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"Antes de tudo é somente voz" : escrituras do grito em Antonin Artaud

A tessitura deste texto tem seu início no encontro com a obra de Antonin Artaud e nas inquietações que surgem da experiência de uma leitura que se dá como se uma escuta fosse. Escuta-leitura que recolhe nas construções do poeta efeitos de testemunho acerca do momento de queda do sujeito, de desenlace da estrutura, tempo de soltura entre voz e palavra, quando o que emerge é o grito. Percorro, para isso, um caminho de leitura que se pretende um ensaio de escuta da narrativa de Antonin Artaud. Narrativa depositada nas cartas escritas por ele ao longo do seu período de internamento nos manicômios franceses entre os anos de 1937 e 1946. Leitura que toma as cartas como recorte norteador da pesquisa, mas que se mantém em interlocução com elementos de outras produções do poeta que se enlacem à escrita das correspondências. Diante do enclausuramento manicomial, das camisas de força, do eletrochoque, Artaud resistia amarrado à arte. O teatro irá compor um dos principais espaços fora da lógica manicomial. O artista, nas cartas, no teatro, nos poemas ou nos autorretratos, vive a busca por encontrar uma forma de transcrever o que é da ordem do grito. Este estudo acerca da voz e das tentativas de escritura do inominável conduz a uma pergunta auxiliar sobre o corpo. Questão que emerge na experiência clínica ao encontrar, no lugar de palavras articuladas a uma trama discursiva, algo que dá a ver a história de um sujeito através do que no corpo se cifra. Para compor essa trama entre o texto artaudiano e os interrogantes que emergem da clínica, busco nos fios da psicanálise a lalangue – articulador teórico que, em minhas elaborações, enlaça corpo e palavra, voz e escrita. É a partir de lalangue que me inclino em direção à obra de Artaud. Artaud encenou, desenhou, escreveu, gritou o grito. E assim, o grito, vestígio de real que irrompe na cadeia associativa em razão da desarticulação do discurso, pode fazer algo de uma travessia: do vazio da voz desancorada da palavra em um momento de queda do sujeito para um espaço/tempo de endereçamento e existência. Existência que se sustentará corporificada na obra de Artaud. / The woven of this text has its beginning in the work of Antonin Artaud and in the anxiety that arise from the reading-listen experience as if it were a listening. The listening-reading that gathers in the construction of the poet effects of the testimony regarding the moment of the subject fall, of the structure disconnection, of looseness time between the voice and the word, when what arise is the scream. For that, I laid a reading path that is a listening essay in the narrative of Antonin Artaud. This narrative is found in the letters which were wrote by him in his time as an intern in several French mental asylums, from 1937 to 1946. This reading makes his letters as the research compass, but maintain the connection to other work of this poet. Faced with the mental asylum enclosure, the straitjacket and the electro-shock, Artaud remained bound to the art. The theater will compose one of the spaces out of this asylum logic. In the letters, in the theater, in the poems or in the self-portraits, the artist lives to find a way to transcribe what is an scream instance. This study regarding the voice and the writing attempts of the unnamed, leads an auxiliary question about the body. This question arises in the clinical experience which finds, replacing the words from a discursive plot, something else that makes the subject history cyphered in the body. To compose this plot between the plot between the text from Artaud and the questioners that arise from the clinic, I turn to the threads of the lalanage psychoanalyses – theoretical articulator which in my reasoning, connects body and word, voice and writing. Since lalange that I tend to the work of Artaud. Artaud, played, draw, wrote and shout out the scream. With these actions the scream, trace of the real that irrupts in the association chain due to the disarticulation of the speech, can make the passage: from the voice emptiness unanchored from the word during the moment of the subject fall to a time/space of direction and existence. Existence that sustains itself embodied in the work of Artaud.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/165487
Date January 2017
CreatorsTubino, Carmela de Lima
ContributorsMoschen, Simone Zanon
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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