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[pt] A MULHER COMO CAMPO DE BATALHA: UM ESTUDO PSICANALÍTICO DO ESTUPRO COMO ARMA DE GUERRA / [en] A WOMAN AS BATTLEGROUNG: A PSYCHOANALYTIC STUDY OF RAPE AS A WEAPON OF WAR

18 November 2021 (has links)
[pt] O estupro foi visto durante muito tempo como uma consequência do conflito armado. Contudo, esse cenário mudou na guerra da Bósnia, pois o estupro deixou de ser meramente um efeito colateral da guerra para ser percebido como estratégia/arma de guerra com o principal objetivo de realizar a limpeza étnica. A violência, o estupro e o trauma são os protagonistas da nossa investigação. Nossa pesquisa é de cunho estritamente teórico e, para isso, utilizamos a referência psicanalítica nos baseando principalmente na obra freudiana para pensar a ideia de pulsão de morte, violência, guerra e trauma. Além disso, utilizamos também as considerações de André Green para analisar os conceitos de objetalização e desobjetalização do corpo da mulher nesse processo. Pois percebemos o quanto a mulher é investida como objeto/instrumento de guerra com o fim de um propósito maior – como no caso da guerra da Bósnia, a limpeza étnica – também é totalmente desinvestida e anulada como sujeito, sem poder consentir ao que acontece com seu corpo tornado objeto. Além disso, analisamos o quanto o trauma possui efeitos dessubjetivantes na mulher que passa por essa cena de horror. / [en] Rape has long been seen as a consequence of armed conflicts. However, in the Bosnian war this setting changed, for rape was no longer merely a side effect of the war, to be seen as a strategy/weapon of war with the main objective of carrying out ethnic cleansing. Violence, rape and trauma are the leading figures of our investigation. Our research is strictly theoretical and for this we use the psychoanalytical reference based on Freud s work to think about the idea of death drive, violence, war and trauma. In addition we also use André Green s considerations to analyze the concepts of objectalization and deobjectalization of the woman s body in such process. As we realize how much women are invested as an object/ instrument of the war with the aim of a greater purpose – as the ethnical cleansing in the Bosnian war – the woman is also totally disinvested and annulled as a subject, without being able to consent to what happens to her body made an object, In addition, we analyze how much trauma has desubjective effects on the woman who goes through such horror scene.
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[pt] NÓS NÃO SOMOS OS ERROS DA GUERRA, APENAS SERES HUMANOS: A REPRESENTAÇÃO DAS CRIANÇAS NASCIDAS DE ESTUPRO EM CONTEXTOS DE GUERRA COMO UM PROBLEMA DE SEGURANÇA INTERNACIONAL / [en] WE ARE NOT THE MISTAKES OF WAR, BUT ONLY HUMAN BEIGNS: THE REPRESENTATION OF CHILDREN BORN OF WARTIME RAPE AS AN INTERNATIONAL SECURITY PROBLEM

CAMILLA DE AZEVEDO PEREIRA 05 January 2023 (has links)
[pt] A presente dissertação tem como objetivo discutir a relação entre infância, estupro e representação das crianças nascidas de estupro em contextos de guerra no cenário internacional. Mais especificamente, o objetivo central é entender as razões pelas quais saímos da invisibilização da existência de crianças nascidas de estupro na política internacional para a sua construção discursiva como um problema de segurança que merece atenção internacional. Por meio da análise de documentos das organizações que compõem o Sistema ONU, demonstramos que o reconhecimento dessas crianças como vítimas que necessitam da atenção internacional é derivado da evolução do debate do estupro como arma de guerra na política internacional, sobretudo com os genocídios de Bósnia (1992-1995) e Ruanda (1994). Desse modo, como o próprio acrônimo sugere, esse grupo tem seu reconhecimento vinculado ao estupro, e não pelas marginalizações que sofrem enquanto indivíduos vitimados por um conflito. Além disso, o fato do termo crianças nascidas de estupro se aplicar a pessoas em qualquer idade faz com que esses indivíduos tenham sua agência limitada, uma vez que as construções sociais acerca da infância colocam a criança como vulnerável, dependente e com capacidade reduzida de exprimir suas demandas. O arcabouço teórico pós-estruturalista adotado nessa pesquisa nos permite examinar como as representações sociais e culturais desse grupo excluem uma série de outros indivíduos nascidos de estupro fora de contextos de conflito. / [en] The dissertation discusses the relationship between childhood, rape and representation of children born of rape in wartime rape in the international scenario. The main purpose is to understand the reasons why we left the invisibility of the existence of children born of wartime rape in International Politics to its discursive construction as a security problem that deserves international attention. Through the analysis of documents from the organizations that make up the UN System, we demonstrate that the recognition of these children as victims who need international attention is derived from the evolution of the debate on rape as a weapon of war in International Politics, especially with Bosnian (1992-1995) and Rwandan (1994) genocides. In this way, as the acronym itself suggests, this group s recognition is linked to rape, and not to the marginalization they suffer as individuals victimized by a conflict. In addition, the fact that the term children born of wartime rape applies to people of any age means that these individuals have limited agency, since social constructions about childhood place the child as vulnerable, dependent and with a reduced ability to express themselves their demands. The poststructuralist theoretical framework adopted in this research allows us to examine how the social and cultural representations of this group exclude a series of other individuals born of rape outside conflict contexts.

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