Return to search

O sentido da ciência no ato pedagógico

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação / Made available in DSpace on 2012-10-23T11:10:50Z (GMT). No. of bitstreams: 1
249020.pdf: 884470 bytes, checksum: 3dea46d06c583800e1e59de4b1f52aaf (MD5) / Esta tese investiga o sentido da ciência no ato pedagógico e o faz mediante uma aproximação do modo como as ciências humanas, em particular as ciências da linguagem e da educação, compreendem a teoria e a prática social do conhecimento humano. Para isso, focaliza o ato pedagógico (trabalho) no contexto da esfera escolar e nas relações que esta estabelece com a esfera científica, pondo como questão a teoria e a prática no processo de ensino. A dimensão constitutiva da linguagem na atividade educacional apresenta-se como de interesse epistemológico (cognitivo) e ético no âmbito deste estudo. A pesquisa fundamenta-se teórica e metodologicamente na abordagem sócio-histórica, especialmente na teoria do dialogismo de Mikhail Bakhtin, ou do seu Círculo. Com base nessa orientação, foram eleitas categorias que alicerçaram as reflexões em torno da atividade pedagógica, mais especificamente da relação do docente com o aparato científico de formação: dialogicidade, tema e significação, tempo e espaço e responsabilidade, entendendo-as como planos adequados à análise de processos formativos na pedagogia. A análise, que permitiu registrar as relações dos indivíduos com o conhecimento (teoria, práxis e didática), significando a experiência humana em seu lócus, mostrou, em seus desdobramentos: a necessidade de maior integração entre a ciência e a atividade dos professores, uma vez que existe certo descompasso entre os princípios teórico-metodológicos assumidos por estes e os divulgados pela ciência no atual estágio de conhecimento, dada a "simplificação" a que esse conhecimento é submetido no decorrer de sua passagem da esfera científica à escolar; a ausência de articulação entre teoria e prática pedagógica, tradicionalmente concebidas como dicotômicas; a permanência de certas ações escolares que denominei rito pedagógico; a posição discursiva de terceiro assumida pelo professor. Diante de tais condições, é possível afirmar: o conhecimento científico nas fronteiras entre a esfera científica e a escolar sofre um processo de "didatização" que afeta o real do objeto e reforça a passividade do professor, colocado na posição de "aluno"; a dicotomia teoria e prática é hoje reforçada pelo pensamento pós-moderno; em relação à tradição, ao rito pedagógico, pode-se dizer que contribuem para a perenidade do agir pedagógico, transformando-o em quase-dogma, eclipsando o conhecimento necessário para atingir as dimensões da realidade fenomênica e não-fenomênica e as condições para nela poder intervir. Outro aspecto que a análise da pesquisa possibilitou trazer à tona refere-se à atribuição do espaço do eu, do outro e do terceiro - esse último, segundo Bakhtin, um supradestinatário situado na intersecção entre o eu e o tu. Na prática pedagógica, em que a especificidade dos fenômenos singulares costuma ser diluída num teoreticismo abstrato (abstração do eu), o professor, consciente ou inconscientemente, assume a voz do terceiro, escondendo-se na impessoalidade. Finalmente, foram apontadas algumas questões que poderão promover novas discussões ou possibilitar outros encaminhamentos ao processo educacional: a relevância da teoria como um construto necessário à compreensão das relações dialógicas e sociais, erigidas no entrelaçamento dos conhecimentos das ciências humanas e sociais (pedagogia, filosofia, lingüística, entre outros) com as práticas laborais (atos humanos), na permanente atividade de síntese (tese-tese-síntese, pela metodologia bakhtiniana); a compreensão da pedagogia como ato humano entre outros atos humanos e não apenas uma derivação que especializa o ato pedagógico e, com isso, perde seus nexos mais amplos e nem sempre evidentes da realidade (do ser, do real) mais imediata e especializada; a importância de uma posição exotópica (de distanciamento) e cronotópica (tempo e espaço) que permita ao professor, ao pesquisador um posicionamento crítico, ético e responsável perante o que se põe como objeto da pedagogia, que, por sua vez, necessita, hoje, ser reavaliado.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/90474
Date January 2007
CreatorsBortolotto, Nelita
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Pelandre, Nilcea Lemos
PublisherFlorianópolis, SC
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format239 f.| grafs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0026 seconds