Esta pesquisa aborda o design do livro tátil ilustrado, uma obra que possibilita a inclusão do leitor com deficiência visual. A investigação está centrada no modo como a mensagem é expressa no texto e na imagem, a partir do entendimento da tipografia, da diagramação, da linguagem empregada na ilustração e da produção gráfica. O objetivo da pesquisa é discutir sob a ótica do design a produção atual desta categoria de livro, entendendo-se que o livro tátil ilustrado configura-se como um objeto multissensorial que explora, principalmente, a percepção tátil, sendo esta um recurso também utilizado no despertar da curiosidade do leitor em fase de alfabetização. Para o leitor, principalmente, o cego, é importante desenvolver a sensibilidade tátil ainda na infância, por isso o livro físico como uma fonte de informação é instrumento fundamental de formação perceptiva. Grande parte da produção do livro tátil ilustrado está vinculada a conhecimentos oriundos da pedagogia, desenvolvidos nos centros de assistência à pessoa com deficiência visual, muitas vezes, sem a participação integral do designer no projeto. Por esta razão, no Brasil, os livros oriundos de diferentes iniciativas assemelham- se e são caracterizados pela produção tradicional, seguindo a concepção de material didático para cegos. Recentemente, uma nova concepção de livros multissensoriais para crianças tem sido elaborada por um número restrito de editoras, fundamentalmente as europeias, que exploram diferentes técnicas de acabamento na obtenção da imagem tátil. Esta pesquisa parte da hipótese que grande parte das imagens presentes nos livros táteis ilustrados produzidos no Brasil não são interpretadas pelo cego. São apresentados os desdobramentos desta questão relacionados ao entendimento da imagem e do texto. Entre eles, indaga-se: a linguagem dos desenhos táteis estaria condizente com o leitor cego? A técnica de obtenção do relevo interfere no processo de leitura? O texto auxilia no entendimento da imagem? A composição rígida das páginas favorece a leitura? A ausência de estudos específicos sobre o livro tátil ilustrado no campo do design e as restritas publicações bibliográficas no âmbito da leitura háptica conduziram para o levantamento de campo: visita às escolas especializadas, visita aos museus acessíveis e leitura mediada junto ao público de interesse. Além disso, realiza-se a análise de seis obras com diferentes concepções de ilustrações táteis, sendo três nacionais: O Chapeuzinho vermelho, de Bia Villela, Abraço de urso, de Cláudia Cotes, Adélia sonhadora, de Lia Zatz; e três importadas: Ruvidino in piscina, do Istituto dei Ciechi di Milano, Des vers de travers, de Anette Diesen, e Petit souffle de vent, de Elisa Lodolo. As leituras têm o propósito de discutir a compreensão da imagem, do texto e a composição do livro. Esses livros são analisados a partir de referências do design gráfico e da percepção visual, com maior ênfase nas obras de Bruno Munari e Rudolf Arnhein. Por fim, produz-se uma série de trabalhos práticos de caráter experimental a partir de narrativas que suscitam ampliar a discussão do processo de projetar um livro tátil ilustrado. Os resultados mostram que grande parte das imagens táteis presentes nas publicações brasileiras não são compreendidas pelos leitores cegos, sendo que um conjunto de fatores associados corrobora para este resultado, entre eles, identifica-se a linguagem das ilustrações, a técnica de produção e ausência do concreto na relação do texto com a imagem. / This research addresses the tactile illustrated book design, a work that enables the inclusion of the reader with visual impairments. The research is centered on how the message is expressed in the text and the image, from the understanding of typography, the layout, the language used in the illustration and mass production. The aim of the research is to discuss from the viewpoint of design the current production of this book category, on the understanding that the illustrated tactile book figure as a multi-sensory object that explores mainly the tactile perception, this being a feature also used to arouse the reader\'s curiosity in the literacy phase.For the reader, especially the blind, it is important to develop a tactile sensitivity in its childhood, therefore the physical book as a source of information is a fundamental tool of perceptual training. A great part of the production of illustrated tactile book is tied to knowledge originating from pedagogy, developed at the assistance centre for visually impaired and very often without the full involvement of the designer in the project. For this reason, in Brazil, books from different initiatives are similar and are characterized by traditional production, in accordance with didactic material for the blind. Recently, a new concept of multi-sensory books for children have been developed by a limited number of publishers, primarily European, exploring different finishing techniques in obtaining the tactile image. This research starts from the assumption that most of the images presented in the illustrated tactile books produced in Brazil are not interpreted by the blind. Will be presented the developments on this issue related to the understanding of image and text. Amongst them: the language of tactile drawings would be consonant with that of the blind reader? The embossing technique interferes in the reading process? The text assists in the understanding of the image? The rigid composition of the pages stimulate the reading? The absence of specific studies regarding the tactile illustrated book in the field of design and the strict bibliographic publications within the haptic reading led to the field survey: visits to specialized schools, visits to acessible museums and reading mediated by the target public. In addition, the analysis of six books, each one with different conceptions of tactile illustrations, was carried out, being three of them national: O Chapeuzinho vermelho, by Bia Villela, Abraço de urso, by Cláudia Cotes, Adélia sonhadora, by Lia Zatz; and three from abroad: Ruvidino in piscina, by Istituto dei Ciechi di Milano, Des vers de travers, by Anette Diesen and Petit souffle de vent, by Elisa Lodolo. The readings are meant to discuss the understanding of image, text and the book\'s composition. These books are analyzed based on references brought from graphic design and visual perception, with greater emphasis on the works of Bruno Munari and Rudolf Arnhein. Finally, it was produced a series of practical work of an experiential nature from narratives which intend to broaden the discussion about the process of designing a tactile illustrated book. The results demonstrated that the majority of tactile images present at Brazilian publications are not understood by blind readers - a set of associated factors corroborates to this result: the illustration language, the reproduction technique and absence of concrete in the relation between text and image.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-01092016-164009 |
Date | 28 April 2016 |
Creators | Romani, Elizabeth |
Contributors | Mazzilli, Clice de Toledo Sanjar |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0029 seconds