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Saúde mental e trabalho: um estudo com agricultores orgânicos no sudoeste do Paraná

A base da pesquisa ora relatada foi construída a partir da importância e do amplo
papel social do agricultor familiar para a região sudoeste do Paraná. O objetivo da
investigação foi analisar tanto as representações sociais acerca de trabalho e de saúde mental de um grupo de agricultores familiares que cultivam produtos orgânicos,
como as relações entre tais representações e eventual aparecimento de sofrimento
mental nos sujeitos. Assim, o interesse central da pesquisa foi entender de que forma
o contexto sociocultural em que o agricultor familiar está inserido e o modo de
organização do trabalho podem influenciar no adoecimento ou na promoção de saúde
mental, partindo da visão do próprio trabalhador. Este estudo se caracteriza como
qualitativo; sendo que, participaram da pesquisa dezenove agricultores familiares que
cultivam produtos orgânicos, residentes na zona rural de Capanema-PR, divididos em
doze propriedades diferentes. A primeira fase da pesquisa foi de observação do
ambiente de trabalho; em seguida, foram realizadas entrevistas semiestruturadas
visando identificar as representações sociais dos agricultores sobre trabalho e sobre saúde mental. A partir das principais referências dos agricultores sobre esses dois
temas centrais, os dados foram comparados entre si, visando identificar a possível
existência de pontos de convergência. Constatou-se, assim, que as representações
sobre trabalho e sobre saúde mental têm muitos elementos em comum, de modo que,
para os agricultores pesquisados, saúde implica trabalho e trabalho implica saúde. A
investigação realizada permitiu observar também que a lógica de trabalho utilizada
pelos sujeitos da pesquisa se distancia do modelo capitalista de produção, fixando a
família como centro das decisões e da organização do trabalho, havendo, não
obstante, relação entre a produção agrícola e o mercado. Infere-se que o resultado
obtido esteja relacionado a algumas particularidades do contexto de vida dos sujeitos desta pesquisa, tais como a garantia da venda da produção, por meio de uma empresa que intermedia a comercialização entre os agricultores e o mercado internacional, o apoio técnico que possuem e a história de vida como determinante na construção de um conceito de trabalho mais voltado ao aspecto físico/material. Por fim, percebe-se que esta pesquisa pode ser considerada como de caráter introdutório, uma vez que há escassez de estudos que relacionem trabalho e saúde mental na realidade de agricultores que cultivam produtos orgânicos. Da mesma forma, estudos comparativos entre os sujeitos aqui pesquisados e outros de regiões diferentes e com práticas produtivas diferentes podem ser relevantes no sentido de identificar formas de trabalho que contribuam para a manutenção e promoção de saúde mental nos trabalhadores. / The basis for this research was built on the wide and important role played by family
farmers regarding the southwestern region of Paraná State. The aim of the study was
to analyze both the social representation about work and mental health of a given
group of family farmers who grow organic products. It also analyzes the relation
between such representations and the eventual emergence of mental suffering among
them. Thus, the central concern was to understand at what extent both the sociocultural context of the family farmers and the way work is organized can influence
mental illness or mental health promotion, based on the views of the worker himself.
Nineteen organic family farmers, from twelve different properties took part of this
research based on a qualitative method. They all live in the countryside, in Capanema,
a southwestern city in Paraná. The study is organized as follows: At first, workplace
observations were made; then, the second step was based on a semi-structured
interview aiming to identify the social representations of the farmers over work and
mental health. Collected data was then compared to look for converging matters. After data comparison, the representations on work and mental health showed many
common elements; revealing that for the interviewed farmers health means work as
much as work means health. The present investigation also allowed us to observe that
the work logic used by the interviewed sample is no close to the capitalist mode of
production, as it sets the family in the center of work organization and of most of their decisions; maintaining, notwithstanding, the relation between farm production and the market. Therefore, it is inferred that the results are related to some peculiarities of life context of these farmers; such as: technical support available, warranty of production
sale, through a company that mediates business between the farmers and the
international market; as well as their life history - determinant characteristics in building a friendlier working concept regarding physical/material aspects. At last, one realizes that this research can be considered as introductory to such a matter, since there are few studies over the relation between work and mental health involving organic farmers. Likewise, other comparative studies such as with different samples from different regions and different production practices may be relevant in order to identify forms of work that may contribute to the maintenance and promotion of workers’ mental health.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.utfpr.edu.br:1/863
Date25 February 2014
CreatorsLorenzzon, Gabriella Suzana
ContributorsTeixeira, Edival Sebastião
PublisherUniversidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UTFPR, instname:Universidade Tecnológica Federal do Paraná, instacron:UTFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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