Em meados de 1998, Charles Hoffman, contador americano, conseguiu desenvolver um novo conceito para a transmissão e gestão da informação financeira em meio digital. Posteriormente denominada de XBRL, sua essência era simples: tentar criar uma forma de comunicação que fosse inteligível e comum tanto para os homens quanto para o computador, sem que para isso fosse necessário imobilizar os conceitos e terminologias financeiras. Sua inovação ganhou respaldo e interesse de diversas instituições responsáveis pela regulação e fiscalização do mercado de capitais norteamericano, assim como de empresas públicas e privadas, que em conjunto, iniciaram medidas a fim de incentivar seu desenvolvimento e sua apreciação prática. No Brasil, seus reflexos ocorreram a partir de 2001, por meio de estudos pioneiros realizados pelo Prof. Edson Luiz Riccio e o TECSI (Laboratório de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação) do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP, bem como com a publicação de livros e artigos que explicavam ao público o funcionamento e como a inovação se mobilizava entre outros países. Em 2011, o interesse nacional em efetivar sua implantação e adoção ganhou força pela cooperação de diversos agentes interessados, de diversas instituições e com interesses distintos, por meio da criação da taxonomia local. Apesar dos benefícios prometidos, diversos países tiveram dificuldades na aplicação da tecnologia no ambiente interorganizacional, em contraposição com outros tantos que serviram como cases de sucesso para a implementação da XBRL. Grande parte da literatura acredita que, inicialmente, a adoção de uma tecnologia é baseada em escolhas racionais e, posteriormente, sua difusão entre as organizações é explicada pelo processo institucional. Neste trabalho, optou-se pela teoria institucional revisada do modelo conceitual de Swanson e Ramiller (1997), denominado visão organizacional. Por meio dessa perspectiva, o processo institucional é exercido já no período anterior à adoção e difusão de uma tecnologia de sistemas de informações pela criação da visão das diversas organizações institucionais que formam o ambiente. A finalidade do modelo da visão organizacional é entender o processo de interpretação, legitimação e mobilização de recursos para a tecnologia estudada. Ao considerar o XBRL um componente da tecnologia de sistemas de informações, este trabalho apresenta os seguintes problemas de pesquisa: como os arranjos e forças institucionais formam a visão organizacional do XBRL no Brasil? Qual a situação dessa visão organizacional? Por meio de pesquisa qualitativa, foram realizadas, entre dezembro de 2012 a maio de 2013, 9 entrevistas semi-estruturadas com agentes institucionais, de diferentes tipos de organizações, que possuíssem conhecimentos sobre o XBRL. Para análise das entrevistas, optou-se pela categorização semântica seguindo as classes predefinidas no modelo conceitual da visão organizacional. Conclui-se que as organizações com interesse na tecnologia trabalham em estado de cooperação para sua promoção. Avanços foram realizados para a adoção e difusão do XBRL, principalmente na área pública. Entretanto, a visão organizacional precisa demonstrar maior plausibilidade e importância para atrair novos participantes na formação de seu discurso, pois a interpretação, legitimação e mobilização ocorrem em ritmos distintos entre as organizações institucionais. / Around 1998, Charles Hoffman, an American accountant, developed a new concept for the transmission and management of the financial information in digital media. Named XBRL afterwards, its essence was simple: try to create an intelligible and ordinary way of communication both for men and the computer, without the need of hard concepts and financial terminology. This innovation called the attention of many institutions responsible for the regulation and supervision of the American capital market, as well as of public and private companies. Together, they started measures so as to encourage its development and practical appreciation. In Brazil, its repercussions started in 2001, through pioneer studies developed by Prof Edson Luiz Riccio and TECSI (Information Systems and Technology Management Lab) at the Accounting Department of the School of Business, Economics and Accounting - FEA/USP, as well as edition of books and articles that explained the society how it worked and how such an innovation was happening among other countries. In 2001, the national interest to actualize its implementation and adoption enhanced by means of the cooperation between many agents from diverse institutions and with different interests, through the creation of the local taxonomy. Although the promised benefits, many countries had difficulties when applying this technology in the interorganizational environment, if compared with so many others that were success cases for the implementation of XBRL. Great part of literature believes that, initially, the adoption of a technology is based on rational choices and, afterwards, its spread among organizations can be explained by the institutional process. In this research, we chose the revised institutional theory from Swanson & Ramiller (1997) conceptual model, called organizing vision. Through this perspective, the institutional process can be exerted in the period before the adoption and spread of an information systems technology, by creating the vision of the so many institutional organizations taking part in the environment. The aim of the organizing vision is to understand the resources interpretation process, legitimation and mobilization for the studied technology. As we consider XBRL a component of information systems technology, in this research, we present the following problems: how can the institutional strengths and arrangements form the XBRL organizing vision in Brazil? What is the situation of this organizing vision? Through qualitative research, between December 2012 and May 2013, 9 semi-structured interviews were made with institutional agents from different types of organizations, with knowledge of XBRL. To analyse the interviews, we chose the semantic categorization, following the predefined classes of the organizing vision conceptual model. It can be concluded that the organizations interested in technology work in cooperation for its promotion. Progress was made for the adoption and spread of XBRL, mainly in the public area. However, the organizing vision needs to demonstrate more importance and plausibility to attract new participants when forming its discourse, because the interpretation, legitimation and mobilization occur differently among institutional organizations.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-22112013-192405 |
Date | 27 September 2013 |
Creators | Mauricio Taufic Guaiana |
Contributors | Edson Luiz Riccio, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, Paulo Caetano da Silva |
Publisher | Universidade de São Paulo, Controladoria e Contabilidade, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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