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"Antes de tudo é somente voz" : escrituras do grito em Antonin Artaud

Tubino, Carmela de Lima January 2017 (has links)
A tessitura deste texto tem seu início no encontro com a obra de Antonin Artaud e nas inquietações que surgem da experiência de uma leitura que se dá como se uma escuta fosse. Escuta-leitura que recolhe nas construções do poeta efeitos de testemunho acerca do momento de queda do sujeito, de desenlace da estrutura, tempo de soltura entre voz e palavra, quando o que emerge é o grito. Percorro, para isso, um caminho de leitura que se pretende um ensaio de escuta da narrativa de Antonin Artaud. Narrativa depositada nas cartas escritas por ele ao longo do seu período de internamento nos manicômios franceses entre os anos de 1937 e 1946. Leitura que toma as cartas como recorte norteador da pesquisa, mas que se mantém em interlocução com elementos de outras produções do poeta que se enlacem à escrita das correspondências. Diante do enclausuramento manicomial, das camisas de força, do eletrochoque, Artaud resistia amarrado à arte. O teatro irá compor um dos principais espaços fora da lógica manicomial. O artista, nas cartas, no teatro, nos poemas ou nos autorretratos, vive a busca por encontrar uma forma de transcrever o que é da ordem do grito. Este estudo acerca da voz e das tentativas de escritura do inominável conduz a uma pergunta auxiliar sobre o corpo. Questão que emerge na experiência clínica ao encontrar, no lugar de palavras articuladas a uma trama discursiva, algo que dá a ver a história de um sujeito através do que no corpo se cifra. Para compor essa trama entre o texto artaudiano e os interrogantes que emergem da clínica, busco nos fios da psicanálise a lalangue – articulador teórico que, em minhas elaborações, enlaça corpo e palavra, voz e escrita. É a partir de lalangue que me inclino em direção à obra de Artaud. Artaud encenou, desenhou, escreveu, gritou o grito. E assim, o grito, vestígio de real que irrompe na cadeia associativa em razão da desarticulação do discurso, pode fazer algo de uma travessia: do vazio da voz desancorada da palavra em um momento de queda do sujeito para um espaço/tempo de endereçamento e existência. Existência que se sustentará corporificada na obra de Artaud. / The woven of this text has its beginning in the work of Antonin Artaud and in the anxiety that arise from the reading-listen experience as if it were a listening. The listening-reading that gathers in the construction of the poet effects of the testimony regarding the moment of the subject fall, of the structure disconnection, of looseness time between the voice and the word, when what arise is the scream. For that, I laid a reading path that is a listening essay in the narrative of Antonin Artaud. This narrative is found in the letters which were wrote by him in his time as an intern in several French mental asylums, from 1937 to 1946. This reading makes his letters as the research compass, but maintain the connection to other work of this poet. Faced with the mental asylum enclosure, the straitjacket and the electro-shock, Artaud remained bound to the art. The theater will compose one of the spaces out of this asylum logic. In the letters, in the theater, in the poems or in the self-portraits, the artist lives to find a way to transcribe what is an scream instance. This study regarding the voice and the writing attempts of the unnamed, leads an auxiliary question about the body. This question arises in the clinical experience which finds, replacing the words from a discursive plot, something else that makes the subject history cyphered in the body. To compose this plot between the plot between the text from Artaud and the questioners that arise from the clinic, I turn to the threads of the lalanage psychoanalyses – theoretical articulator which in my reasoning, connects body and word, voice and writing. Since lalange that I tend to the work of Artaud. Artaud, played, draw, wrote and shout out the scream. With these actions the scream, trace of the real that irrupts in the association chain due to the disarticulation of the speech, can make the passage: from the voice emptiness unanchored from the word during the moment of the subject fall to a time/space of direction and existence. Existence that sustains itself embodied in the work of Artaud.
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"Antes de tudo é somente voz" : escrituras do grito em Antonin Artaud

Tubino, Carmela de Lima January 2017 (has links)
A tessitura deste texto tem seu início no encontro com a obra de Antonin Artaud e nas inquietações que surgem da experiência de uma leitura que se dá como se uma escuta fosse. Escuta-leitura que recolhe nas construções do poeta efeitos de testemunho acerca do momento de queda do sujeito, de desenlace da estrutura, tempo de soltura entre voz e palavra, quando o que emerge é o grito. Percorro, para isso, um caminho de leitura que se pretende um ensaio de escuta da narrativa de Antonin Artaud. Narrativa depositada nas cartas escritas por ele ao longo do seu período de internamento nos manicômios franceses entre os anos de 1937 e 1946. Leitura que toma as cartas como recorte norteador da pesquisa, mas que se mantém em interlocução com elementos de outras produções do poeta que se enlacem à escrita das correspondências. Diante do enclausuramento manicomial, das camisas de força, do eletrochoque, Artaud resistia amarrado à arte. O teatro irá compor um dos principais espaços fora da lógica manicomial. O artista, nas cartas, no teatro, nos poemas ou nos autorretratos, vive a busca por encontrar uma forma de transcrever o que é da ordem do grito. Este estudo acerca da voz e das tentativas de escritura do inominável conduz a uma pergunta auxiliar sobre o corpo. Questão que emerge na experiência clínica ao encontrar, no lugar de palavras articuladas a uma trama discursiva, algo que dá a ver a história de um sujeito através do que no corpo se cifra. Para compor essa trama entre o texto artaudiano e os interrogantes que emergem da clínica, busco nos fios da psicanálise a lalangue – articulador teórico que, em minhas elaborações, enlaça corpo e palavra, voz e escrita. É a partir de lalangue que me inclino em direção à obra de Artaud. Artaud encenou, desenhou, escreveu, gritou o grito. E assim, o grito, vestígio de real que irrompe na cadeia associativa em razão da desarticulação do discurso, pode fazer algo de uma travessia: do vazio da voz desancorada da palavra em um momento de queda do sujeito para um espaço/tempo de endereçamento e existência. Existência que se sustentará corporificada na obra de Artaud. / The woven of this text has its beginning in the work of Antonin Artaud and in the anxiety that arise from the reading-listen experience as if it were a listening. The listening-reading that gathers in the construction of the poet effects of the testimony regarding the moment of the subject fall, of the structure disconnection, of looseness time between the voice and the word, when what arise is the scream. For that, I laid a reading path that is a listening essay in the narrative of Antonin Artaud. This narrative is found in the letters which were wrote by him in his time as an intern in several French mental asylums, from 1937 to 1946. This reading makes his letters as the research compass, but maintain the connection to other work of this poet. Faced with the mental asylum enclosure, the straitjacket and the electro-shock, Artaud remained bound to the art. The theater will compose one of the spaces out of this asylum logic. In the letters, in the theater, in the poems or in the self-portraits, the artist lives to find a way to transcribe what is an scream instance. This study regarding the voice and the writing attempts of the unnamed, leads an auxiliary question about the body. This question arises in the clinical experience which finds, replacing the words from a discursive plot, something else that makes the subject history cyphered in the body. To compose this plot between the plot between the text from Artaud and the questioners that arise from the clinic, I turn to the threads of the lalanage psychoanalyses – theoretical articulator which in my reasoning, connects body and word, voice and writing. Since lalange that I tend to the work of Artaud. Artaud, played, draw, wrote and shout out the scream. With these actions the scream, trace of the real that irrupts in the association chain due to the disarticulation of the speech, can make the passage: from the voice emptiness unanchored from the word during the moment of the subject fall to a time/space of direction and existence. Existence that sustains itself embodied in the work of Artaud.
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Voz tangida a vela e vento : psicanálise, musicalidade e as navegações de Gilberto Mendes

Seger, Débora da Fonseca January 2011 (has links)
A presente dissertação busca compor possíveis interlocuções entre o campo psicanalítico e musical a partir da temática da voz. Para tanto, explora, primeiramente, as referências à voz e à musicalidade encontradas nas teorizações psicanalíticas, dando especial ênfase à concepção lacaniana de voz como objeto a e à pulsão invocante. Em seguida, a pesquisa se aproxima do campo musical, buscando situar transformações sofridas no emprego da voz ao longo da história da música. Finalmente, através das obras do compositor Gilberto Mendes, possíveis articulações e tensionamentos entre as áreas psicanalítica e musical são tecidos, buscando ainda, pontos de encontro entre sua arte de vanguarda e os potentes estudos utópicos. / The possibility of Interlocution between music and psychoanalysis through the theme voice is the focus of the present dissertation. Towards this goal references to voice and musicality as found in psychoanalytical theory are explored with emphasis on the Lacanian concept of voice as object a as well as on vocal drive. Changes in voice use along the history of music, and Brazilian composer Gilberto Mendes’ works are analyzed in view of probable interfaces with psychoanalysis, and of points of contact between his vanguard art work and today’s promising utopian studies.
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"Antes de tudo é somente voz" : escrituras do grito em Antonin Artaud

Tubino, Carmela de Lima January 2017 (has links)
A tessitura deste texto tem seu início no encontro com a obra de Antonin Artaud e nas inquietações que surgem da experiência de uma leitura que se dá como se uma escuta fosse. Escuta-leitura que recolhe nas construções do poeta efeitos de testemunho acerca do momento de queda do sujeito, de desenlace da estrutura, tempo de soltura entre voz e palavra, quando o que emerge é o grito. Percorro, para isso, um caminho de leitura que se pretende um ensaio de escuta da narrativa de Antonin Artaud. Narrativa depositada nas cartas escritas por ele ao longo do seu período de internamento nos manicômios franceses entre os anos de 1937 e 1946. Leitura que toma as cartas como recorte norteador da pesquisa, mas que se mantém em interlocução com elementos de outras produções do poeta que se enlacem à escrita das correspondências. Diante do enclausuramento manicomial, das camisas de força, do eletrochoque, Artaud resistia amarrado à arte. O teatro irá compor um dos principais espaços fora da lógica manicomial. O artista, nas cartas, no teatro, nos poemas ou nos autorretratos, vive a busca por encontrar uma forma de transcrever o que é da ordem do grito. Este estudo acerca da voz e das tentativas de escritura do inominável conduz a uma pergunta auxiliar sobre o corpo. Questão que emerge na experiência clínica ao encontrar, no lugar de palavras articuladas a uma trama discursiva, algo que dá a ver a história de um sujeito através do que no corpo se cifra. Para compor essa trama entre o texto artaudiano e os interrogantes que emergem da clínica, busco nos fios da psicanálise a lalangue – articulador teórico que, em minhas elaborações, enlaça corpo e palavra, voz e escrita. É a partir de lalangue que me inclino em direção à obra de Artaud. Artaud encenou, desenhou, escreveu, gritou o grito. E assim, o grito, vestígio de real que irrompe na cadeia associativa em razão da desarticulação do discurso, pode fazer algo de uma travessia: do vazio da voz desancorada da palavra em um momento de queda do sujeito para um espaço/tempo de endereçamento e existência. Existência que se sustentará corporificada na obra de Artaud. / The woven of this text has its beginning in the work of Antonin Artaud and in the anxiety that arise from the reading-listen experience as if it were a listening. The listening-reading that gathers in the construction of the poet effects of the testimony regarding the moment of the subject fall, of the structure disconnection, of looseness time between the voice and the word, when what arise is the scream. For that, I laid a reading path that is a listening essay in the narrative of Antonin Artaud. This narrative is found in the letters which were wrote by him in his time as an intern in several French mental asylums, from 1937 to 1946. This reading makes his letters as the research compass, but maintain the connection to other work of this poet. Faced with the mental asylum enclosure, the straitjacket and the electro-shock, Artaud remained bound to the art. The theater will compose one of the spaces out of this asylum logic. In the letters, in the theater, in the poems or in the self-portraits, the artist lives to find a way to transcribe what is an scream instance. This study regarding the voice and the writing attempts of the unnamed, leads an auxiliary question about the body. This question arises in the clinical experience which finds, replacing the words from a discursive plot, something else that makes the subject history cyphered in the body. To compose this plot between the plot between the text from Artaud and the questioners that arise from the clinic, I turn to the threads of the lalanage psychoanalyses – theoretical articulator which in my reasoning, connects body and word, voice and writing. Since lalange that I tend to the work of Artaud. Artaud, played, draw, wrote and shout out the scream. With these actions the scream, trace of the real that irrupts in the association chain due to the disarticulation of the speech, can make the passage: from the voice emptiness unanchored from the word during the moment of the subject fall to a time/space of direction and existence. Existence that sustains itself embodied in the work of Artaud.
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A voz e a invocação para musicar a vida: ressonâncias entre música e psicanálise / The voice and the invocation set to music for life: resonances between music and psychoanalysis

Renata Mattos de Azevedo 03 November 2011 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A articulação entre a psicanálise e a música, mais especificamente a produzida a partir do paradigma de Arnold Schönberg, renovado por John Cage, se mostra emblemática para pensar a constituição do sujeito em Sigmund Freud e Jacques Lacan, bem como para refletir sobre a escuta clínica, o ato analítico enquanto poético, e a escrita pulsional do sujeito como resposta à invocação da voz. O momento de estruturação do sujeito implica a dimensão de musicalidade da linguagem que permite o ato da fala. O sujeito nasce em um ponto em que o significante (simbólico) escreve no real do corpo um possível, um começo, uma marca que invoca uma nota e uma letra, sendo estes os dois aspectos da linguagem: a musicalidade (continuidade) e a fala (descontinuidade em movimento). Este ponto escreve e cria um vazio no sujeito que está e estará sempre em pulsação. Se o real grita caoticamente, é possível que se cante e se musique a vida com a criação de notas singulares, efeito do movimento desejante e de uma escrita pelo circuito da pulsão invocante na partitura já dada pelo Outro e face aos encontros com pedaços de real. A música tem a capacidade de retirar o sujeito de uma surdez de seu próprio desejo, o convocando a recriar a linguagem por seus atos. O paradigma de Schönberg, bem como a música criada a partir deste momento, nos dá a ouvir um saber-fazer com a voz no qual a dimensão equivocante (de equivoco e de invocação) da linguagem pode ressurgir por uma via nova. A transmissão de um saber-fazer com o objeto voz por ele efetuado se apresenta como uma radicalização do efeito de verdade do real, ressoando borromeanamente sobre o simbólico e o imaginário, invocando o momento originário do sujeito, de um começo sempre a recomeçar, que se faz ouvir como uma invocação de musicar a vida de uma maneira ética, estética e poética. É através dos eixos acima expostos que nos é possível sustentar, com Lacan, uma prática clínica orientada para além da repetição em direção a um significante novo. Trata-se de uma orientação que parte dos encontros com o real aos quais o sujeito é confrontado ao acaso visando o movimento renascente pelo qual ele pode re-escutar o inaudito do real contínuo perdido, o que faz com que seu ritmo singular possa ser, uma vez mais e de modo inédito, reinventado. A psicanálise pode ser, portanto, entendida como uma prática invocante, como uma abertura para que o sujeito possa, com entusiasmo, musicar a vida. / The articulation between the psychoanalysis and the music, specifically the one resultant from the paradigm of Arnold Schönberg, which was renewed by John Cage, is emblematic to reflect about the constitution of the subject in the theories of Sigmund Freud and Jacques Lacan as well as to think about the clinical listening, the analytical act as a poetic act, and the driven writing of the subject as an answer to the invocation of the voice. The moment of emergence of the subject involves the aspect of the musicality of the language, which allows the act of speaking. The subject is born in a point in which the significant (symbolic) writes in the real of the body two aspects of the language: the musicality (continuity) and the speech (discontinuity in movement). This point writes and creates an emptiness in the subject that pulses and will always pulse. If the real shouts chaotically, it is possible to sing and to music the life with the creation of singular notes, effect of the desiring movement as well as the writing of the driven circuit made by the invocante drive, in the musical score that is already given by the Other and in relation to the encounters with pieces of the real. The music has the ability to withdraw the subject form a deafness from his/her own desire, convoking him/her to recreate the language through his/her acts. The paradigm of Schönberg gives us to listen a savoir-faire with the object voice in which the equivocatory dimension (of equivocation and invocation) of the language can reappear by a new direction. The transmission of a savoir-faire with the object voice produced by this paradigm can be seen as a radicalization of the effect of truth from the real, borromeanically resounding on the symbolic and the imaginary, invoking the originary moment of the subject, of a beginning to always restart, which can be listened as the invocation to music the life in a ethic, esthetic and poetic way. Therefore, we can support, with Lacan, a clinical practice oriented to overcome the repetition of the same in order to establish the creation of a new significant. In other words, the psychoanalysis can be understood as an invocante practice in which the subject can, with enthusiasm, music his/her life.
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A voz e a invocação para musicar a vida: ressonâncias entre música e psicanálise / The voice and the invocation set to music for life: resonances between music and psychoanalysis

Renata Mattos de Azevedo 03 November 2011 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A articulação entre a psicanálise e a música, mais especificamente a produzida a partir do paradigma de Arnold Schönberg, renovado por John Cage, se mostra emblemática para pensar a constituição do sujeito em Sigmund Freud e Jacques Lacan, bem como para refletir sobre a escuta clínica, o ato analítico enquanto poético, e a escrita pulsional do sujeito como resposta à invocação da voz. O momento de estruturação do sujeito implica a dimensão de musicalidade da linguagem que permite o ato da fala. O sujeito nasce em um ponto em que o significante (simbólico) escreve no real do corpo um possível, um começo, uma marca que invoca uma nota e uma letra, sendo estes os dois aspectos da linguagem: a musicalidade (continuidade) e a fala (descontinuidade em movimento). Este ponto escreve e cria um vazio no sujeito que está e estará sempre em pulsação. Se o real grita caoticamente, é possível que se cante e se musique a vida com a criação de notas singulares, efeito do movimento desejante e de uma escrita pelo circuito da pulsão invocante na partitura já dada pelo Outro e face aos encontros com pedaços de real. A música tem a capacidade de retirar o sujeito de uma surdez de seu próprio desejo, o convocando a recriar a linguagem por seus atos. O paradigma de Schönberg, bem como a música criada a partir deste momento, nos dá a ouvir um saber-fazer com a voz no qual a dimensão equivocante (de equivoco e de invocação) da linguagem pode ressurgir por uma via nova. A transmissão de um saber-fazer com o objeto voz por ele efetuado se apresenta como uma radicalização do efeito de verdade do real, ressoando borromeanamente sobre o simbólico e o imaginário, invocando o momento originário do sujeito, de um começo sempre a recomeçar, que se faz ouvir como uma invocação de musicar a vida de uma maneira ética, estética e poética. É através dos eixos acima expostos que nos é possível sustentar, com Lacan, uma prática clínica orientada para além da repetição em direção a um significante novo. Trata-se de uma orientação que parte dos encontros com o real aos quais o sujeito é confrontado ao acaso visando o movimento renascente pelo qual ele pode re-escutar o inaudito do real contínuo perdido, o que faz com que seu ritmo singular possa ser, uma vez mais e de modo inédito, reinventado. A psicanálise pode ser, portanto, entendida como uma prática invocante, como uma abertura para que o sujeito possa, com entusiasmo, musicar a vida. / The articulation between the psychoanalysis and the music, specifically the one resultant from the paradigm of Arnold Schönberg, which was renewed by John Cage, is emblematic to reflect about the constitution of the subject in the theories of Sigmund Freud and Jacques Lacan as well as to think about the clinical listening, the analytical act as a poetic act, and the driven writing of the subject as an answer to the invocation of the voice. The moment of emergence of the subject involves the aspect of the musicality of the language, which allows the act of speaking. The subject is born in a point in which the significant (symbolic) writes in the real of the body two aspects of the language: the musicality (continuity) and the speech (discontinuity in movement). This point writes and creates an emptiness in the subject that pulses and will always pulse. If the real shouts chaotically, it is possible to sing and to music the life with the creation of singular notes, effect of the desiring movement as well as the writing of the driven circuit made by the invocante drive, in the musical score that is already given by the Other and in relation to the encounters with pieces of the real. The music has the ability to withdraw the subject form a deafness from his/her own desire, convoking him/her to recreate the language through his/her acts. The paradigm of Schönberg gives us to listen a savoir-faire with the object voice in which the equivocatory dimension (of equivocation and invocation) of the language can reappear by a new direction. The transmission of a savoir-faire with the object voice produced by this paradigm can be seen as a radicalization of the effect of truth from the real, borromeanically resounding on the symbolic and the imaginary, invoking the originary moment of the subject, of a beginning to always restart, which can be listened as the invocation to music the life in a ethic, esthetic and poetic way. Therefore, we can support, with Lacan, a clinical practice oriented to overcome the repetition of the same in order to establish the creation of a new significant. In other words, the psychoanalysis can be understood as an invocante practice in which the subject can, with enthusiasm, music his/her life.
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Voz tangida a vela e vento : psicanálise, musicalidade e as navegações de Gilberto Mendes

Seger, Débora da Fonseca January 2011 (has links)
A presente dissertação busca compor possíveis interlocuções entre o campo psicanalítico e musical a partir da temática da voz. Para tanto, explora, primeiramente, as referências à voz e à musicalidade encontradas nas teorizações psicanalíticas, dando especial ênfase à concepção lacaniana de voz como objeto a e à pulsão invocante. Em seguida, a pesquisa se aproxima do campo musical, buscando situar transformações sofridas no emprego da voz ao longo da história da música. Finalmente, através das obras do compositor Gilberto Mendes, possíveis articulações e tensionamentos entre as áreas psicanalítica e musical são tecidos, buscando ainda, pontos de encontro entre sua arte de vanguarda e os potentes estudos utópicos. / The possibility of Interlocution between music and psychoanalysis through the theme voice is the focus of the present dissertation. Towards this goal references to voice and musicality as found in psychoanalytical theory are explored with emphasis on the Lacanian concept of voice as object a as well as on vocal drive. Changes in voice use along the history of music, and Brazilian composer Gilberto Mendes’ works are analyzed in view of probable interfaces with psychoanalysis, and of points of contact between his vanguard art work and today’s promising utopian studies.
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Voz tangida a vela e vento : psicanálise, musicalidade e as navegações de Gilberto Mendes

Seger, Débora da Fonseca January 2011 (has links)
A presente dissertação busca compor possíveis interlocuções entre o campo psicanalítico e musical a partir da temática da voz. Para tanto, explora, primeiramente, as referências à voz e à musicalidade encontradas nas teorizações psicanalíticas, dando especial ênfase à concepção lacaniana de voz como objeto a e à pulsão invocante. Em seguida, a pesquisa se aproxima do campo musical, buscando situar transformações sofridas no emprego da voz ao longo da história da música. Finalmente, através das obras do compositor Gilberto Mendes, possíveis articulações e tensionamentos entre as áreas psicanalítica e musical são tecidos, buscando ainda, pontos de encontro entre sua arte de vanguarda e os potentes estudos utópicos. / The possibility of Interlocution between music and psychoanalysis through the theme voice is the focus of the present dissertation. Towards this goal references to voice and musicality as found in psychoanalytical theory are explored with emphasis on the Lacanian concept of voice as object a as well as on vocal drive. Changes in voice use along the history of music, and Brazilian composer Gilberto Mendes’ works are analyzed in view of probable interfaces with psychoanalysis, and of points of contact between his vanguard art work and today’s promising utopian studies.
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Música e invocação: uma oficina terapêutica com crianças com transtornos de desenvolvimento / Music and invocation: a therapeutic workshop with children with developmental disorders

Lima, Tiago de Moraes Tavares de 25 May 2012 (has links)
A presente pesquisa visa acompanhar os efeitos de uma oficina de música sobre um grupo de crianças com transtornos de desenvolvimento. O objetivo foi o de estabelecer algumas hipóteses sobre a compreensão que a atenção à dimensão da musicalidade pode fornecer sobre esses casos, bem como que tipo de contribuição é capaz de proporcionar em termos de tratamento. Diversas pesquisas constataram que há, na primeira infância, uma relação do bebê com o outro, cuidador, da qual é possível depreender certas qualidades musicais. Além disso, pela via da psicanálise, é desenvolvida a tese de que a voz e a música podem ser abordadas como uma porta de entrada para a relação arcaica entre o sujeito e o Outro, em especial através da noção de pulsão invocante termo cunhado por Jacques Lacan, mas aprofundado principalmente por autores posteriores. A leitura de alguns trabalhos em torno dessa questão conduziu a uma consideração sobre a importância da musicalidade da voz, bem como da sincronia temporal na relação entre o infans e o outro, para a constituição do sujeito. Apesar da potência invocadora da música, o circuito da pulsão invocante não se completa enquanto a dimensão diacrônica e a alternância entre presença/ausência não engendrarem a falta cujo destino na constituição do sujeito for o do recalque originário. O que coloca a questão de se, em primeiro lugar, em casos de psicose e autismo, a sensibilidade à musicalidade está preservada e, em segundo lugar, se uma intervenção terapêutica pela via da música produziria efeitos positivos na qualidade do laço social estabelecido por essas crianças. Os resultados obtidos na pesquisa alinham-se com os de outras pesquisas que mostram que a sensibilidade ao manhês e à musicalidade está preservada em casos de autismo. Os efeitos que a dimensão de surpresa envolvida na música produz em diferentes crianças apresentaram uma aproximação possível com as hipóteses diagnósticas e com a orientação da intervenção no tratamento desses casos. Por fim, pareceu-nos que a atenção à dimensão musical, seja presente na fala ou nos movimentos, é profícua para o trabalho com crianças com distúrbios de desenvolvimento como o autismo e a psicose, seja num enquadre institucional em grupo ou não / The present dissertation aims to verify the effects of a music workshop on a group of children with developmental disorders. The goal was to establish some hypotheses related to what an attention to the dimension of musicality may provide in terms of understanding to these cases, as well as the kind of contribution it may offer in terms of treatment. Several researches have established that there is, in early childhood, a relationship of the infans with the caring other from which it is possible to infer musical qualities. Furthermore, through psychoanalytical theory, we develop the thesis that voice and music may represent a doorway to the archaic relationship between the subject and the Other, specially through the notion of invocative drive a term coined by Jacques Lacan, but which was further developed by subsequent authors. The reading of some works related to this issue has lead to a reflection on the importance of the musicality of voice, as well as the temporal synchrony present in the relationship between infans and other, to the subjects constitution. Despite the invocative power of music, the circuit of the invocative drive cannot complete itself as long as the diachronic dimension and the alternating cycle of presence/absence produce the lack that is, in the constitution of the subject, destined for the original repression. Which raises the question, first of all, if the sensibility to music is preserved in cases of autism and child psychosis and, secondly, if a therapeutic intervention based on music would produce any positive effects in the quality of the social bonds established by these children. The results obtained line up with other researches which show that the sensibility to the motherese and musicality is preserved in cases of autism. Also, the effects that the surprise inherent to music have on different children present us with a possible approach to the diagnostic hypotheses and to the orientation of intervention in the treatment of these cases. Finally, we had indications that the attention to the musical qualities present in speech or movement is fertile in work with children with developmental disorders such as autism and psychosis, whether in an institutional context or not
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Música e invocação: uma oficina terapêutica com crianças com transtornos de desenvolvimento / Music and invocation: a therapeutic workshop with children with developmental disorders

Tiago de Moraes Tavares de Lima 25 May 2012 (has links)
A presente pesquisa visa acompanhar os efeitos de uma oficina de música sobre um grupo de crianças com transtornos de desenvolvimento. O objetivo foi o de estabelecer algumas hipóteses sobre a compreensão que a atenção à dimensão da musicalidade pode fornecer sobre esses casos, bem como que tipo de contribuição é capaz de proporcionar em termos de tratamento. Diversas pesquisas constataram que há, na primeira infância, uma relação do bebê com o outro, cuidador, da qual é possível depreender certas qualidades musicais. Além disso, pela via da psicanálise, é desenvolvida a tese de que a voz e a música podem ser abordadas como uma porta de entrada para a relação arcaica entre o sujeito e o Outro, em especial através da noção de pulsão invocante termo cunhado por Jacques Lacan, mas aprofundado principalmente por autores posteriores. A leitura de alguns trabalhos em torno dessa questão conduziu a uma consideração sobre a importância da musicalidade da voz, bem como da sincronia temporal na relação entre o infans e o outro, para a constituição do sujeito. Apesar da potência invocadora da música, o circuito da pulsão invocante não se completa enquanto a dimensão diacrônica e a alternância entre presença/ausência não engendrarem a falta cujo destino na constituição do sujeito for o do recalque originário. O que coloca a questão de se, em primeiro lugar, em casos de psicose e autismo, a sensibilidade à musicalidade está preservada e, em segundo lugar, se uma intervenção terapêutica pela via da música produziria efeitos positivos na qualidade do laço social estabelecido por essas crianças. Os resultados obtidos na pesquisa alinham-se com os de outras pesquisas que mostram que a sensibilidade ao manhês e à musicalidade está preservada em casos de autismo. Os efeitos que a dimensão de surpresa envolvida na música produz em diferentes crianças apresentaram uma aproximação possível com as hipóteses diagnósticas e com a orientação da intervenção no tratamento desses casos. Por fim, pareceu-nos que a atenção à dimensão musical, seja presente na fala ou nos movimentos, é profícua para o trabalho com crianças com distúrbios de desenvolvimento como o autismo e a psicose, seja num enquadre institucional em grupo ou não / The present dissertation aims to verify the effects of a music workshop on a group of children with developmental disorders. The goal was to establish some hypotheses related to what an attention to the dimension of musicality may provide in terms of understanding to these cases, as well as the kind of contribution it may offer in terms of treatment. Several researches have established that there is, in early childhood, a relationship of the infans with the caring other from which it is possible to infer musical qualities. Furthermore, through psychoanalytical theory, we develop the thesis that voice and music may represent a doorway to the archaic relationship between the subject and the Other, specially through the notion of invocative drive a term coined by Jacques Lacan, but which was further developed by subsequent authors. The reading of some works related to this issue has lead to a reflection on the importance of the musicality of voice, as well as the temporal synchrony present in the relationship between infans and other, to the subjects constitution. Despite the invocative power of music, the circuit of the invocative drive cannot complete itself as long as the diachronic dimension and the alternating cycle of presence/absence produce the lack that is, in the constitution of the subject, destined for the original repression. Which raises the question, first of all, if the sensibility to music is preserved in cases of autism and child psychosis and, secondly, if a therapeutic intervention based on music would produce any positive effects in the quality of the social bonds established by these children. The results obtained line up with other researches which show that the sensibility to the motherese and musicality is preserved in cases of autism. Also, the effects that the surprise inherent to music have on different children present us with a possible approach to the diagnostic hypotheses and to the orientation of intervention in the treatment of these cases. Finally, we had indications that the attention to the musical qualities present in speech or movement is fertile in work with children with developmental disorders such as autism and psychosis, whether in an institutional context or not

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