Introdução: Apesar do desenvolvimento tecnológico, permanece baixa a sobrevida hospitalar das vítimas de parada cardiorrespiratória extra-hospitalar. Há importante dúvida na literatura quanto à retenção de habilidades de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e a periodicidade adequada de treinamento para manutenção dessas habilidades. O presente estudo investigou a retenção, em alunos a partir de treinamento no primeiro semestre de ingresso no curso médico, das habilidades práticas de RCP até 42 meses após o referido treinamento. Métodos: Estudo de corte transversal, realizado com 298 alunos de graduação de uma faculdade de Medicina, treinados com base nas diretrizes de ressuscitação de 2010 da American Heart Association. Foram avaliados 205 alunos sem retreinamento das habilidades, divididos em quatro grupos conforme o tempo decorrido desde o treinamento de ingresso: 73 alunos após 1 mês, 55 após 18 meses, 41 após 30 meses e 36 após 42 meses. A análise da retenção das habilidades foi comparada com 93 alunos que referiram ter realizado retreinamento em RCP. Dezenove habilidades de RCP e nove potenciais erros de técnica na execução das ventilações pulmonares e compressões torácicas foram avaliados por meio de simulação realística e revisados com utilização de filmagem e avaliadores independentes. Resultados: A média de retenção das dezenove habilidades nos alunos sem retreinamento foi: 90% após 1 mês, 74% após 18 meses, 62% após 30 meses e 61% após 42 meses (p < 0,001). Nos alunos que referiram retreinamento, a retenção foi de 74% após 18 meses, 70% após 30 meses e 66% após 42 meses do treinamento inicial. Realizada curva de predição da retenção de habilidades, com estimativa de 80% das habilidades mantidas após 10 meses, 70% após 21 meses e 60% após 42 meses. A profundidade das compressões torácicas foi a habilidade com maior retenção ao longo do tempo (87,8%), sem diferença estatística entre os quatro grupos. Houve aumento da prevalência de compressões realizadas com menos de 5 cm de profundidade quando realizadas em frequência maior que 120 por minuto. A média da frequência de compressões torácicas obtidas nos grupos após 1, 18, 30 e 42 meses foi, respectivamente, 114, 114, 104 e 108 compressões por minuto; 104 (50,7%) alunos mantiveram frequência média entre 100-120 por minuto. As ventilações pulmonares apresentaram diminuição progressiva de retenção, de 93% após 1 mês até 19% após 42 meses (p < 0,001). Todos os alunos efetivaram o choque com o desfibrilador externo automático, porém com o grupo após 1 mês do treinamento com menor tempo para efetivação do choque e maior prevalência de posicionamento adequado das pás do desfibrilador. Conclusões: O presente estudo demonstrou diferentes níveis de retenção para as habilidades de RCP e diferentes níveis de decréscimo de tais habilidades ao longo de 42 meses. A profundidade das compressões torácicas e o uso do desfibrilador externo automático foram as habilidades com maior retenção ao longo do tempo. Treinamentos adicionais ao longo do curso de Medicina atenuaram a perda de habilidades, mas sem retorno ao desempenho observado após 1 mês do treinamento. Sugerimos que o intervalo mínimo de retreinamento para manutenção de pelo menos 70% das habilidades deva ser de 18 a 24 meses / Introduction: Despite technological development, the survival of victims of out-ofhospital cardiac arrest remains low. There are important questions in the literature regarding the retention of cardiopulmonary resuscitation (CPR) skills and the ideal frequency of retraining required to enhance retention of skills. This study investigated the retention of practical CPR skills by medical students over 42 months after training in the first semester of admission to the medical course. Methods: A cross-sectional study was conducted with 298 undergraduate medical students who were trained based on the 2010 American Heart Association resuscitation guidelines. A total of 205 students divided into four groups according to the time elapsed since the entrance training were evaluated without retraining (73 students after 1 month, 55 students after 18 months, 41 students after 30 months and 36 students after 42 months). The analysis of the retention of skills was compared to 93 students who reported having performed retraining in CPR. Nineteen CPR skills and nine potential technical errors in ventilations and chest compressions were evaluated by realistic simulation and reviewed using filming by independent examiners. Results: The mean retention of the nineteen skills in not retrained students was: 90% after 1 month, 74% after 18 months, 62% after 30 months and 61% after 42 months (p < 0.001). In retraining students, retention was 74% after 18 months, 70% after 30 months, and 66% after 42 months of initial training, with statistical difference between the students with and without retraining in the 30-month group (p=0.005). The estimation of mean skill retention was 80% after 10 months, 70% after 21 months and 60% after 42 months. The depth of chest compressions was the skill with greater retention over time (87.8%), with no statistical difference among groups. There was an increase in the prevalence of compressions performed with less than 5 cm depth when performed at a frequency greater than 120 per minute. The mean chest compressions rate obtained in the groups after 1, 18, 30 and 42 months were 114, 114, 104 and 108 per minute, respectively, and 104 (50.7%) students maintained a mean frequency of 100-120 per minute. Pulmonary ventilation showed a progressive decrease in retention from 93% after 1 month to 19% after 42 months (p < 0.001). All students delivered the shock with the automated external defibrillator; however, for the group one month post-training, the time for the application of the shock was lower, and the prevalence of adequate positioning of the defibrillator pads was greater. Conclusion: This study showed different retention levels for CPR skills and different decrease levels of these skills over 42 months. Depth of chest compressions and use of automated external defibrillator were the skills with the highest retention over time. Additional training throughout the medical course attenuated the loss of skills, but no return to the initial performance achieved after 1 month. We suggest that the minimum retraining interval for maintenance of at least 70% of skills should be 18 to 24 months
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-12092018-094554 |
Date | 05 June 2018 |
Creators | Rafael Saad |
Contributors | Maria do Patrocinio Tenorio Nunes, Heberth Cesar Miotto, Ana Paula Quilici, Itamar de Souza Santos, Iolanda de Fátima Lopes Calvo Tibério |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ciências Médicas, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0031 seconds