Pesquisar sexualidade na religião é uma tarefa complexa. Por mais que exista uma tentativa de afastar a religião do debate sobre a sexualidade, é fato que há um importante entrelaçamento entre essas duas categorias. Em todas as sociedades definem-se as normas sexuais e delineiam-se quais seriam as transgressões, sendo a religião uma das instâncias de sua regulação. No caso do Islã, por estabelecer um código de conduta a ser seguido em todas as esferas da vida dos muçulmanos e das muçulmanas, inclusive no que diz respeito à vivência da sexualidade, sexo e prazer apresentam algumas especificidades. Para entender quais são as práticas, vivências e sentidos atribuídos à sexualidade neste campo, é preciso antes considerar as prescrições do que é lícito (halal) e ilícito (haram) de acordo com a religião, em seus próprios termos. A partir do diálogo com dez mulheres muçulmanas brasileiras revertidas e da inserção e circulação da pesquisadora em campo islâmico, serão tecidas reflexões sobre a concepção islâmica da sexualidade e suas implicações para o exercício da sexualidade feminina. A análise dos dados está apoiada nos referenciais teóricos advindos tanto da psicanálise como da antropologia. O trabalho apresenta que, apesar das prescrições existentes mesmo dentro da licitude do casamento, a prática sexual no Islã extrapola a finalidade reprodutiva: há um incentivo aos prazeres, colocando a satisfação sexual como um direito de ambos os cônjuges. Por um lado, torna-se crucial relativizar o clichê da mulher muçulmana sexualmente reprimida: diferentemente do que se pensa no senso comum, o sexo do ponto de vista islâmico não é tabu. Por outro lado, é preciso assumir que a sexualidade é uma arena em que o desejo convive e disputa com prazeres e perigos; facilidades e resistências; saberes e poderes / To research sexuality in religion is a complex task. While there is an attempt to alienate religion from the debate about sexuality, there is an important connection between these two categories. Sexual norms and their transgressions are defined in all societies and religion is one of the instances in which they are regulated. In the case of Islam, by establishing a code of conduct to be followed in all spheres of life of Muslims, including the experience of sexuality, sex and pleasure have some specificities. In order to understand the practices, experiences and senses attributed to sexuality in this field, one must first consider the prescriptions of what is lawful (halal) and unlawful (haram) according to religion, in its own terms. From the dialogue with ten Brazilian Muslim women reverted to Islam and the insertion and circulation of the researcher in the Islamic field, reflections will be outlined about the Islamic conception of sexuality and its implications for the exercise of female sexuality. The analysis of the data is supported by the theoretical references derived from both psychoanalysis and anthropology. This dissertation argues that despite the prescriptions even within the lawfulness of the marriage, sexual practice in Islam extrapolates the reproductive purpose: there is an incentive to pleasures, placing sexual satisfaction as a right of both spouses. It becomes crucial to relativize the cliché of sexually repressed Muslim women: unlike common sense, sex in Islam is not taboo. On the other hand, it is urgent to assume that sexuality is an arena in which desire coexists and disputes with pleasures and dangers; facilities and resistances; knowledge and power
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-04102018-102255 |
Date | 27 August 2018 |
Creators | Paiva, Camila Motta |
Contributors | Barbosa, Francirosy Campos |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0019 seconds