanças no estilo de vida), a experiência trouxe um melhor convívio familiar. As dimensões de qualidade de vida consideradas importantes para o grupo social foram ter saúde, trabalho e apoio. Considerando o Modelo Conceitual de Qualidade de Vida do Centre for Health Promotion, apresentado por Renwick (2004), a dimensão ser para os participantes deste estudo refere-se ao aspecto físico (dependência física, a preservação da imagem corporal), psicológico (ter felicidade) e espiritual (ter fé em Deus). Ao mencionarem o trabalho como um importante aspecto de reinserção social, observaram-se em suas narrativas as noções de ser já que é preciso ter saúde, recuperar a mobilidade e a independência; o que requer a noção pertencer, ou seja, o apoio social, espiritual e familiar, e associado à noção tornar-se, à medida que auxiliaram nas adaptações às mudanças vivenciadas no pós-trauma. . Os participantes expressaram que o trauma possibilitou a oportunidade de ver a vida com outro olhar. Os familiares e os pacientes procuraram reestruturar suas vidas em função do trauma, das dificuldades encontradas e de seu significado social. / The aim of this study was to understand the cultural meaning of quality of life for the people who live the rehabilitation process of multiple traumas. The interpretative anthropology, the ethnography and the Conceptual Model of Quality of Life of Centre for Health Promotion were used as theoretical reference in this investigation. In this ethnographic study, eleven subjects who were hospitalizes at the Intensive Care Unit of School Hospital of Federal University of Triângulo Mineiro and ten relatives. For the data collection, semi-structured interview and the direct observation at the participants domicile were used. From data analysis and interpretation, it was observed that the senses attributed by the participants to the trauma experience are related to the sequelas and their consequences, to the feelings of fear and lack of confidence, to the vulnerability lived at post trauma associated with the upcoming of new pathologies and aggravation of clinical situation and to negative perceptions of body image and physical limitations. The subjects attributed trauma and its consequences to Gods will, to habits such as drugs and alcohol abuse, to the unsafe working place. It was mentioned that, in spite of trauma consequence (physical disability, social relationship changes, life style changes), the experience has brought a better familiar relationship. The quality of life dimensions considered important for the social group were those of having health, work and support. Considering the Conceptual Model of Quality of Life of Center for Health Promotion presented by Renwick (2004), the dimension of being for the participants of this study refer to the physical aspect (physical dependence, body image preservation), psychological (having happiness) and spiritual one (having faith in God). At mentioning the job as an important aspect of social reinsertion, it was observed, in their narratives, the notions of being, once it is necessary to have health, recover mobility and independence; which requires the notion belonging, which is, the social, spiritual and familiar support, and associated with the notion becoming, as they have helped in the adaptations to the changes lived at posttrauma. The participants expressed that trauma made possible the opportunity to see life with other eyes. The relatives and the patients tried to re-structure their lives due to the trauma, to the difficulties and their social meaning.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-30062009-103348
Date10 June 2009
CreatorsPaiva, Luciana
ContributorsRossi, Lidia Aparecida
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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