Este estudo trata sobre os fatores que levaram professores brancos a se envolverem com a educação das relações étnico-raciais. Para tal, discute a relação existente entre colonialismo europeu, raça e racismo, e a especificidade da manifestação da ideologia racial no Brasil, marcada pelo ideal de branqueamento e pelo mito da democracia racial, que nega a existência do racismo e dificulta a percepção dos sujeitos de uma forma geral sobre a necessidade de enfrentamento do mesmo. Reflete sobre a dificuldade de indivíduos brancos de se identificarem com o enfrentamento de um problema do qual não são vítimas, também por conta do processo histórico que marcou a gênese da própria identidade branca e do legado do privilégio simbólico branquitude. Para elucidar o paradoxo de existirem professores brancos envolvidos com a educação das relações étnico-raciais, apesar da branquitude e da frequente negação da existência do racismo na sociedade brasileira, recorreu-se aos estudos de Adorno sobre a relação existente entre as forças internas da personalidade e a adesão às ideologias. A pesquisa de campo foi estruturada sobre a abordagem qualitativa, que envolveu observação assistemática e aplicação de entrevistas e questionários aos professores brancos sujeitos da pesquisa. Para análise dos dados das entrevistas, foi adotada a perspectiva da análise do discurso. Os resultados evidenciaram que os professores brancos participantes do estudo são sujeitos de personalidades liberais, formadas a partir de meios familiares não autoritários, cujas estruturas de poder foram marcadas pela aplicação de um método disciplinar mais tolerante, pautado no afeto, no diálogo e na compreensão, e pela convivência com pessoas negras. O fato de serem sujeitos tolerantes e terem convivido afetivamente com negros abriu caminho para que esses professores se identificassem com essa população e fizessem com que a mesma continuasse a integrar os laços sociais constituídos na vida adulta, o que possibilitou o acionamento das predisposições de suas personalidades liberais contra o racismo, e a produção de rupturas com a consciência inerte da branquitude, na medida em que foram afetados pela experiência das pessoas negras com quem convivem, ao ponto de se envolverem com a educação das relações étnico-raciais. / This research focuses on the factors that led white teachers to get involved with the education of ethnic-racial relations. To this end, it discusses the relationship between European colonialism, race and racism, and the specific manifestation of racial ideology in Brazil, marked by the ideal of whitening and the myth of racial democracy, which denies the existence of racism and impedes the perception of subjects in general on the need to face them. Reflects on the difficulty of white individuals identify with the face of a problem of which they are not victims, also on account of the historical process that marked the genesis of own white identity and the legacy of whiteness symbolic privilege. To elucidate the paradox exist white teachers involved in the education of ethnic-racial relations, despite the whiteness and the frequent denial of the existence of racism in Brazilian society, we used to Adorno studies on the relationship between the internal forces of personality and adherence to ideologies. The field research was structured on the qualitative approach, which involved systematic observation and application of interviews and questionnaires to subjects white teachers in the survey. Data analysis of the interviews, it adopted the perspective of discourse analysis. The results showed that white study participants teachers are subjects of liberal personalities, formed from non-authoritarian family means whose power structures were marked by applying a more lenient disciplinary method, based on affection, dialogue and understanding, and the interaction with black people. The fact that they are subject tolerant and have lived affectively with black paved the way for these teachers to identify with this population and to do that it continued to integrate social bonds formed in adulthood, allowing the activation of the predispositions of their personalities liberal racism and production breaks with the inert consciousness of whiteness, as they were affected by the experience of black people with whom they live, about to get involved with the education of ethnic-racial relations.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-14122015-163310 |
Date | 16 September 2015 |
Creators | Bastos, Janaina Ribeiro Bueno |
Contributors | Souza, Maria Cecilia Cortez Christiano de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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