O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que ganhou destaque nas últimas décadas. Nesse contexto, a morte aparece como questão difícil, pois se trata de um tema tabu na cultura ocidental. À luz da fenomenologia existencial, se refletiu sobre o envelhecer e o morrer em uma época atravessada pela técnica como verdade do ser, em que esses fenômenos são considerados problemas que desencadeiam grande esforço moderno em tentar controlá-los e dominá-los. Por meio da entrevista reflexiva, este projeto teve como objetivo compreender a experiência de idosos longevos que consideram que se prepararam para a morte. Buscou-se investigar o sentido dessa preparação e seus desdobramentos. Foram entrevistados três idosos com mais de 80 anos de idade, residentes da cidade de São Paulo, sendo duas mulheres e um homem. A reflexão desenvolvida diversificou os significados sobre o envelhecer e o morrer a partir do entendimento singular de como cada Dasein lida e compreende o seu envelhecimento e a sua finitude. Todos os entrevistados discorreram sobre a questão da morte sem resistência, mas foi reconhecida a possibilidade de um falar com um envolvimento mais pessoal e, também, de uma forma mais coletiva e genérica. Dentre as diversas questões discutidas, se destaca as noções de corporeidade e de temporalidade, na qual o modo como cada participante se relaciona com o seu ser-corporal, bem como a maneira que entendem o passado, o presente e as possibilidades de futuro se mostraram essenciais na forma que compreendem e sentem o ser-velho, o significado da morte e o sentido da vida. A depender do contexto existencial, se identificou a possibilidade do esvaziamento de sentido da vida e um desejo de morte, fomentando a reflexão sobre quantidade de vida não ser sinônimo de qualidade de vida. Constatou-se diversas iniciativas de preparação para a morte que ocorreram em diferentes âmbitos, permeando questões financeiras, emocionais, sociais, corporais, materiais e até espirituais. O sentido dessas realizações se desvelou na direção de um cuidar da vida, pois se mostraram como tentativas de garantir a melhor qualidade na existência, seja em relação à vida do próprio idoso até a sua morte, ou de uma possível próxima vida, seja sobre a existência de quem permanece vivo após a morte do idoso, como os familiares e amigos. Assim, fica evidente que a única certeza da morte é a vida, ou seja, a morte convoca para o tempo do viver. Entrar em contato com a finitude viabiliza o encontro das possibilidades de vida dignas de serem vividas. Acredita-se que fugir da morte tem como consequência se esquivar, também, de uma vida mais própria. Portanto, é essencial falar sobre a morte e o morrer, pois é aberto, ao mesmo tempo, o falar sobre a vida e o viver a melhor vida possível / Aging is a worldwide phenomenon that has gained prominence in recent decades. In this context, death appears as a difficult question because it is a taboo subject in Western culture. In light of existential phenomenology, we reflected on aging and dying in an era crossed by technique as a truth of being, in which these phenomena are considered problems that trigger a great modern effort in trying to control and dominate them. Through reflective interview, this project aimed to understand the experience of long-lived elders who consider themselves prepared for death. It was sought to investigate the meaning of this preparation and its unfolding. Three elderly people aged over 80 years old, living in the city of São Paulo, were interviewed, two women and one man. The developed reflection has diversified the meanings about aging and dying, from the singular understanding of how each Dasein deals with and understands his own aging and finitude. All the interviewees discussed the question of death without resistance, but the possibility of a conversation about finitude with a more personal involvement or in a more collective and generic way were acknowledged. Among the various issues discussed, we can highlight the notions of corporeity and temporality, the way each participant relates to his or her corporeal being, as well as the way they understand the past, the present and the possibilities of the future, have shown to be essential in the way they understand and feel their old self, the meaning of death, and the meaning of life. Depending on the existential context, we identified the possibility of emptying the meaning of life and a death wish, encouraging reflection on the quantity of life as not necessarily synonymous with quality of life. Several initiatives to prepare for death have been verified, permeating financial, emotional, social, corporal, material and even spiritual issues. The meaning of these achievements was seen as a way of well-being, as they proved to be attempts to guarantee the best quality in existence, be it in relation to the life of the elderly person himself or his death, or a possible next life, or the existence of those who remain alive after the death of the elderly, such as family and friends. Thus, it is evident that the only certainty of death is life, that is, death is summoned to the time of living. Getting in touch with finitude makes it possible to meet the possibilities of life and make it worth living. It is believed that escaping from death has the consequence of evading life itself. Therefore, it is essential to talk about death and dying, since at the same time it is also a way to talk about life and how to live the best possible life
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-29102018-155400 |
Date | 03 August 2018 |
Creators | Giberti, Gabriela Machado |
Contributors | Rosa, Helena Rinaldi |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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