A presente pesquisa se propôs a indagar que conhecimentos sobre a língua escrita tinham crianças provenientes de famílias de baixa renda, com escasso contato com livros e leitores no seu entorno extraescolar, ao final da etapa pré-escolar, e em que medida tais conhecimentos poderiam estar relacionados a duas propostas didáticas diferentes. As escolas foram selecionadas em periferias urbanas consideradas de alta vulnerabilidade quando comparadas com outras regiões dos mesmos municípios. Além desse critério de seleção da amostra, procuraram-se pares de instituições com perspectivas contrastantes no que concerne às possibilidades de acesso oferecidas para o ingresso das crianças pequenas nas culturas do escrito. As quatro escolas selecionadas, após análises preliminares, foram organizadas em dois grupos: de um lado, aquelas que propunham práticas de ensino pautadas na apresentação gradual e sequenciada de letras e atividades de cópia (Escolas X) e, de outro, pré-escolas que consideravam a língua escrita como um objeto cultural com o qual as crianças interagiam exercendo diversas práticas sociais de leitura e escrita em distintos contextos de uso, ao mesmo tempo em que tinham possibilidades de apropriar-se das particularidades do sistema de escrita alfabético (Escolas Z). Foram propostas a 60 crianças, com idade média de 6 anos, de ambos os sexos, a resolução de algumas tarefas: escrita do nome próprio e de uma lista de palavras do mesmo campo semântico; leitura de títulos de história em uma série de subtarefas encadeadas com diferentes graus de contextualização; exploração de livros informativo e literário; omissão do primeiro fonema de uma lista de palavras, apenas de forma oral, e conhecimento de letras em um teclado de computador. Os dados obtidos mostraram que em todas as tarefas propostas o grupo das Escolas Z obteve melhores resultados quando comparado ao das Escolas X, sendo que, em algumas, essa diferença mostrou-se expressiva. A análise qualitativa sugere que essa regularidade nos resultados é de especial interesse uma vez que os conhecimentos das crianças sobre a língua escrita, bem como os procedimentos por elas utilizados, podem ser vinculados com as diferentes propostas didáticas envolvendo a leitura e a escrita das quais tiveram a oportunidade de participar. Foi possível concluir que as crianças de todas as escolas possuíam diversos conhecimentos sobre a escrita e tiveram contato sistemático com a linguagem escrita e com textos diversificados. Contudo, a oportunidade que as crianças tiveram de escrever segundo suas possibilidades, de interpretar o escrito, trocar com pares e receber ajuda de docentes que conhecem a especificidade da construção inicial da escrita, promoveu maiores aprendizagens acerca da língua escrita, do que as atividades de cópia e treino de habilidades perceptivo-motoras. Consideramos que esta pesquisa pode vir a fornecer novos elementos para compreender e caracterizar as propostas didáticas de leitura e escrita vigentes na Educação Infantil e fornecer dados que poderão contribuir para alimentar os debates atuais acerca de quem é e o que sabe essa criança que, desde 2010, chega aos 6 anos de idade nas salas de 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos. / The purpose of this research is to investigate the knowledge about written language that children from low income families, and scarce contact with books and readers in their environment out of school, have at the end of pre-school, and to which extent such knowledge may be related to two different pedagogies proposals. The selected schools were located in urban outskirts and considered highly vulnerable when compared to other regions within the same city. In addition to this selection criterion, the samples comprehend pairs of institutions with a contrasting outlook regarding the possibilities of access offered to young children in their contact with the writing cultures. After preliminary analyses, the four selected schools were organized in two groups: those which advocated teaching practices guided by the gradual and sequential presentation of letters and copying activities (X Schools) on one hand, and pre-schools which considered the writing language to be a cultural object with which children interacted through diverse reading and writing social practices in different usage contexts, while pondering upon the characteristics of the alphabetic writing system, on the other hand (Z Schools). Several tasks were assigned to 60 children, approximately 6 years old, of both genders: writing of their own names and a list of words within the same semantic field; reading story titles in a series of enchained sub-tasks with different degrees of contextualization; exploring informative and literary books; omission of the first phoneme of a word list, just orally, and knowledge of the letters on a computer keyboard. In all tasks proposed, the data showed that group Z achieved better results when compared to X schools; and it is worth noting that in some tasks such difference was rather significant. The qualitative analysis suggests that such regularity of results is of particular interest since the knowledge children have of and about the written language, as well the means they employ to learn may be related to the different pedagogical proposals involving the reading and the writing that they had the opportunity to take part. It was possible to conclude that children in all the schools had acquired knowledge about writing and had had systematic contact with the written language and with many different texts. However, the opportunity that the children had to write according to their skills, to interpret the written text, to exchange with peers and to be helped by the teachers who know the specificity of the initial construction of a written, produced greater learning about the written language than the activities of copying and training perceptual and motor skills. We believe that this research may ultimately provide new elements to understand and characterize the teaching proposals of reading and writing in force in Childrens Education and provide data that can help to feed the current debates in connection with who this child is and what this child, who begins the 1st of the nine-year Elementary School, actually knows.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-20102014-115756 |
Date | 12 August 2014 |
Creators | Scarpa, Regina Lúcia Poppa |
Contributors | Penin, Sonia Teresinha de Sousa |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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