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A batalha pela Patagônia Chilena : o processo de formulação e operação das críticas ao projeto hidrelétrico "HidroAysén" e a construção de um conflito ambiental

Esta pesquisa analisa o processo de constituição do conflito ambiental em torno ao Projeto Hidrelétrico HidroAysén (PHA), proposto para Região de Aysén, Patagônia chilena. O consórcio conformado em 2006 pela empresa hispano-italiana, ENDESA (51%) e a chilena Colbún (49%), propõe a construção de um complexo hidrelétrico de cinco represas nos rios Baker e Pascua. Desde seu anúncio, o projeto foi alvo de controvérsia quanto aos possíveis impactos e denúncias de falências no estudo de impacto ambiental. Sob a reivindicação de uma “Patagônia Sem Represas”, um amplo movimento opositor ao PHA organizou-se impulsionando o debate, impedindo o andamento do empreendimento por via judicial e obtendo um relativo sucesso em termos de repercussão e adesão à “causa”. Neste cenário, o objetivo geral do estudo é compreender de que forma uma demanda transcende o local para se tornar uma demanda nacional. Deste modo, a partir da perspectiva teórica-epistemológica de Luc Boltanski (2010) e colaboradores articulada à síntese construcionista de John Hannigan (2009) investigam-se as ações e mobilizações coletivas e individuais contrárias ao PHA. Para tanto, priorizou-se decompor o fio das ações, identificando os agentes engajados (conservacionistas, produtores rurais, ONG’s, entre outros), apresentando a experiência negociada na convergência de um interesse em comum e evidenciando os objetos em que estes se apóiam para formular e referendar a validade de suas argumentações. A pesquisa de campo foi realizada entre maio e agosto de 2013, em Santiago do Chile e em quatro localidades adjacentes ao projeto em Coyhaique, Cochrane, Caleta Tortel e Villa O’Higgins, utilizando-se uma combinação de procedimentos qualitativos, como: observação, entrevistas narrativas episódicas de Flick (2008), fotografia, pesquisa documental e diário de campo. Como resultado, observou-se que as competências emergem de três situações: 1) da necessidade de instaurar a Patagônia como um bem comum por meio de uma qualificação ambiental das justificativas, colocando-a sistematicamente como algo importante para as futuras gerações; 2) das percepções quanto ao PHA, onde se destaca a disputa sobre quem são os “atingidos”; 3) e do embate entre o que é planejado localmente e o que é imposto sob égide do “desenvolvimento”. O estudo de tais competências permitiu caracterizar a tendência das ordens de justificação evocadas pelos agentes contrários ao PHA em críticas: a) ambiental e estética; b) ambiental e social; c) críticas às práticas da empresa ao modelo desenvolvimento. Por outro lado, apresentam-se as justificativas acionadas pelo ente criticado e pelo pólo favorável ao PHA: a) projeto país; b) desenvolvimento e progresso regional e nacional; e c) críticas ao ambientalismo. Por fim, averiguou-se a existência de todos os elementos necessários para a construção bem sucedida de um problema ambiental conforme os fatores elencados por Hannigan (2009). Contudo, considerou-se precipitado afirmar que a presença destes elementos são as condicionantes que tornam este conflito excepcional, ficando o indicativo da importância da realização de futuros estudos em perspectiva comparada de conflitos ambientais para maiores inferências. / This research analyses the process of formation of the conflict over environmental issues surrounding the establishment of the HidroAysén Hydropower Plant (PHA), approved for the Aysén Region, located at Chilean Patagonia. A joint venture formed in 2006 between the binational (Spanish and Italian investiment) ENDESA (51%) and the Chilean Colbún (49%), aims to build a complex of five hydroelectric power plants located in the Baker and Pascua Rivers. Since its oficial announcement, the Project has arisen intense controversy in what regards both its demages to the environment, and the probity on the issuing of enviroment certifications. An active movement of resistance has convened around the so called “Patagonia Sin Represas” (“Patagonia without dams”), providing momentum to the public debate against the PHA and obtaining favorable judicial pronouncements to obliterate the construction of the dam. This has resulted in an increase on the morale of the cause against the PHA. Against this scenario, this research aimed at comprehending in what ways do a local demand transcends the local dimension and turn into a broader demand, echoing in the breader national sphere. For that purpose, this research draws on Luc Boltanski (2010) theoretical and epistemological contribution, as well as on the constructionist synthesis as ellaborated by John Hannigan to investigate the collective and individual mobilization and actions taken against the PHA. A priority was given to the decomposition of the tread of actions taken, identifying the actors engaged (enviromenmentalists, land owners, NGO’s, etc.), in order to clarify the negotiation contained in the phenomena and the objects in which the parties rely on in the search to validate their positions. The research field has been effectuated in 2013, between may and august, in Santiago and in other four different locations adjacent to the projects Coyhaique, Cochrane, Caleta Tortel e Villa O’Higgins. There has been employed a combination of a certain number of qualitative methods for data collection: direct observation, Flick’s (2008) episodic narratives interview, photography, research on documents and notes taken in field diaries. As a result, there has been possible to observe that certain competences emerge within three given situations: 1) the necessity to instate Patagonia as common good through means of qualification of the environmental rhetoric, placing it as importante for future generations; 2) perceptions of the PHA, in especial regards to those deemed directly “affected by the dam”, and 3) the disputes between that which is planned locally and that, otherwise, is imposed under the áuspices of the “development”. The study of those competencies allowed for characterizing the tendencies in the order of justification by the critics of the PHA: a) environmental and esthetical; b) environmental and social; and c) critical to the practices assumed by the joint venture, responsible for the PHA, in terms of the present paradigm of development. On the other hand, the research also presents the arguments for the justification posed by the part being criticized, the PHA supporters and its advocates: a) project of Nation; b) development and regional and national progress; c) criticism to the environmentalist. All the elements enumerated by Hannigan (2009), and deemed as necessary for the establishment of a well succeeded environmental agenda, were detected in this research. Nevertheless, it’s been considered still early to draw affirmative conclusions as to whether the presence of these elements are a condition for the exceptionality of the conflict. Notwithstanding, this remains as an indication of the importance for the realization of future comparative studies in the same realm of research.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/104892
Date January 2014
CreatorsAranda, Yara Paulina Cerpa
ContributorsAlmeida, Jalcione Pereira de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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