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Crack: histórias de vida de moradores de rua

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2013. / Made available in DSpace on 2014-08-06T17:06:29Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 21 / RESUMO
A capilaridade do consumo de crack e o problema da moradia na rua são
fenômenos que desafiam a sociedade brasileira na atualidade e
lamentavelmente avançam a um passo acelerado. Esses fatores
motivaram a realização desta pesquisa qualitativa, descritiva e
exploratória de cunho sócio-histórico que objetivou compreender o
modo de viver dos moradores de rua usuários de crack, a partir das suas
histórias de vida e dos fatores que os levaram a se envolverem com o
crack. Trata-se de uma pesquisa que utilizou como referencial teórico os
conceitos de Estigma de Erving Goffman e das histórias de vida como
técnica para coletar as informações. Os participantes do estudo foram
dez moradores de rua da cidade de Florianópolis, Santa Catarina; com
idade compreendida entre os 18 e 35 anos. Os dados foram coletados
nos principais fumódromos do Bairro Central da cidade, durante os
meses de fevereiro e maio de 2013 por meio de uma entrevista
semiestruturada. O projeto de pesquisa foi aprovado no dia 22 de
fevereiro de 2013 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Santa Catarina CEP/UFSC sob parecer nº 202.673. A análise
dos dados seguiu os preceitos de Laurence Bardin, da qual surgiram 6
grandes categorias, o que possibilitou a produção de 3 manuscritos que
dialogavam com os objetivos específicos da pesquisa. No primeiro
manuscrito, intitulado Entre batalhas e pedras: histórias de vida de
moradores de rua, usuários de crack, o objetivo foi descrever as
experiências cotidianas dos moradores de rua e os significados
atribuídos ao crack, aqui foram expostas as categorias: Vida na rua:
entre batalhas e sobrevivência e Crack: a maldição que fascina onde se
evidenciam as lutas cotidianas na rua e os significados impostos ao
crack. A rua foi concebida como um espaço urbano, fugaz, repleto de
lutas, estigmas e liberdades simbólicas. E o crack foi compreendido
como um espírito dicotómico: vida vrs morte. No segundo manuscrito,
intitulado: Do “conforto” da casa às dificuldades da rua: a14
subjetividade das relações familiares, o objetivo foi analisar a interação
entre o morador de rua e seu contexto familiar; aquilo que o levou à
situação de crack-dependente. Foram apresentadas as categorias: Lar
doce lar? O meu era feito de fel e A violência como parte do cotidiano
familiar. Aqui os resultados destacam que a ausência de regras, limites,
comunicação e afeto, assim como os diferentes tipos de violência dentro
do núcleo familiar foram variáveis que colaboraram com o inicio do
consumo de drogas, o que, posteriormente, conduziu-os ao uso de crack
e à moradia de rua. No terceiro manuscrito: A gênese: o caminho
socioeconômico ao consumo de crack e a moradia na rua, o objetivo foi
identificar, por meio das histórias de vida, os fatores sociais e
econômicos predisponentes no uso do crack e a opção pela moradia na
rua. Foram abordadas as categorias: Fatores sociais: a escola e o grupo
de pares e Fatores econômicos: convivendo com a pobreza, onde foi
desvelado que a evasão escolar, ausência de limites e normativas sociais,
consumo de drogas na comunidade, amigos consumidores, ócio,
desorganização comunitária, baixa renda, desemprego e a
disponibilidade da droga/tráfico foram elementos chave que facilitaram
a aproximação com o crack e, posteriormente, a moradia na rua.
Conclui-se que a vida nas ruas é o resultado das interações com famílias
fragilizadas, em que a violência fazia parte do cotidiano e a
desatenção/desamor eram parceiros inseparáveis. Esses sujeitos também
conviveram com outros fatores, como o abandono escolar, grupos de
amigos consumidores de drogas, pobreza e comunidades em risco
social. As interações com estes fatores nutriram as fragilidades e
favoreceram o “acolhimento” das ruas como possibilidade de moradia e
o crack como parceiro permanente de vida. / ABSTRACT
The rise of crack consumption and the problem of the appropriation of
living in the streets are phenomena that defy the Brazilian society which
unfortunately is currently progressing at a rapid pace. Those factors
were what motivated the realization of this qualitative, descriptive,
socio-historical and exploratory research aimed at understanding the
way of life of homeless crack using people from their life stories and the
factors that led them to being involved with crack. This is an qualitative
investigation that used as a theoretical referential, the concepts of
Stigma by Erving Goffman and life stories as its technique to collect
data. The study participants were that of 10 homeless crack users in the
city of Florianopolis, Santa Catarina, with ages between 18 and 35
years. Data were collected in the Central District of the city during the
months of February and May 2013 through semi-structured interviews.
The research project was approved on February 22, 2013 by the
Research Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina
REC/UFSC by declaration No 202.673. The data analysis followed the
precepts of Bardin, which gave rise to 6 major categories and enabled
the production of 3 manuscripts that aligned with the specific objectives
of this research. In the first manuscript entitled: Between battles and
stones: life stories of crack using homeless people derived the following
categories: “Life on the street: between battles and survival” and
“Crack: the curse that fascinates.” Here we showed the everyday
struggles in the street and the meanings were attached to their use of
crack. The street was conceived as an urban space, fleeting, full of
struggles, stigma and symbolic freedom and crack was perceived as a
dichotomous spirit: life vs. death. In the second manuscript entitled:
From the “comfort” of home to the difficulties of the street: the
subjectivity of family relations, the following categories were presented:
“Home sweet home? Mine was made of gall” and “Violence as part of
everyday family life.” Here the results highlighted that the absence of 16
rules, boundaries, communication, affection, and the different types of
violence within the family were variables that contributed to the onset of
drug use which subsequently led to the use of crack and living on the
streets. In the third manuscript: Genesis: the socio-economic path to
crack consumption and life in the street, we addressed the following
categories: “Social factors: The school and peer influence group” and
“Economic factors: Living with poverty.” It was unveiled that dropping
out of school, the lack of boundaries and social norms, frequent drug use
in the community, having friends who are drug consumers, excessive
leisure, disorganization communities, low income, unemployment and
the high availability or trafficking of drugs were key elements that
facilitated the adaption of crack and owning to the street as a home. We
conclude that family, schools and other social policy makers should
bring complete discussions and comprehensively address those
phenomena instead of looking away, stigmatizing or judging as this is
harmful and devalues the nomadic lives of these beings in this liquid
and abstract space; the street.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/122582
Date January 2013
CreatorsMorera, Jaime Alonso Caravaca
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Padilha, Maria Itayra Coelho de Souza, Zeferino, Maria Terezinha
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format225 p.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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