O caráter opressivo da produção capitalista não se encontra apenas em seu regime de propriedade ou extração de mais-valia, mas assume incomparável visibilidade na organização mesma do trabalho fabril e na experiência que se tem dele. Este trabalho buscou investigar, através de uma pesquisa de campo em regime de observação participante, as relações entre a organização e a experiência do trabalho numa metalúrgica da região do ABC paulista. Durante dois anos, um dia por semana, o cargo de ajudante geral foi assumido pelo pesquisador. O foco da pesquisa privilegiou a experiência de trabalho na fábrica: as formas de relacionamento dos homens entre si, com as máquinas e a matéria do trabalho. Pelo testemunho de uma experiência pessoalmente assumida e pelo contato e conversas com os trabalhadores, buscamos os episódios e as palavras que nos pareceram melhor descrevê-la. Autores como Simone Weil, Karl Marx, Lucien Goldmann, Ecléa Bosi e José Moura Gonçalves Filho ajudaram a balizar esta investigação. As perguntas que procuramos responder foram sobretudo as seguintes: 1) a experiência de trabalho ainda se caracteriza. como expôs Simone Weil, pela transformação do homem em um instrumento de trabalho fabril, pelo impedimento da participação na organização e planejamento das atividades? 2) Corno reagem os operários ao trabalho fabril? 3) Desde então, quais transformações da organização do trabalho poderíamos vislumbrar e que seriam favoráveis aos operários? As atividades fabris, tais como realizadas. assumem a figura de um processo maquinal, rápido, esquemático, e não a genuína figura de um trabalho humano. A impossibilidade de participação na organização das tarefas impede que elas sejam vividas com interioridade ou que abriguem formas de aparição pessoal. Ainda assim, os trabalhadores, através das iniciativas e movimentações no chão-de-fábrica, empenham formas de resistir a este esvaziamento de suas atividades / The oppressiveness of the capitalist production does not only features in its regime of propriety or in the extraction rise, but assumes incomparable visibility in the manufacturing work itself and in the experience one can have from it. This study soughts investigate, through a field research with participant observation, the relations between the institution and the working experience in a workshop metallurgy of ABC. For two years, once a week, the post of general helper was taken over by the researcher. The main focus was in the work experience in the workshop: sorts of relationship among the workers, between the workers and the machines, and between them and the final product. By the report of a personal experience and the record of conversations with the workers, we looked for the episodes and the words that most seemed to well describe it. Authors such as Simone Weil, Karl Marx, Lucien Goldmann, Hannah Arendt, Ecléa Bosi and José Moura Gonçalves Filho were the main theoretical references for this investigation. The questions addressed to this study were: 1) Is the working experience still characterized by the transformation of men into an instrument of the manufacturing work, by their exclusion in the organization and planning of activities, as exposed by Simone Weil? 2) How do the workers react to lhe manufacturing work? 3) What transformations of the work organization could be favorable to the workers? The manufacturing activities, as accomplished, assume the aspect of a mechanical, fast, schematic process, and not the genuine aspect of a human work. Yet, the workers find ways of resistance from this emptying of their activities
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-17042018-123658 |
Date | 30 July 2004 |
Creators | Svartman, Bernardo Parodi |
Contributors | Goncalves Filho, Jose Moura |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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