O objetivo desta pesquisa foi investigar a relação entre comportamentos sexuais de risco e religiosidade entre jovens brasileiros de nível socioeconômico baixo. A pesquisa foi dividida em dois estudos: transversal (em São Paulo, Porto Alegre, Recife e Campo Grande) e longitudinal (em Porto Alegre). Participaram 4078 jovens com idades entre 14 e 24 anos, 46,5% masculino e 53,5% feminino, vivendo em situação de pobreza. Foi utilizado um instrumento auto-aplicável e confidencial de 109 questões. Os dados foram coletados em escolas e ONGs de forma coletiva. Foram desenvolvidas duas escalas, uma medindo religiosidade e outra comportamento de risco sexual (um indice composto por idade da primeira relação sexual, uso de camisinha, uso de métodos contraceptivos, abuso sexual e gravidez). A média de idade dos jovens participantes foi de 16,14 anos (SD=1,83) e não foi encontrada diferença entre moças e rapazes. Os resultados indicam que 97,2% são heterossexuais e 46,8% já tiveram a primeira relação sexual. A média de idade para o debute sexual foi de 14,24 anos (SD=0,60). A média do escore de comportamento de risco sexual foi de 0,60 (SD 0,60) com diferença significativa entre moças e rapazes (t=8,99; p<0,001), com média mais elevada para as moças (0,68 e 0,51). Em termos de religiosidade, a maioria se auto-declarou como católicos (40,8%), seguidos por aqueles que não têm uma religião (24,5%) e protestantes (20,5%). Houve uma diferença significativa para o nível de religiosidade (t=11,47; p<0,001) entre moças e rapazes, a média do índice de religiosidade para eles foi de -0,21 (SD=1,03) e para elas foi de 0,19 (SD=0,94). A amostra foi dividida em três grupos de religiosidade: alta, média e baixa religiosidade. O grupo com alta religiosidade teve o maior indice de comportamento sexual de risco (F=7,82; p<0,001). De seis indicadores de risco sexual, somente a relação sexual foi associada ao nível de religiosidade (participantes mais religiosos tenderam a atrasar a idade da primeira relação sexual). Dados longitudinais revelaram que a experiência sexual tende a diminuir o nível de religiosidade. Os resultados sugerem que, embora a religiosidade seja um fator de proteção atrasando a primeira relação sexual, esta não se mantem como um fator de proteção significativo após o debute sexual. / The aim of this research was to investigate the relationship between sexual risk taking behavior and religiosity among poor youth in Brazil. The research was divided into two studies: cross-sectional (in the cities of São Paulo, Porto Alegre, Recife and Campo Grande) and longitudinal (in Porto Alegre). The research was conducted with 4078 young people, ages 14-24, 46.5 % males and 53.5% females, living in poor social conditions. Data were collected using a confidential self-administered questionnaire with 109 questions. Data collection was conducted in groups at schools and non-governmental organizations (NGOs). Two scales were developed from the data, the first measuring religiosity and the second measuring sexual risk taking behavior (a composite of age of first sexual intercourse, condom use, contraception method, sexual abuse and pregnancy). The mean age was 16.14 years old (SD 1.83) and there is no age difference between males and females. Results indicate that 97.2% were heterosexual and 46,8% have had their first sexual intercourse. The mean age for the sexual debut was 14.24 years old (SD 1.93). The mean score of sexual risk taking behavior was 0.60 (SD 0.60) for the overall sample. A significant difference was found between males and females (t=8.99; p<0,001), showing that the girls have higher scores than the boys (0.68 and 0.51). Concerning religiosity, the majority was catholic (40.8%), followed by people who do not have a religion (24.5%) and protestants (20.5%). There was a significant gender difference for religiosity (t=11.47; p<0.001), the mean for males was -0.21 (SD 1.03) and for females was 0.19 (SD 0.94). The sample was divided into three groups of religiosity: high, medium or low religiosity. The high religiosity group has the highest level of sexual risk taking behavior (F=7.82; p<0.001). Of the six risk-taking indicators, only sexual debut was associated with religiosity (respondents who were more religious tended to delay sexual intercourse). Longitudinal data showed that experiencing sexual intercourse decrease religiosity levels. The findings suggest that, although religiosity plays a protective role delaying sexual debut, this is not a predictive variable for sexual risk taking behavior among poor young people in Brazil, once they are not abstinent.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/13113 |
Date | January 2008 |
Creators | Cerqueira-Santos, Elder |
Contributors | Koller, Silvia Helena, Wilcox, Brian |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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