A argumentação é um ato social imprescindível na vida de todo e qualquer sujeito, entretanto a escola delega o trabalho com argumentação aos anos escolares finais, como preparo para o vestibular. No entanto entendemos a argumentação como um espaço discursivo que os sujeitos têm o direito de ocupar desde a mais tenra idade. Diante disso, utilizando a Análise do Discurso pecheuxtiana como dispositivo teórico-analítico, este trabalho tem como objetivo analisar o discurso dos sujeitos-escolares, especificamente dos que frequentam os 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, sobre o fracasso escolar, com foco na argumentação, e como o direito (ou não) às práticas argumentativas está relacionado à assunção ou à ausência de autoria. Para isso, foi oferecida aos alunos uma coletânea de textos que abordava, sob diferentes pontos de vista, o tema fracasso escolar para, assim, promover uma discussão oral e propor que os alunos escrevessem textos argumentativos sobre o tema debatido. Serão analisados os discursos orais e escritos dos sujeitos-alunos e, para as análises, consideraremos os indícios de determinado funcionamento discursivo, os quais, para o analista do discurso, são constituídos pelas marcas linguísticas que cada sujeito deixa em seu dizer. Em nossas análises observamos que os sujeitos-alunos se posicionam e argumentam na oralidade, enquanto na escrita há a predominância da paráfrase. Isso ocorre devido a, provavelmente, uma prática escolar pautada pelo discurso autoritário. Além disso encontramos indícios do discurso dominante que culpabiliza o próprio aluno pelo sucesso/fracasso escolar. Tais sentidos sustentam-se em uma formação discursiva dominante sobre o fracasso escolar, que isenta a escola dessa responsabilidade e, pelo efeito da ideologia, naturaliza os sentidos de que os alunos não estudam; logo, não aprendem. A relação do sujeito com a linguagem não é transparente, mas está vinculada a aspectos sócio-históricos; é por meio da ideologia que se naturaliza o que é produzido historicamente e se leva o sujeito a pensar que o sentido só pode ser aquele e não outro. Por fim, com este estudo, buscamos construir espaços para o discurso polêmico em sala de aula a fim de promover a argumentação, bem como esperamos contribuir para a compreensão da argumentação como um direito que leva à autoria. / Argumentation is an indispensable social act in the life of all and any subject, however, the school delegates the work with argumentation to the final school years, as preparation for the college entrance exam. However, we understand the argumentation as a discursive space that subjects have the right to occupy from an early age.Therefore, using the theory of Discourse Analysis by Michel Pêcheux as a theoretical and analytical device, this work aims to analyze the discourse of school subjects, specifically those who attend the 5th and 9th grade of Elementary School, about school failure, focusing on argumentation, and how the right (or not) to argumentative practices is related to the assumption or absence of authorship. For this purpose, we offered the students a collection of texts that addressed, from different points of view, the theme \"school failure\" in order to promote an oral discussion and to propose that students write argumentative texts about the theme discussed. The oral and written discourses of the school subjects will be analyzed and, for the analysis, we will consider the signs of a certain discursive functioning, which for the discourse analyst are constituted by the linguistic marks that each subject leave in his/her saying. In our analyzes we observed that the school subjects have positioned themselves and argued in orality while in writing there is predominance of the paraphrase. This is probably due to a school practice based on authoritarian discourse. In addition, we find indications of the dominant discourse that blames the student for school success/failure. Such meanings are sustained in a dominant discursive formation about school failure which exempts the school from this responsibility and, by the effect of ideology, naturalizes the meanings that students do not study and therefore, they do not learn. The relation of the subject to language is not transparent, but it is bounded to social and historical aspects and is through ideology that it naturalizes what is produced historically, and leads the subject to think that the meaning can only be \"that\" and not another. Finally, with this study, we seek to construct spaces for controversial discourse in the classroom in order to promote the argumentation, as well as we hope to contribute to the understanding of argumentation as a right that leads to authorship.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-08082017-122332 |
Date | 09 June 2017 |
Creators | Aparecida Pin Ribeiro |
Contributors | Soraya Maria Romano Pacifico, Débora Cristina Piotto, Eduardo Lopes Piris |
Publisher | Universidade de São Paulo, Educação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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