Apresentamos dados e argumentos que indicam que: a) as crises epilépticas apresentadas por Trinomys yonenagae em campo e em cativeiro são espontâneas e idiopáticas; e b) elas podem ser decorrentes de processos evolutivos. A epilepsia nesta espécie foi caracterizada em cativeiro a partir de um cadastro iniciado há 16 anos, formado por progenitores e descendentes de seis colônias de T. yonenagae, coletados na Caatinga de Ibiraba (BA), e adultos (129,90 ± 5,92g) e filhotes nascidos em cativeiro num total de 295 indivíduos. A prevalência e a incidência em indivíduos epilépticos (EE) foram estimadas e as crises epilépticas foram analisadas por meio das manifestações comportamentais, baseando-se na escala de Racine. Aspectos da procriação (n=11), a locomoção, a ansiedade (testes de arena, n= 35) e índices fisiológicos (balanço hídrico-alimentar, n=6), importantes ao fitness, foram mensurados. Somente duas colônias apresentaram EE representando 9% e 28% dos nascimentos. Do total de indivíduos (165 e 130) 9,8% são EE (n=29; 14 e 15), sendo que as representam 52% e os 48%. A prevalência é de 20 a 30% e a incidência variou de 2 a 10 casos/ano, nos últimos cinco anos. As crises são observadas somente em adultos (n=24) a menor latência é de 13m e a frequência é variável (1 a 24 em seis anos). A maioria iniciou-se por congelamento e 50% atingiram o estágio 5 da escala de Racine. Em todos os casais, de 5 a 50% dos filhotes são EE e ocorreu estro pós-parto, como esperado para a espécie. Os filhotes são saudáveis e tanto a média de filhotes por ninhada (1,9±0,3), como a média do número de ninhadas por casal (6,5±5,0) é igual à de casais não epilépticos (NE). O teste de arena indica que descendentes de EE (DE) e as EE são menos ansiosas que as NE. Não há diferença entre os grupos dos índices fisiológicos estimados. A diferença no número de EE nas colônias, a alta prevalência e % de filhotes EE, e a diferença de comportamento das fêmeas DE indicam a base genética desta epilepsia. Neste contexto, consideramos que em Trinomys yonenagae, a epilepsia límbica não compromete o fitness, o que abre possibilidades de ser decorrente de processos evolutivos envolvendo o escalonamento de respostas de anti-predação / We present data and discuss the possibility that: a) the seizures presented by Trinomys yonenagae in the wild and in captivity are spontaneous and idiopathic, and b) they may be due to evolutionary processes. Epilepsy was characterized in this species in captivity from a survey started 16 years ago, made up of parents and descendants from six colonies of T. yonenagae collected in the Caatinga of Ibiraba (BA), and adults (129.90 ± 5.92 g) and pups born in captivity in a total of 295 individuals. The prevalence and incidence in individuals with epilepsy (EE) were estimated and seizures were analyzed by behavioral manifestations, based on Racine´s scale. Locomotion and anxiety indexes (open-field test, n = 35), as well as aspects of breeding (n = 11) and physiological indicators (balance food and water, n = 6), important to fitness were measured. Only two colonies showed EE, representing 9% and 28% of births. Approximately 10% of total individuals (165 and 130 ) are EE (n = 29, 14 and 15 ), and the represent 52 and 48%. In the last five years prevalence is 20-30%, and incidence ranged from 2 to 10 cases/ year. Seizures are only observed in adults (n = 24), the lowest latency is 13 months and the frequency is variable (1 to 24 in six years). The first stage is freezing and 50% reached stage 5 of Racine´s scale. In all couples, 5-50% of puppies are EE and occurred postpartum estrus, as expected for the species. The puppies are healthy and both the average offspring per litter (1.9 ± 0.3), as well as the average number of litters per couple (6.5 ± 5.0) is equal to values presented by non-epileptic couples (NE). The open-field test indicates that descendants of EE (DE) and EE are less anxious than NE. There is no difference between EE and NE regarding food and water intake. The difference in the number of EE in the colonies, the high percentage of EE pups, and the difference in the behavior of DE indicate the genetic basis of this epilepsy. In this context, we consider that in Trinomys yonenagae the limbic epilepsy seems to not compromise the fitness, which opens possibilities to be the result of evolutionary processes involving the escalation of antipredator responses
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-22112013-153227 |
Date | 02 July 2013 |
Creators | Laís Mendes Ruiz Cantano |
Contributors | Elisabeth Spinelli de Oliveira, Monica Levy Andersen, Eliane Comoli |
Publisher | Universidade de São Paulo, Neurociências e Comportamento, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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