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Trauma em idosos: características e evolução / Trauma in elderly individuals: characteristics and progression

O trauma desponta como mais uma doença a que os idosos podem estar vulneráveis. Além disso, tendo em vista o aumento desta faixa etária, é possível que, em breve, a realidade do trauma nesta população também cresça. Dessa forma, é fundamental que os profissionais dos serviços de saúde conheçam as alterações que ocorrem com o processo de envelhecimento e as características específicas do trauma, com a finalidade de melhor assistir esta população. Assim, os objetivos deste estudo foram: identificar o perfil sociodemográfico de idosos, vítimas de trauma; caracterizar as doenças preexistentes e os medicamentos em uso; descrever as características do trauma e sua evolução; verificar a existência de associação entre variáveis sociodemográficas, doenças preexistentes, características e evolução do trauma; verificar a existência de correlação entre dias internados em CTI e ISS. Trata-se de um estudo não experimental, retrospectivo e exploratório. Realizado a partir da análise de dados de natureza secundária contidos em um banco de dados do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, referentes às notificações dos pacientes, vítimas de trauma, atendidos na Unidade de Emergência, deste hospital, no período de 2008 a 2010. Dessa forma, a coleta dos dados seguiu as informações contidas no referido banco, além da busca nos prontuários médicos para identificação de doenças preexistentes, do uso de medicamentos em domicílio e das complicações clínicas após o trauma. Foram estudados 131 idosos, vítimas de trauma, média de idade 69,9 anos (s=7,7); 73,3% eram homens; 55,1%, casados; 54,7%, aposentados; 65,6% possuíam doenças preexistentes, sendo 38,9% hipertensão arterial sistêmica e 19,8% etilismo, média de doenças 2,3 (s=1,4); 48,9% tomavam medicação em domicílio, média 3,2 medicamentos (s=2,3). Quanto às características do trauma, para 31,3%, o mecanismo de trauma foi queda e para 28,2%, pedestre; 83,2% por trauma contuso; 59,5% possuíam lesão em cabeça/pescoço, 45,8% em extremidades e ossos da pelve, média 1,8 (s=1,0); 44,3% obtiveram ISS entre 9 e 15 (trauma moderado) e 30,5% ISS de 25 ou mais (trauma muito grave); 80,2% apresentaram TRISS entre 51% ou mais (francas condições de se evitar o óbito). Com relação à evolução do trauma, 30,5% internaram em CTI, média de 4,2 dias; 62,6% desenvolveram complicações clínicas, sendo 43,5% infecciosas e 30,5% cardiovasculares; 46,1% foram submetidos à cirurgia ortopédica; 66,4% sobreviveram ao trauma, 47,3% receberam alta hospitalar com limitações moderadas e 33,6% faleceram, sendo 36,4% por traumatismo cranioencefálico e 22,7% por sepse. Houve associação entre mecanismo do trauma e doença preexistente (p=0,01) e associação entre mecanismo do trauma e sexo (p=0,03); a presença de doenças aumentou em 3,10 a chance para desenvolver complicações em relação aos que não apresentavam doenças (p=0,02); para os internados em CTI, a chance de ter complicações aumenta em 28,2 (p<0,01); conforme aumenta o índice de gravidade do trauma, maiores são as chances de complicações, odds = 3,07 entre ISS 16 e 24 (grave) e odds = 6,50 com ISS 25+ (muito grave) em relação ao ISS 9 a 15 (moderado); para idosos com complicações, a chance de morte aumenta em 5,56, quando comparados com aqueles que não apresentaram (p<0,01); para idosos com TRISS <50% (sobrevida inesperada), a chance de óbito foi de 10,13 em relação àqueles com TRISS >=50% (morte evitável) (p<0,01); a correlação entre os dias de internação no CTI e os escores do ISS foi fraca e positiva (r=0,18), indicando que quanto maior o número de dias de internação no CTI maiores são os índices de gravidade do trauma (p=0,03). O conhecimento das características e da evolução do trauma pode possibilitar aos profissionais de saúde o planejamento de medidas preventivas, além de viabilizar melhor atendimento aos idosos na atenção intra-hospitalar e após a alta, com vistas a melhorar a qualidade de vida. / Trauma emerges as another condition to which elderly individuals are vulnerable. Considering the increase in this population, trauma events are also likely to increase among older individuals. Hence, it is essential that health care providers are aware of changes that may occur with the aging process and the specific characteristics of trauma aiming to better care for this population. This study identifies the sociodemographic profile of elderly trauma victims; characterizes pre-existent diseases and used medications; describes the characteristics of trauma and its progression; verifies potential correlation between days hospitalized in ICU and Injury Severity Score (ISS). This non-experimental, retrospective and exploratory study was based on secondary data collected from a database of the Hospital Epidemiology Center at the Hospital das Clinicas, Medical School, University of São Paulo at Ribeirão Preto concerning reports of elderly trauma victims cared for in the hospital\'s emergency department from 2008 to 2010. Data collection was based on information contained in the database and search on medical charts to identify pre-existent diseases, medication used at home, and clinical complications after the trauma. A total of 131 elderly trauma victims participated in the study: 69.9 years old in average (sd=7.7); 73.3% men; 55.1% married; 54.7% retired; 65.6% with pre-existent diseases: 38.9% systemic arterial hypertension, and 19.8% alcoholism; average of diseases 2.3 (sd=1.4); 48.9% took medication at home, average of 3.2 medications (sd=2.3). In relation to the characteristics of trauma: 31.3% was caused by falls and 28.2% pedestrian; 83.2% was contusion trauma; 59.5% had head and neck injury; 45.8% had limbs and pelvic bones affected, average 1.8 (sd=1.0); 44.3% obtained ISS between 9 and 15 (moderate trauma) and 30.5% ISS was 25 or above (very severe trauma); 80.2% presented Trauma and Injury Severity Score (TRISS) between 51% or above (real conditions to avoid death). In relation to trauma progression, 30.5% was hospitalized in ICU, 4.2 days in average; 62.6% developed clinical complications: 43.5% infections and 30.5% cardiovascular; 46.1% was submitted to orthopedic surgery; 66.4% survived, 47.3% was discharged with moderate impairment and 33.6% died: 36.4% due to brain injury and 22.7% due to sepsis. An association between the mechanism of trauma and pre-existent diseases was found (p=0.01) as well as association between mechanism of trauma and gender (p=0.03). Pre-existent diseases increased 3.10 times the chance of complications comparing to those with no pre-existent diseases (p=0.02). The chances of complications increased 28.2 times for those hospitalized in ICU (p<0.01); the higher the index of trauma severity, the greater the chances of complications, odds = 3.07 between ISS 16 to 24 (severe) and odds = 6.50 with ISS 25+ (very severe) in relation to ISS 9 to 15 (moderate). The chances of dying increased 5.56 times for those with complications compared to those with no complications (p<0.01); chances of death was 10.13 times higher for individuals with TRISS <50% (unexpected survival) in relation to those with TRISS >=50% (evitable death) (p<0.01). Correlation between duration of hospitalization in ICU and ISS scores was weak and positive (r=0.18) indicating that the longer the hospitalization in ICU, the higher the trauma severity index (p=0.03). Knowledge concerning the trauma characteristics and progression can enable health care providers to plan preventive measures and provide better care to elderly individuals both at the hospital and after discharge aiming to improve their quality of life.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-28112011-164940
Date30 September 2011
CreatorsGláucia Costa Degani
ContributorsSueli Marques, Gerson Alves Pereira Junior, Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues
PublisherUniversidade de São Paulo, Enfermagem Fundamental, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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