Novas abordagens clínicas para o diagnóstico e monitoramento de pessoas com doenças sistêmicas têm sido empregadas, através da utilização de fluidos biológicos orais, como a saliva e o fluido gengival crevicular (FGC). Alguns autores têm avaliado o potencial desses fluidos no diagnóstico e acompanhamento de doenças, por apresentarem vantagens tais como coleta não invasiva e segurança no manuseio. Até o presente momento, poucos trabalhos detectaram os poliomavírus humano BK (BKV) e JC (JCV) em saliva e nenhum trabalho procurou sua presença no FGC. Esses poliomavírus infectam assintomaticamente cerca de 80% da população geral, mantendo-se latente no trato urinário. No caso de imunossupressão mediada por células, pode ocorrer o aumento da replicação e indução de reação inflamatória. Uma das doenças causadas pela replicação do BKV é a nefropatia associada ao poliomavírus (NAP), caracterizada pela disfunção e perda do próprio rim ou do rim transplantado, enquanto a Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LMP), causada pela replicação do JCV, infecta os oligodendrócitos, causando desmielinização. Métodos não invasivos para o screening dos poliomavírus podem facilitar a detecção de novos casos e a monitoração de casos previamente conhecidos. O objetivo deste estudo foi verificar a possibilidade de detecção e quantificação do BKV e JCV em fluidos orais (saliva, lavado bucal e FGC) de indivíduos com insuficiência renal crônica (IRC), transplantados renais (TR), e controles em relação ao sangue e urina, fluidos frequentemente usados para esse teste. Para tanto, foram incluídos no estudo 38 sujeitos, divididos em 3 grupos, sendo 14 indivíduos no grupo com IRC (GIR), 12 TR no grupo transplantado renal (GTR) e 12 indivíduos saudáveis no grupo controle (GC). No total, coletamos 283 amostras dos participantes, sendo 151 de FGC, 38 amostras de saliva, 38 de lavado bucal, 35 de soro e 21 amostras de urina. No GIR, 100% (14) dos indivíduos apresentaram positividade para BKV em pelo menos uma amostra analisada e 14% (2) foram positivos para JCV. No GTR, 91,7% (11) dos indivíduos foram positivos para BKV e 51,7% (5) foram positivos para JCV. Dentre os sujeitos do GC, 91,7% (11) foram positivos para BKV e 50% (6) para JCV, em pelo menos uma amostra testada. Não houve diferença de frequência de detecção viral entre os 3 grupos de participantes, com relação às amostras coletadas. As amostras de fluidos orais (saliva, lavado e FGC) exibiram alta prevalência de detecção, principalmente do BKV, com muitas amostras com níveis quantificáveis de carga viral. Concluímos que fluidos orais, especialmente saliva e lavado bucal, podem ser usados para o rastreamento do BKV e JCV. / New clinical approaches for diagnosis and monitoring of individuals with systemic diseases have been employed through the use of oral biological fluids such as saliva and gingival crevicular fluid (GCF). Some authors have evaluated the potential of these fluids in the diagnosis and monitoring of diseases, because they have advantages such as noninvasive collection and safe handling. To date, few studies have demonstrated the detection of human polyomavirus BK (BKV) and JC (JCV) in saliva and no study reached for its presence in GCF. These polyomavirus infect asymptomatically around 80% of general population, remaining latent in the urinary tract. In case of immunosuppression mediated by cells, there is increased inflammation and induction of replication. One of the diseases caused by BKV replication is polyomavirus associated to the nephropathy (PVAN), characterized by the dysfunction or loss of the kidney or transplanted kidney, while the progressive multifocal leukoencephalopathy (PML) is caused by replication of JCV, infects oligodendrocytes causing demyelination. Noninvasive screening could facilitate the detection of new cases and monitoring of cases previously known. The objective of this study was to investigate the possibility of BKV and JCV detection and quantification in oral fluids (saliva, mouthwash and GCF) of individuals with chronic kidney failure (CKF), kidney transplantation (KT), and controls compared with blood and urine, often used for this test. Therefore, we included 38 subjects, divided into 3 groups, being 14 individuals with CKF (KFG), 12 individuals with KT (KTG) and 12 healthy control individuals (CG). In a total, we collected 283 samples, being 151 of GCF, 38 of saliva, 38 of mouthwash, 35 of serum and 21 samples of urine. In the KFG, 100% (14) of the individuals were positive for BKV in at least one of the collected sample and 14% (2) were positive for JCV. In the KTG, 91.7% (11) were positive for BKV and 51.7% for JCV. Among the subjects of the CG, 91.7% (11) were positive for BKV and 50% (6) to JCV, in at least one tested sample. There was no difference in viral detection frequency between the 3 studied groups with respect to the collected samples. Oral fluids samples (saliva, mouthwash and GCF) exhibited high prevalence of detection, especially of BKV, and several samples showed detectable viral load. We conclude that oral fluids, especially saliva and mouthwash, can be used for the screening of BKV and JCV.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19012016-163456 |
Date | 06 October 2015 |
Creators | Alves, Talita de Castro |
Contributors | Gallottini, Marina Helena Cury |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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