[pt] A presente dissertação tem como objetivo discutir a relação entre infância,
estupro e representação das crianças nascidas de estupro em contextos de guerra no
cenário internacional. Mais especificamente, o objetivo central é entender as razões
pelas quais saímos da invisibilização da existência de crianças nascidas de estupro
na política internacional para a sua construção discursiva como um problema de
segurança que merece atenção internacional. Por meio da análise de documentos
das organizações que compõem o Sistema ONU, demonstramos que o reconhecimento
dessas crianças como vítimas que necessitam da atenção internacional é derivado
da evolução do debate do estupro como arma de guerra na política internacional,
sobretudo com os genocídios de Bósnia (1992-1995) e Ruanda (1994).
Desse modo, como o próprio acrônimo sugere, esse grupo tem seu reconhecimento
vinculado ao estupro, e não pelas marginalizações que sofrem enquanto indivíduos
vitimados por um conflito. Além disso, o fato do termo crianças nascidas de estupro
se aplicar a pessoas em qualquer idade faz com que esses indivíduos tenham sua
agência limitada, uma vez que as construções sociais acerca da infância colocam a
criança como vulnerável, dependente e com capacidade reduzida de exprimir suas
demandas. O arcabouço teórico pós-estruturalista adotado nessa pesquisa nos permite
examinar como as representações sociais e culturais desse grupo excluem uma
série de outros indivíduos nascidos de estupro fora de contextos de conflito. / [en] The dissertation discusses the relationship between childhood, rape and representation
of children born of rape in wartime rape in the international scenario.
The main purpose is to understand the reasons why we left the invisibility of the
existence of children born of wartime rape in International Politics to its discursive
construction as a security problem that deserves international attention. Through
the analysis of documents from the organizations that make up the UN System, we
demonstrate that the recognition of these children as victims who need international
attention is derived from the evolution of the debate on rape as a weapon of war in
International Politics, especially with Bosnian (1992-1995) and Rwandan (1994)
genocides. In this way, as the acronym itself suggests, this group s recognition is
linked to rape, and not to the marginalization they suffer as individuals victimized
by a conflict. In addition, the fact that the term children born of wartime rape applies
to people of any age means that these individuals have limited agency, since social
constructions about childhood place the child as vulnerable, dependent and with a
reduced ability to express themselves their demands. The poststructuralist theoretical
framework adopted in this research allows us to examine how the social and
cultural representations of this group exclude a series of other individuals born of
rape outside conflict contexts.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:61696 |
Date | 05 January 2023 |
Creators | CAMILLA DE AZEVEDO PEREIRA |
Contributors | PAULA DRUMOND RANGEL CAMPOS, PAULA DRUMOND RANGEL CAMPOS, PAULA DRUMOND RANGEL CAMPOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0033 seconds