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Previous issue date: 2009 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / O objetivo deste trabalho é apresentar uma discussão do conceito de confiança nas
relações amorosas, que possa ser útil às novas inquietações e indagações sobre as relações
afetivas da contemporaneidade, considerando-se os atuais padrões de relacionamentos
adotados. Para tanto, partiu-se de alguns autores que contribuíram na elucidação do tema
no âmbito das Ciências Sociais: Georg Simmel, Michel Foucault, Niklas Luhmann,
Zygmunt Bauman e Anthony Giddens.
Em Georg Simmel, podem-se apontar três possibilidades para pensar o problema
da confiança nas relações amorosas: 1. o surgimento de uma moral geral-particular
resultaria no reconhecimento mútuo entre homens e mulheres, viabilizando a confiança
entre eles, 2. as mulheres conquistariam a liberdade social , através da repetição da
objetividade criada pelo homem. Neste caso, a confiança seria restrita ao âmbito público e
3. as mulheres seriam capazes de combinar os elementos subjetivos e objetivos, sendo a
confiança no amor possível apenas entre elas. Os homens viveriam então, num estado
solipsista.
A confiança nas relações amorosas, em Michel Foucault, poderia ser extraída de
uma determinada formação discursiva, e criada pelas subjetividades dos objetos do
mundo, e, portanto, variante e envolvido tanto pelas práticas de sujeição quanto pelas de
liberação.
Segundo Niklas Luhmann, a confiança é importante porque reduz a complexidade
social. Nas relações amorosas, esse conceito deve ser visto a partir de sua teoria dos sistemas ou perspectiva neo-funcionalista. A fragilidade das relações amorosas no mundo
contemporâneo é refletida na sensação de perigo que depende da ação de terceiros ou de
fatores sociais o que pode levar o indivíduo a correr o risco resultado da decisão do
agente e envolver-se menos. Superando-se esta possibilidade da relação entre risco e
perigo, o amor seria transformado em confiança, esvaziando-se.
Para Zygmunt Bauman, o amor líquido é definido por relações de interesse e de
extremo egoísmo. As relações afetivas são comparadas às bolsas de valores, e a confiança
costuma ser transformada em desconfiança, em um curto período de tempo. A
durabilidade e a estabilidade das relações são trocadas pela preocupação do indivíduo em
conectar-se à rede narcísica do mundo contemporâneo.
Com uma visão mais otimista acerca do amor, e pode-se dizer aqui, da confiança
nas relações amorosas, Anthony Giddens parte da democratização da vida pessoal,
enfatizando as conquistas das mulheres e a combinação entre equidade, liberdade e
autonomia.
Ao final da análise deste trabalho, a fidelidade evidenciou-se como um elemento
central da confiança nas relações amorosas. Tentou-se, portanto, apresentar algumas
categorias que pudessem refletir as motivações dos indivíduos relativas à infidelidade: 1.
Desejo (necessidades biológicas e psico-sociais), subdivido em: a) Desejo sexual e b)
Desejo-paixão; 2. Reconhecimento social/não reconhecimento social; 3. Manutenção da
relação; 4. Combustível da relação; 5. Teste; 6. Auto-encorajamento para terminar a
relação; 7. Forma de encorajar a(o) parceira(o) para terminar a relação; 8. Razão
instrumental; 9. Vingança e 10. Sistema Social. Essas categorias foram criadas para
iluminar o debate sobre a contraditória valorização da fidelidade e sua negativa empírica no mundo hodierno, e enfatizar a necessidade de re-pactuar o vínculo amoroso, admitindo
que o amor possa ser suplantado, considerando as elevadas chances do esvaziamento do
sentimento, mas preservando os sentidos de amizade e de humanidade
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/9380 |
Date | 31 January 2009 |
Creators | Lucena, Marcela Zamboni |
Contributors | Morais, Josimar Jorge Ventura de |
Publisher | Universidade Federal de Pernambuco |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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