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Prazer e sofrimento no trabalho bancário : um olhar sobre o gestor intermediário

O presente trabalho propôs a estudar as articulações entre saúde mental e trabalho, mais especificamente a dinâmica prazer-sofrimento bancário dos trabalhadores que ocupam cargo de gestores intermediários em um banco estatal, localizado no estado do Rio Grande do Sul, em agências diversas, de diferentes cidades. Fundamenta-se na importância de estudar as experiências relacionadas ao prazer e o sofrimento no trabalho, assim como, no significado do trabalho de gestão, além de interessar-se em investigar se gestores com tempos diferentes no cargo percebem de forma diferente o prazer e o sofrimento relacionado ao trabalho. Isto porque temos poucos estudos que visam aprofundar conhecimentos acerca destes gestores intermediários. Nossa pesquisa fundamenta-se nos pressupostos teóricos e metodológicos da Clínica em Psicodinâmica do Trabalho. O método qualitativo foi utilizado, realizando-se entrevistas individuais, semiestruturadas com gestores intermediários. Com relação as fontes de prazer e sofrimento no trabalho destes gestores intermediários, nossos estudos apontaram que as vivências de prazer podem ser relacionadas à satisfação em resolver os problemas dos clientes. No que diz respeito ao sofrimento, este foi relacionado a excessiva cobrança de metas, consideradas inatingíveis, intensificado pela existência de avaliações individuais, e estas, sendo objetivas, desconsideram esforço empregado para realizar uma tarefa, o que causa frustração. O volume de serviço excessivo também é mencionado como causador de desconforto, além do sofrimento ético, que coloca o trabalhador em um dilema moral, ao não saber se atende aos desígnios da empresa ou as necessidades dos clientes. Esses fatores que provocam sofrimento, muitas vezes, podem culminar no adoecimento do trabalhador. Os fatores identificados ora como fontes de sofrimento, ora como fontes de prazer, foram: o reconhecimento, a sensação de estabilidade e a quantofrenia. No que diz respeito as estratégias defensivas utilizadas pelos trabalhadores para manterem-se trabalhando, as possíveis de serem detectadas foram: a negação, a racionalização, repensar a escolha e não realizar a reflexão. Todas elas objetivam proteger a saúde mental do trabalhador contra a descompensação, porém não modificam a organização do trabalho. O eixo significado do trabalho de gestão nos mostrou que, os gestores entrevistados têm vigorosamente interiorizadas as diretrizes da organização, por conta disto, seu trabalho é essencialmente centrado na tarefa. Há casos mais raros, nos quais o sentido do trabalho está ligado aos valores relativos à construção de identidade, reconhecimento e relacionamento interpessoal, além daqueles de dupla racionalidade, entretanto, entendemos que a racionalidade instrumental ainda se sobrepõe. Portanto, não causa espanto o aparecimento de inúmeras vivências relacionadas ao sofrimento no trabalho, visto a satisfação estar mais intimamente relacionada ao caráter subjetivo daquele. Dentre os achados mais relevantes neste estudo, consideramos a relação entre uma maior adesão à cultura do management, com estratégias defensivas mais efetivas, permitindo aos trabalhadores continuar trabalhando. Por outro lado, a baixa adesão a estes novos modelos satura as defesas, ocasionando mais vivências de sofrimento e, mesmo o risco de adoecimento. / This work aims to study the links between mental health and work, more specifically the banking dynamics pleasure-suffering occupying position of middle managers in a state bank, located in the state of Rio Grande do Sul, in different agencies, different cities. It is based on the importance of studying the experiences related to pleasure and suffering at work, as well as the significance of management work, as well as interest in investigating whether managers with different times in office perceive differently the pleasure and suffering work-related. This is because few studies have aimed to deepen knowledge about these middle managers. Our research is based on the theoretical and methodological assumptions of the Clinic for work psychodynamics. The qualitative method was used, carrying out semistructured individual interviews with middle managers. With regard to pleasure and pain sources in the work of these middle managers, our studies indicated that the experiences of pleasure can be related to satisfaction in solving customer problems. With regard to suffering, this was related to overcharging goals, considered unattainable, intensified by the existence of individual assessments, and these are objective, disregard effort employed to perform a task, which causes frustration. The excessive volume of service is also mentioned as causing discomfort, beyond the ethical suffering, that puts the worker in a moral dilemma, not knowing whether to meet the company designs, or customer needs. These factors that cause suffering, can often culminate in worker illness. The factors identified either as sources of suffering, either as sources of pleasure, were: recognition, sense of stability and quantofrenia. With regard to defensive strategies used by workers to keep yourself working, possible to detect been denial, rationalization, rethink the choice not to bring about reflection. We design all of them as defense strategies and health, aimed at protecting the mental health of the worker against decompensation, but do not change the organization of work. The axis meaning the management work has shown us that the managers interviewed, has strongly internalized the guidelines of the organization, because of this, his work is mainly focused on the task. There are rare cases in which the meaning of work is linked to values relating to the construction of identity, recognition and interpersonal skills in addition to those of dual rationality, however we understand that the instrumental rationality still overlaps. So do not astonishes the appearance of numerous experiences related to suffering at work, as the satisfaction be more closely related to the subjective nature of that. Among the most important findings in this study, we consider the relationship between greater adherence to the management culture with more effective defensive strategies allowing workers to continue working. On the other hand, the low adherence to these new models, saturate the defenses, causing more experiences of suffering, and even the risk of illness.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/141491
Date January 2016
CreatorsMattos, Elisangela Carpenedo de
ContributorsMerlo, Alvaro Roberto Crespo
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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